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Cabeça

A bagunça que esse lugar tava, não era normal. Nem quando o fodido do Matias tava vivo, isso era um caos. Quem também tava no comando? Eu mesmo, pô. Eu tava pouco me importando com esse bagulho, por mim que explodia tudo. 

Tava aqui até hoje pelo o meu primo mesmo, pô. Porque se ele não fosse dono já tinha metido o pé.

Amália : Jhonatan? Que dia você vai parar de se enrolar no meio dessa bagunça ?

Cabeça : Como? - Paguei de desentendido vendo ela fechar a cara. Não tinha base, essa mulher era tudo pra mim.

Amália : Eu tô avisando, em. Uma hora eu vou cair dura aí e vocês vão ser os culpados. - Fechei a cara.

Cabeça : Tu não fala isso nem brincando, pô. Tu sabe que ué eu não gosto dessas brincadeiras principalmente com tu.

Amália : É só você parar com essa porqueira. Eu não conseguir colocar freio no seu primo, mas em você eu tenho certeza que sim. - Fiquei calado. Eu não ia discutir com ela, jamais.  - Eu espero que você encontre alguém que te faça mudar de ideia.

Cabeça : pô, vó. Tu também complica demais, cara. - Ela negou. - Tu sabe como são as coisas. Se algum dia eu mudar, vai ser pela senhora por mais ninguém.

Amália : Então mude por mim, poxa. Eu tô cansada se ver vocês morrendo, sendo preso ou roubando. Eu não quero esse mesmo destino amaldiçoado pra você também. Você é tão novo, filho. Tão inteligente, não sei porque foi se envolver nessa putaria.

Cabeça : Eu sempre gostei de vida fácil, dona Amalia. Tinha nem como fugir, tu sabe disso. Com quem ia ficar esse bagulho todo?

Amália : Tinha, tinha sim! - Fiquei calado. - Você não assumiu essa bagunça na época daquele homem, agora está assumindo por que ?

Cabeça : Legado do teu filho, né. Agora é do teu neto, e como ele tá preso tem que sobrar pra um trouxa até a realeza sair da mega segurança.  - Ela passou o mão no rosto, sabia que já tava ficando nervosa. - Tu já tomou o seu remédio? Quero tu passando mal mais não, em.

Amália :  Já, já tomei. E não muda de assunto!! - Disse reclamando. Fui pra cozinha e ela logo veio atrás ainda falando, não tinha jeito. Quando a velha começava não parava nunca, cheguei até a cochilar no sofá escutando ela. Foi quando deu a hora de ir pra boca e eu não esperei pra meter o pe. Dei um beijo em sua cabeça e sai fora.

Ultimamente tava perdido, pô. Cheio de bagulho quente pra resolver, não tinha base naquilo. Ainda tinha que fazer cálculo, como assim? Era mais fácil ter ficado na escola.

Os bagulhos já não eram fáceis e ainda tinha que organizar umas paradas de cobranças, isso tava me matando. Há pô, eu gostava de descer com os caras e fazer a limpa naqueles gringos safados. E agora eu tava aqui? Mente a milhão.

Cabeça : Qual é ? Eu não posso descer com os caras ? - Ele negou. - Tu só pode tá de brincadeira, pô.

Denis : Eu tenho cara de quem tá brincando? Se liga! Se tu fosse esperto, não ia ficar juntando com nego bobo. Tu tinha tudo pra ser grandão.

Cabeça : Tô querendo isso não, pô. Só quero ficar tranquilo, voltar a minha vida de antes. A minha vó tá quase surtando com isso.

Denis : Mas tu sempre foi dessa vida, cara. Qual foi? Tua família todinha.

Cabeça ; Tá, cara. Mas ela é tudo que eu tenho, pô. Ela me criou, uma mãe pra mim, tu acha que eu quero dar mais dor de cabeça ? Já basta tudo que eu faço.

Denis : Relaxa, logo tu tá suave com a sua vida de antes.

Cabeça : Eu queria descer com os caras, pô. Só pra eu ver como tá tudo. - Ele negou.

Morro dos Homens Onde as histórias ganham vida. Descobre agora