Victor...

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"_ ...Não ligo para o quanto eu sofra, se eu ainda puder ver o sorriso das pessoas que consegui salvar, não me importarei de sangrar mais um pouco-olho para o lado-Enfim, está tarde e eu preciso ir... até amanhã.
_ Até...-ele diz e eu saio de lá caminhando rumo até minha casa. Ainda tinha algumas coisas para fazer lá."

Acordo no outro dia, com uma enorme dor nas costas por conta do treinamento com a 1-a, e isso estava me incomodando. Me levanto e faço minhas higienes e me arrumo toda, tomo meu café da manhã e saio de casa em poucos minutos.
Fecho o portão que estava atrás de mim e subo a rua calmamente, até porque não estava com pressa para nada. Assim que chego na sala dos professores, vejo sentados no sofá Aizawa, Hizashi e Nemuri. Deixo isso de lado e decido apenas me sentar junto deles.
_ Bom dia!-sorrio para os três e me sento no braço do sofá, perto da morena-Vocês estão com caras estranhas... aconteceu algo?
_ Não, apenas estamos sem entender o motivo de todo esse bom humor-responde o loiro e eu rio.
_ Ah, só acordei bem, nada demais-olho para Aizawa que me encarava sério-Shouta? Por que está me olhando assim? Eu tenho medo da sua cara, sabia?-ele revira os olhos.
_ Pelo visto acordou com o pé direito hoje, alguma coisa aconteceu?-Mic pergunta maliciososamente e eu rio.
_ Para falar a verdade, não aconteceu nada. Só estou feliz mesmo-sinto meu celular vibrar na minha mão e olho para ele-"O que o Hawks quer a essa hora da manhã?".
Me levanto e me afasto de todos, com uma cara neutra. Keigo não era de ligar muito para mim logo pela manhã, oque significava que algo havia acontecido. Atendo a chamada e escuto a voz séria do mesmo do outro lado.
_ Preciso falar com você urgentemente, me encontre agora na porta da U.A., eu já estou te esperando-então, sem mais nada, ele desliga a chamada.
Bloqueio o celular e respiro fundo para não começar a me estressar logo cedo. Ajeito minha mochila nas costas e saio rapidamente em direção ao local que ele havia marcado comigo, só espero que realmente seja algo que mereça minha atenção. Com essa dor nas costas, não estou com a melhor das paciências.
Assim que viro o último corredor, consigo ver o loiro parado em pé em frente a porta. Continuo meu caminho até que ele me nota e vem também em minha direção. Antes que eu falasse qualquer coisa, ele me entrega uma pasta vermelha e não diz nada. O encaro confusa, e ameaço abrir a pasta, porém ele me impede.
_ Abra quando estiver sozinha, ninguém pode saber sobre isso-ele sussurra e eu assinto.
_ É sobre aquele vídeo?-ele assente-Já descobriu quem era então?
_ Na verdade não, mas espero descobrir logo-murmuro confirmando enquanto olhava para a pasta-Por favor, proteja isso com a sua vida. Se alguém pegar isso, todos estaremos na mira, sem contar nos reféns que eles farão.
_ Fique em paz, nunca falhei em uma missão. Garanto para você que não será a primeira vez-ele assente e se vira.
_ Bom, se cuida para nos vermos por aí-ele acena com a mão fazendo um sinal de paz e amor.
_ Nos vermos por aí...-repito meio pensativa e me viro, para voltar para a sala dos professores, mas o sinal acaba tocando então logo teria que entrar-"E lá vamos nós"-vou andando até a sala.
Agora eu daria aula para a 1-c, então não estava tão preocupada com questão de bagunça. Eles eram tranquilos, o meu único problema seria a 2-a. Parece ser de toda turma A serem malucos desse jeito.
Dou um treinamento diferente para eles, mas baseado nas mesmas ideias das outras salas. Não tinha programado nenhum treinamento igual para nenhuma das salas, todos eram específicos para cada um.
Com a sala da 1-c acabei por não encontrar ninguém que me parecesse suspeito, então por enquanto estou focando mais nos outros dois primeiros, na 2-b e no 3-a.
Passou-se o dia lentamente e de maneira estressante, embora eu fingisse que estava tudo bem. As aulas foram cansativas e eu só queria descansar um pouco, mas não foi bem isso que acabou acontecendo.
Assim que terminei as aulas, fui para o dormitório dos professores ver as garotas, só que algo acabou por me deixar nervosa e ansiosa. Lana estava com uma febre estranha.
Recovery estava cuidando da garota ali mesmo no quarto delas, e quando vejo a pequena menina com um pano em sua testa e um termômetro, sinto uma sensação ruim me invadir. Por reflexo coloco a mão em minha barriga e dou um passo para trás.
