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Alguns meses depois *

Cabeça

Passei a mão no rosto e olhei pro teto tentando não pensar muito. A minha vontade era de matar todo mundo que tava nessa porra de lugar.

Cabeça : Caralho, faz alguma coisa, porra! eu tô te pagando pra ficar dando notícia ruim não, se vira. - Gritei vendo ele se encolher. - Eu vou matar geral nessa porra, escuta!

Médico : Estamos fazendo, eu não deixei ela em nenhum momento. Mas do jeito que ela se encontra é só um milagre mesmo. - Tentei ir pra cima mas logo a Mariane entrou na frente me segurando.

Mariane : Eles estão fazendo o máximo, cabeça. - Neguei.

Cabeça : Não, não estão. Se tivessem ela tava bem, ela não consegue nem me responder. - Gritei fazendo ela balançar negando.

Mariane : Mas ela te escuta, você acha que ela tá bem vendo você tratar todo mundo assim.

Cabeça : Foda-se! eu tô avisando, se ela não voltar bem pra casa, eu mato geral.

Mariane : Vai dar tudo certo! - Disse me puxando pra um abraço mas não correspondi. Só fiquei calado na minha. - Você precisa descansar um pouco, tem tantos dias que não dorme direito.

Cabeca : Eu não vou fazer nada enquanto ela me dizer que está bem. Tu não entende, Mariane. Ela é a única coisa boa que eu tenho, porra. Ela é a minha mãe.

Olhei pra ela de lado e engoli seco. A alguns meses tava bem, cara. Rindo atoa, se divertindo e chegou até dar um rolê de carro comigo, pô. Mas aí a diabete dela começou a atacar e do nada o que eu achava que não podia fazer tanto efeito se tornou um pesadelo.

Do nada começou aparecer machucados que não cicatrizavam, ela começou a emagrecer e pro meu desespero maior a sentir falta de ar. Eu estava cuidando dela dentro de casa, pô. Eu nem saia direito era só pra cumprir missão mesmo, mas sempre deixava a Mariane com ela. Eu nunca deixava ela sozinha um segundo. Foi tudo muito rápido e quando eu assustei,  o que era pra ser uma simples consulta se tornou uma internação.

Rn fez questão de colocar ela no melhor hospital e até queria colocar alguém pra ficar com ela, mas eu não aceitei, sem lógica.

A minha vó cuidou de mim a vida toda e agora era a minha vez de cumprir com isso. Eu jamais a deixaria na mão, estaria aqui com ela pra qualquer coisa.

Cabeça : Ela vai ter que usar essas paradas até quando? Esse bagulho parece incomodar ela.

Mariane : Tudo isso é pro bem dela, Jhonatan. Ela vai ficar bem. Vai tomar seu banho, vai dormir um pouco. - Neguei.

Cabeça ; Eu vou continuar tomando banho aqui, pô. E se ela precisar de mim e eu estiver longe? Não dá.

Mariane : Se você ficar desse jeito, cabeça. Ela vai ficar pior, não deixa ela ficar te vendo nesse estado. - Fiquei calado encostado na parede. Depois de um tempo me aproximei dela e segurei a sua mão sentindo o seu leve aperto.

Cabeça : Aí velha, tu tá proibida de meter pé e me deixar aqui sozinho, tá me ouvindo? E eu não vou sair daqui até tu melhorar, vou ficar aqui pra sempre se for possível. Eu quero ver tu gritando que eu não presto.

Senti um aperto na minha mão e sorrir vendo ela abrir os olhos e me olhar.

Cabeça : Tô contigo, mulher. Isso aqui vai ser só mais uma daquelas paradas que tu teve e logo tá em casa. - Beijei a sua mão e fiquei ali conversando com ela enquanto ela me olhava super atenta. Eu chegava até rir quando ela revirava os olhos não aguentando a falazada na cabeça dela. Foi quando entraram pra medicar e eu me afastei indo tomar banho no banheiro que tinha no quarto mesmo.

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