Capítulo 46 - Adorei a cuequinha.

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Pov Lauren

Camila já esta com sete meses, estamos na reta final da gravidez, e eu to ansiosa demais. Logo vou ter minha filha nos meus braços. Não vejo Camila a alguns dias, acabávamos nos desencontrando, e além do mais, nós estávamos ajudando Vero a estudar, ela ficou de recuperação em matemática, física e química, notaram que ela não é de exatas? Ela diz que é de humanas, por que gosta de um corpo colado no outro. Ela e suas explicações mirabolantes. Outra coisa, papa ficou gripado essa semana, e eu não pude dar nenhuma escapadinha. Eu vou contar um segredo pra vocês, eu nunca vi um homem tão grande e tão manhoso em toda a minha vida. É até engraçado. Mama fazendo vários chás, sopas, levando comida na cama pra ele e as vezes até dava em sua boca. Meu pai é um bebezão. Mama diz que eu sou igual, não acho, o fato de eu ter cortado meu indicador e ter pedido pra não ir a escola não quer dizer nada. Eu iria escrever e ia doer, tenho razão, não tenho?

- Bambina. – fugi de meus devaneios e encarei minha mãe. – Menina, onde você estava viajando? – ela colocou um vasilhame em minhas mãos. – Leve isso para o seu pai, o faça comer de qualquer forma e depois dê o remédio que está em cima da cômoda dele. – assenti. – E vem aqui, deixe a mama dar um beijo. – ela beijou longamente meu rosto.

- Mama. – chamei meio envergonhada, o restaurante já estava cheio para o jantar.

- Essas crianças de hoje, não podem ganhar um beijo dos pais, na minha época a gente tinha que pedir a benção... – ela saiu andando e falando, a mãe de vocês também fazem isso? Quando recitam “Na minha época” ou “Quando eu tinha a sua idade” nós sabemos que vai longe. Acho que quando a mulher vai ser mãe ela tem que assinar um contrato e nele tem uma página só de frases que elas têm que falar ao longo da vida. Bom, pelo andar da carruagem eu logo vou ter que assina-lo. Fui pra casa rapidamente, quando entrei ouvi espirros. Fui em direção ao quarto dos meus pais e vi meu papa deitado com uma caixa de lenços em seu colo e coberto por um grosso cobertor.

- Papa. – chamei e o homem me olhou com os olhos quase fechados, o nariz vermelho e mais um espirro. – Mama mandou o jantar. – mostrei-lhe o vasilhame.

- Eu não estou com fome, minha bambina. – ele disse e eu me senti ao seu lado na cama.

- Mama disse pra mim te fazer comer de qualquer forma. – peguei um talher e abri o vasilhame, peguei um pouco da canja e levei até seus lábios. Meu pai acabou rindo e depois aceitou que eu lhe desse comida na boca.

- E como está minha netinha? – perguntou assim que engoliu. Levei mais uma colher recheada até seus lábios, o homem aceitou e esperava minha resposta.

- Está bem. Falei com Camila hoje por mensagens. Ai papa, é estranho eu dizer que sou apaixonada por minha filha? – perguntei lembrando do rostinho dela na última ultrassonografia.

- Não. Eu sei o que está sentindo. – prestei atenção no que ele dizia, aproveitei que sua boca estava vazia e lhe servi mais uma colher. O homem engoliu antes de voltar a falar. – Quando sua mama estava grávida de você eu era o homem mais idiota do mundo. Lembro que chorei em todas as ultrassonografias. Você chora também quando vê sua pequena bambina na tela? – ele perguntou e eu levei mais uma colher em sua boca.

- Eu? Chorar com uma ultrassonografia? No meio de um consultório médico? – fiz um barulho com a boca e meu pai me encarou com uma cara engraçada. – Okay, o senhor tem razão. Eu choro todas as vezes que a vejo. Até tento disfarçar, mas quando vejo aquelas bochechas redondas parece que se abre uma porta dos meus olhos.

