Capítulo XXXIX - A perda.

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Voltei, mais dois capítulos e chegaremos ao fim.

Gabriela Guimarãe's point of view

"Gabriela... – Um suspiro. - Socorro! Gabriela! "

Aquela voz agonizante se fazia cada vez mais nítida. Seu pedido de socorro soava em um tom desesperado, quase perturbador. Eu não conseguia vê-la, tudo era completamente escuro, como se estivéssemos perdidas em lugar totalmente desconhecido.

"Por favor, me tire daqui!"

Eu conseguia ouvir o estalar sutil das chamas sendo ofuscado pelos gritos de puro sofrimento daquela mulher. Ela queimava no fogo enquanto implorava por salvação.

- Sheilla... – Sussurrei, tentando encontrá-la.

"Não me deixe morrer! Por favor, me salve, Gabriela!"

Meu coração batia violentamente, como se a qualquer momento pudesse parar em uma falha repentina. Eu corria em meio a escuridão, seguindo o rumo em que aquela voz clamava por socorro. No entanto, meu corpo parecia não responder, e, de uma maneira curiosa, eu nem sequer havia saído do lugar. Estava presa dentro de mim enquanto ouvia ela queimar.

- Não, não... – Exclamei, desesperada. – Sheilla! Sheilla!

Em meio aos gritos apavorantes da mulher que parecia se contorcer em meio aos destroços e das chamas, ouvi o som estridente do despertador, que me fez erguer o corpo de uma só vez em um despertar brusco.

-Céus... – Sussurrei, sentindo meu peito subir e descer em uma respiração ofegante.

Inspirei o ar com vontade para dentro de meus pulmões, que pareciam ter dificuldade de observá-lo. Encarei os lençóis da cama, em seguida, os móveis perfeitamente organizados, para então fitar os raios de sol que se infiltraram entre as cortinas parcialmente abertas. Me permiti fechar os olhos por alguns instantes, em uma tentativa de acalmar meu coração que batia freneticamente do lado esquerdo do peito. Ergui uma das mãos até a cabeça, deslizando o dorso sobre a testa para retirar os resquícios de suor causados por aquele maldito pesadelo.

- Só um pesadelo... – Murmurei em meio a um suspiro, antes de desligar o aparelho ensurdecedor.

Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Mesmo depois de um ano após a noite do incêndio, aquele momento ainda me atormentava. Os pesadelos não eram constantes, se distribuem sempre que me via recordando de tal situação. Talvez vasculhar algumas coisas do passado no dia anterior não tenha sido uma boa ideia.

Suspirei pausadamente antes de afastar os lençóis da cama, e me pôr de pé sobre o piso amadeirado. Cruzei o quarto extenso, notando o quão silenciosa a casa estava essa manhã, pelo visto, todos já haviam partido para suas obrigações. Antes de seguir para o banheiro, notei certa quantidade de papéis sobre a mesa no canto do quarto, mais especificamente recortes velhos de jornais. Me aproximei e capturei uma delas, pousando meus olhos atentamente sobre as letras expressivas.

"O TRÁGICO FIM DO REINADO MULLER. "

E logo abaixo em letras menores:

"Dois corpos foram encontrados totalmente carbonizados após o incêndio criminoso que destruiu a mansão. Um deles era do magnata do petróleo, Bruno Muller, e o outro, de sua esposa, Linsey Sheilla Muller. "

Deixei que o ar escapasse por minha boca para em seguida engolir em seco. Após a madrugada daquela infeliz tragédia, todos os noticiários informam para o mundo que o casal Muller havia nos deixado em uma morte inesperada e trágica. Lembro-me perfeitamente o quão torturante foi ver aquelas palavras estampadas em todos os jornais naquela manhã, mas nada se comparava à dor que senti ao ter certeza do ocorrido.

Xeque-Mate - SheibiWhere stories live. Discover now