_ Não se preocupe, ela está bem, apenas está com febre. Não tem oque se preocupar-Shouta aparece perto de mim e eu o olho com certo medo-Está realmente preocupada?
_ Não quero que ela sofra mais do que ela já sofreu-digo e tento relaxar no lugar em que eu estava-Ela está dormindo?
_ Ela passou o dia inteiro reclamando de dor de cabeça, só conseguiu dormir agora-suspiro desanimada e entro no quarto para vê-la de mais perto.
_ Como ela está agora Recovery?-a senhorinha apenas sorri para mim.
_ Ela já está bem, só precisa descansar um pouco-assinto com a cabeça e ela se retira.
Me agacho ao lado da cama que Lana estava deitada e fico a encarando com certo medo de perdê-la justo depois de já tê-la salvo. Seguro sua mão e pecebo que ela estava um tanto gelada. Isso não deveria ser normal.
Entrelaço seus pequenos dedinhos com os meus e vejo a ponta dos dedos dela começarem a ficar prateados. Solto sua mão em segundos por não saber oque estava acontecendo e olho para Aizawa na porta, que logo se aproxima.
_ Ela estava absorvendo minha individualidade-o moreno me olha confuso e então eu seguro a mãozinha dela novamente e o mesmo de antes acontece.
Shouta ativa sua individualidade e usa na garota que estava dormindo, com uma face nada boa, mas que em segundos se suaviza para uma tranquila. Quando o moreno pisca novamente a garota volta para a mesma carinha de dor de antes.
_ A individualidade dela está machucando ela...-Shouta diz e se agacha ao lado dela, tocando em sua mão mas que ja havia voltado ao normal-Não temos muito oque fazer, temos apenas que deixá-la descansar e torcer para que isso passe.
Concordo com a cabeça e dou um beijo na testa da garota. Me levanto e espero Shouta fazer o mesmo, assim, ambos saímos do quarto, deixando ela sozinha.
Descemos as escadas devagar e encontro Eri dormindo no colo de Nemuri, ela também parecia estar cansada, de certo se preocupou muito com sua irmã mais velha. Me despeço de todos e vou em direção à porta, mas paro ao escutar Aizawa me chamar.
_ S/n-me viro e o encaro-Pode me levar até a farmácia para comprar um remédio para Lana?
_ Hm? Claro, minha moto está lá em casa, mas é aqui perto. Vamos lá, eu te levo e te trago-ele assente e me acompanha-Tem alguma farmácia em específico que você queira ir?
_ Pode ser a mais perto mesmo, não se preocupe-confirmo com a cabeça e olho para a bolsa em meu ombro. Ainda tinha que olhar aquela pasta que Hawks me entregou.
_ Está tudo bem?-olho para o moreno ao meu lado-Você está quieta, isso não é uma coisa normal.
_ Só tenho alguns problemas para resolver ainda. Não tenho conseguido descansar nem por um minuto se quer-volto a prestar atenção no caminho-Minha casa é aquela verde escura bem ali-aponto.
_ Você realmente mora perto. Como tinha coragem de chegar atrasada nas aulas?-sorrio constrangida.
_ Eu tinha meus motivos para isso-coço a nuca.
Chegamos em frente minha casa e convido ele para entrar, minha sorte era ter arrumado aquela bagunça toda que minha casa costuma ser. Peço para ele me esperar na sala enquanto ia pegar uma coisa no meu quarto.
Entro e fecho a porta, respiro fundo e quase surto por ter ele ali na minha casa de verdade. Balanço minha cabeça para os lados para afastar esses delírios da minha cabeça e vou até minha cama. Debaixo dela, no chão, havia um pequeno esconderijo, onde eu costumava guardar coisas importantes, incluindo documentos de missões. Abro o compartilhamento e encontro uma caixa de prata, lacrada e sem abertura alguma, cuja apenas eu conseguia abrir. Coloco as folhas da pasta ali dentro e substituo por folhas de papel em branco.
Fecho a caixa novamente e tampo o chão com extremo cuidado para não mostrar o pequeno alçapão. Arrumo a cama no lugar e guardo a pasta de volta na bolsa. Se o aviso de Hawks fosse verdade, eles viriam atrás de mim logo. Coloco a bolsa novamente nas costas e saio do quarto, vendo Shota em pé de frente para a televisão desligada.
_ Por que não se sentou? Ta achando que meu sofá não é de qualidade?-brinco e pego minha chave que estava em cima do balcão.