- Você vai ver que é a melhor coisa do mundo. Quando você pegar ela no colo, sentir seu cheiro. Você vai a sentir tão frágil, tão pequena. Você vai sentir medo de pega-la no começo, mas depois não vai mais querer devolve-la pra Camila. – ele disse e eu acabei rindo levando mais uma colher da canja pra ele. – O amor que você sente agora dobrar quando a ver. – ficamos conversando mais um pouco até ele terminar de comer. Ele mesmo tomou o remédio e mudou de canal procurando algo pra assistir. Fiquei ali com meu pai assistindo TV, eu sentia falta de fazer isso com meu velho. Senti meu celular vibrar e o peguei vendo o nome de Camila anunciando a chegada de uma mensagem.

“Lolo, ela está muito agitada. - Camz” – Camila diz que nossa menina se acalma quando me ouve, e eu adoro saber disso.

“Quão agitada ela está? - Lolo”

“O suficiente pra você vir até aqui falar com ela, ela está assim o dia todo. Eu acho que é saudade. - Camz” – eu acabei sorrindo com sua mensagem.

- Vai logo. – papa disse ao meu lado encarando o filme.

- Como o senhor... Como sabe que estou falando com ela? – perguntei um pouco espantada.

- Você fica com essa cara de babaca quando fala com ela. – meu papa disse sem nem olhar pra mim. É claro que não fico com cara de babaca, eu não tenho cara de babaca. Se bem que é meu papa, ele não mentiria pra mim. Eu preciso mudar isso.

- Tudo bem para o senhor se eu for... – não terminei de falar.

- Anda logo, bambina. – o homem disse me empurrando da cama. – Dê um beijo na minha neta por mim. – ele disse quando eu já estava saindo do quarto. Eu literalmente corri até meu carro e fui para a casa da latina. Quando cheguei lá, Camila abriu a porta. A barriga redonda e bem evidente foi a primeira coisa que eu vi. Meu sorriso se abriu assim que vi as duas. Beijei o rosto de Camila demoradamente e logo beijei-lhe a barriga.

- Estávamos com saudade. – Camila disse.

- Eu também estava. – entramos em sua casa e fomos pra sala. – Vero estava vendo TV com uma blusa do Patrick e cueca do Bob, okay. Pelo menos combinou.

- Fala ai, cara pálida. – ela me cumprimentou quando me viu.

- Adorei a cuequinha. – comentei em tom zombeteiro.

- E isso por que você não viu o que tem dentro dela. – falou e eu fiz cara de nojo, eca.

- Eu estava terminando de jantar, você quer me acompanhar? – Camz perguntou.

- Não, obrigada. Já comi no restaurante, mas eu lhe faço companhia. – segui com ela até a sala de jantar e ela voltou a comer.

- Só de ouvir sua voz ela já está mais calma. – Camila pronunciou e eu sentei mais perto dela começando a acariciar sua barriga.

- Oi, minha pequena esperança. – falei e senti um chute em minha mão, ela parecia estar me respondendo. – Eu também estava com saudade. – comecei a contar uma história pra ela, a de um pequeno urso que aprontava com seus amigos e a noite sempre voltava pra tomar a sopa da mamãe ursa na companhia de seu pai urso. Camila terminou de jantar e ainda sim continuamos ali, parecia estar confortável para nós duas. E principalmente para nossa filha. Eu nem sei quanto tempo fiquei ali, mas quando notei Camila já estava começando a cochilar deitada sobre os braços dobrados em cima da mesa. Eu fiquei todo esse tempo contando histórias para minha filha? Camila tinha um rostinho cansado, resolvi não acorda-la. Se o fizesse talvez as duas demorassem a pegar no sono novamente. A peguei no colo com cuidado e segui até seu quarto. Camila apertou-se contra meu corpo enquanto eu subia a escada. A deitei em sua cama e a embrulhei da melhor forma.

- Lolo. – a ouvi chamar quando eu estava quase saindo de seu quarto. Voltei e encarei seu rosto. – Obrigada por ter vindo acalmar nossa Valentina. – ela disse e eu sorri, notando que nós duas concordamos com o nome. Me aproximei e beijei seu rosto.

- De nada. – sussurrei. Beijei sua barriga e saí do quarto. Me dirigi até a saída, vi Vero dormindo no sofá e desliguei a TV. Tranquei a porta com a chave reserva e a deixei no lugar de sempre antes de voltar pra casa. Já se sentiram em extrema paz?

My Favorite WomanWhere stories live. Discover now