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Wn

Wn : Mariane ? - Chamei a sua atenção. - Eu tenho que ir em casa pegar alguma roupa e já volto.

Mariane : Tá bom! O Marlon (neguinho) está conversando sobre o enterro. Eles estão organizando tudo.

Wn : Jae então, não deixa ele sair daqui, tá ? Qualquer bagulho tu me liga. - Ela assentiu. Ajeitei a coberta nele e respirei fundo saindo.

Coloquei a blusa de frio e peguei as chaves da minha moto metendo o pé. Namoral? Eu tava morto, doido querendo dormir. Eu não tinha pregado o olho e tava vendo que nem ia. Eu tava preocupado pra caralho com ele.

A minha vontade era de colocar o cabeça junto comigo na rocinha, mas aí eu já tava sonhando demais, pô. Era capaz da minha  cabeça e a dele aparecer lá no topo.  Fui o caminho todo pensando nisso e quando eu cheguei lá, eu não tinha mais ânimo pra mais nada.

Abrir a porta do quarto e vi Lorena e a minha irmã dormindo e a primeira coisa que eu fiz foi pegar a minha mochila e colocar as minhas roupas.

Lorena : Wendel? Tá indo onde ? - Olhei pra ela. - Tu tá bem?  Como tá todo mundo?

Wn : Vou ir pro hospital. - Ele se sentou na cama. - O cabeça tá dopado, pô. O cara começou a ficar agitado, real ? Mega agressivo, tava se batendo, tu acredita? Só foi acalmar quando tacaram um bagulho lá nele.

Lorena : Coitado! e agora ? O que ele vai fazer ?

Wn : Eu não sei, juro pra tu. Eu vi pensando nisso o tempo todo. O meu medo é ele ficar revoltado. - Ela suspirou.

Lorena : Espero que ele fique bem! deve ser muita coisa pra ele. - Assenti. Voltei ajeitar as minhas coisas e fui tomar um banho. Cheguei até cochilar debaixo do chuveiro, pô. Assim que sair Lorena tava organizando algumas coisas na mochila mas nem falei nada. Não demorou a Mariane mandar um áudio enorme falando que o Rn mandou buscarem o primo no hospital, eu cheguei até a questionar mas que voz que eu tinha ? Porra. Eu não ficar muito de ladainha por conta da Mariane já tá passando por uma barra, eu tenho certeza que ela sente culpa de ter falado aquilo com ele. Eu sei que ela não tem culpa, pô. O cabeça tava querendo que geral confirmasse a única opção que ele queria, ela bem.

Eu não queria deixar o cara sozinho e também não podia posar na maré. O meu pescoço ia rolar bonito lá, eu tenho certeza. Ainda mais que ja me falaram do tal do Denis, o cara não ia deixar eu ficar de bandeira lá não, pô. 

Ela foi deitar no canto e ajeitou Daniella que dormia até de boca aberta no meio da cama. Eu troquei de roupa e ajeitei no meu canto fechando os olhos. Se eu te falar que conseguir dormir, eu tava mentindo, pô. A noite toda eu acordava pra ver se tinha mensagem de alguém mas nada, eu cheguei a ver o sol nascer.

Depois das seis, eu não conseguir pregar o olho mais. Eu tentava se todo jeito ligar pro neguinho e quem disse que ele atendia? Mariane a mesma coisa. Ela só foi me responder as dez horas falando que já tinham liberado o corpo pro velório. E mesmo ela falando que tinha nego demais da maré ali eu não quis saber. Eu troquei de roupa e meti o pé antes da Lorena acordar.

Eu queria até levar a minha irmã, mas como que levava ? Ia colocar a vida de nós dois em risco, nem rola. Eu teria outras oportunidades de fazer o cabeça conhecer ela, pô. Eu só não tava entendendo ó porquê eu estava nessa angústia toda.

Estacionei a moto mais perto e já deu pra ver a movimentação ali. Assim que eu tirei o capacete não teve um que olhou pra minha cara, acho que ninguém ali tava acreditando  pônão. Entrei no lugar e de longe vi o Neguinho e a Mariane no canto. Ela abraçava ele enquanto chorava. Não fui perto de nenhum dos dois, já fui direto no caixão vendo ela. Passei a mão no seu rosto e fiquei olhando pra ela e suspirei.

Morro dos Homens Onde as histórias ganham vida. Descobre agora