Ele não responde nada e apenas me acompanha até minha moto. Entrego o capacete para ele, que sobe logo depois de mim. Ligo a moto e saio em uma velocidade razoável para não deixá-lo tão assustado como da última vez. Mas de qualquer maneira, ainda acelerei um pouquinho acima do limite... mas só um pouco hehe.
Dirijo com cuidado extremo e mais atenção do que o normal, afinal eles poderiam estar atrás de mim a qualquer momento. Paro em um sinal vermelho esperando ele mudar de cor para que eu prosseguisse. Uma moto, do mesmo modelo que a minha, acaba estacionando ao meu lado, mas não consigo ver o rosto do piloto, pois ele usava um capacete com o vidro colorido. Algo estava me cheirando estranho.
_ O sinal mudou, presta atenção-Aizawa chama minha atenção e eu volto a dirigir, porém percebi que estávamos sendo perseguidos pelo mesmo motoqueiro e mais três.
_ Aizawa, posso te deixar na farmácia e você volta de taxi? Acho que estamos sendo seguidos, vou despista-los e você leva o remédio para Lana, certo?
_ Então você também percebeu?-estaciono em frente à farmácia.
_ Depois me entrega o capacete, por favor-digo e saio acelerando em alta velocidade, vendo pelo retrovisor que eles também aceleravam cada vez mais-"Não estou maluca, realmente estão atrás de mim".Dou uma curva fechada em um sinal vermelho e observo o retrovisor, vendo um deles cair com a moto. Eles não deviam ser muito profissionais para andarem de qualquer jeito com essas motos.
Acelero cada vez mais, sempre tomando cuidado para não atropelar ninguém, até finalmente encontrar uma área vazia de um terreno abandonado. Entro com tudo no local e paro a moto com uma velocidade grande. Não tinha tempo para enrolar demais, precisava acabar logo com eles.
Assim que os três chegam, eles estacionam bem perto de mim, quase trombando na minha moto. Não demonstro reação nenhuma e apenas desço sem quebrar contato visual com o que parecia ser o líder.
_ Por que estão me seguindo?-digo de maneira irritada.
_ Você tem algo que nos pertence, entregue para nós, junto de si mesma, e ninguém se machuca-o da frente fala, mas sua voz sai abafada ppr conta do capacete.
_ Poderia retirar o capacete? Não consigo entender nada do que você está latindo-dou um sorriso irônico, mas ele logo some quando vejo quem era por trás do capacete-Não pode ser...
_ Surpresa minha querida, está com saudades?-era ele.
_ Victor... O que você quer aqui?-eu estava me controlando para não avançar nos três, pois seria algo errado de ser fazer e ainda poderia precisar apresentar depoimento na polícia por agressão. Eles não haviam me atacado, então eu não estava sob ameaça para atacá-los antes do tempo.
_ Você sabe muito bem. Se entregue junto com a bolsa, e acho bom ser rápida, você sabe que eu nunca costumei ser dos mais pacientes-ele sorri de uma maneira estranha, me causando um arrepio.
Eu não reagia em relação à nada, apenas fiquei parada e quieta no meu lugar, até o momento em que Victor dá um passo à frente, me fazendo recuar um também. Ele ri e me olha de uma maneira carinhosa, como sempre fazia comigo. Estende sua mão e com uma voz doce diz:
_ Ainda está com medo de mim? Não precisa disso, não quero te machucar. Sabe por quê? Porque eu te a...-eu o interrompo.
_ NÃO!! VOCÊ NÃO ME AMA!-ele me olha assustado mas logo volta a sorrir.
_ Tem razão, ninguém conseguiria amar alguém como você-ele se aproxima em passos lentos-Você é inútil, uma garotinha fraca que não serve nem mesmo para se proteger de uma...-corto sua fala ao depositar um soco em sua cara. Eu estava nervosa, pouco me importando se apanharia de volta.
_ Acho que a partir de agora, são vocês que estão sob ameaça-digo fria e olho para os dois, que entram em posição para me atacarem.
Os dois vêm com tudo para cima de mim, mas decido não revidar, afinal eu ainda não sabia qual seria a individualidade deles. Precisaria tomar cuidado e pensar com cautela sobre oque deveria fazer.
No mesmo instante em que penso isso, um deles me ataca com uma corrente que ele havia criado, tentando me prender. Desvio do seu golpe e seguro a corrente com uma das mãos, nessa hora, eu já estava totalmente prateada, apenas focando no melhor momento para conseguir atacar.
Me posiciono novamente e puxo a corrente com força, mas o cara que estava segurando a outra ponta, não era o mesmo de antes, mas sim o outro. Seguro ele pelo pescoço e aperto levemente um de seus nervos para desacorda-lo, só que antes de apagar, ele solta uma enorme descarga elétrica em mim. Sou lançada com força para trás e acabo o soltando com o impacto, e devido a isso ele acaba recobrando a consciência e consegue se levantar enquanto eu sofro com dor.
_ Seus merdas, venham me enfrentar direito se tiverem coragem!-me levanto meio cambaleando-"Preciso encontrar algum plano para sair daqui".
Olho meu relógio comunicador e vejo que estava totalmente queimado devido ao choque que tomei, sendo assim, eu estava sozinha por agora. Respiro fundo e espero eles virem atacar e logo percebi duas coisas:
• Primeira observação: o homem elétrico precisa encostar no seu alvo, de forma direta ou indireta, para conseguir eletrocuta-lo. Ele não pode lançar raios.
• Segunda observação: Victor sumiu do meu campo de vista e não o vejo em lugar nenhum.
Tentava focar minha mente em algum plano de acordo com o meus pensamentos, mas nunca deixava de prestar atenção na batalha para não acabar sendo pega desprevinida. Já havia sido acertada pela eletricidade do outro aproximadamente seis vezes e isso estava começando a me afetar.
Minha vista já estava embaçando e não tinha quase mais nenhum foco, oque me restava era persistir em lutar, ou tentar fugir.
_ "Eu nunca fugi de uma batalha, mas acho que dessa vez terei que falhar contigo Hawks..."-suspiro pesado e olho para o da corrente que vinha atrás de mim.
(Essa cena agora vai acontecer em uma velocidade muito grande, blz?)
Produzo uma corrente que possuía um gancho na ponta e lanço contra a corrente do outro, fazendo elas se enroscarem. Aproveito disso e puxo o objeto com toda a força que ainda tinha, percebo o rapaz elétrico tentar me atacar pelo lado então bolo um pequeno plano de última hora.
Quando vejo os dois vindo em minha direção, dou um salto por cima dele, que acaba trombando no seu colega e tendo um enorme curto. Ele deveria ter concentrado muita força nesse golpe, literalmente para me apagar de vez. Ao chegar no chão, não tenho forças para ficar em pé e caio no chão exausta.
Tentava puxar oxigênio, mas parecia algo quase impossível para meu corpo cansado. Escuto alguns passos se aproximarem de mim lentamente e tento me virar com o resto de forças que ainda tinha no corpo, dando de frente com a bota de couro de Victor.
Ele me olha deitada no chão e suspira cansado, se agachando ao meu lado em seguida. Seu rosto tinha uma face de tristeza, mas logo ele muda para uma séria ao perceber que eu o encarava.
_ Eu tentei... juro que tentei afastá-los de você, mas não consegui a nenhum custo-ele vira o rosto para o lado e morde o lábio inferior como se quisesse chorar-Eu prometi para mim mesmo que jamais iria te machucar de novo, mas eles complicam pra karalho a minha situação!
Ele se levanta e solta um grito super alto e doloroso, mas vindo dele não acredito em mais nada. Ele me olha com lágrimas nos olhos e se aproxima novamente.
Como de costume, suas mãos começaram a brilhar com uma luz avermelhada, indicando que ele ativou sua individualidade. Sua individualidade era Solda, pois ele conseguia esquentar as palmas de suas mãos em uma temperatura que poderia fundir dois pedaços de ferro ou até mesmo derrete-lo sem dificuldade alguma.
Me encolho com um pouco de medo do que ele faria comigo, trauma que acabei adquirindo após acabar apanhando dele após ele descobrir sobre minha gravidez na época em que estávamos juntos. Sim, eu já estive grávida uma vez.
Ele se agacha ao meu lado novamente, com grossas lágrimas escorrendo por seus olhos. Já era possível sentir o calor de suas mãos se aproximarem de meu pescoço. Eu sabia que não conseguiria escapar dali, não conseguia nem respirar direito, quem me dera me mover para desviar.
Sabendo disso, apenas encaro seus olhos e vejo muito receio em me ferir, só não entendia o porquê disso. Ele aproxima sua mão esquerda de meu pescoço e para.
_ Eu juro que não quero fazer isso, mas se eu não fizer, outra pessoa fará pior. Me desculpa minha moedinha, mas não quero te ver sofrer-ele me chama pelo meu antigo apelido que me deu.
_ Só me mata logo seu desgraçado-sussurro para ele que arregala seus olhos castanhos escuros e sem brilho algum.
Ele para de me olhar e fecha seus olhos com força e em um movimento rápido, segura meu pescoço com força. Sinto uma forte queimação no lugar e sinto minha vista escurecer.

Minha ex pior aluna-Imagine AizawaOnde histórias criam vida. Descubra agora