Capítulo XXIII - Desentendimento.

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Sheilla Castro Point of view.

Encarei meu reflexo no espelho do closet, enquanto retocava os últimos detalhes de minha maquiagem. Depois de chegar em casa, encontrei um marido mais calmo, de humor mais ameno. Bruno não parecia tão irritado como essa manhã, o que me rendia certa tranquilidade. Como prova de seu bom humor, o homem resolveu me chamar para jantar fora, de acordo com ele precisávamos de mais tempo juntos.

- Está pronta, querida? – perguntou ao parar logo atrás de mim.

Ele sorriu de canto, antes de envolver meu corpo com os braços, e depositar um beijo suave sobre minha nuca. Naquela noite optei por um vestido verde escuro, de tecido leve e solto, com alças finas e um decote suave; nos pés apenas um salto de tiras na cor nude. Meus cabelos estavam presos em um coque, deixando minha nuca e busto livre para o colar de diamante que ganhei em nosso último aniversário de casamento.

- Sim, está bom assim? – perguntei ao me desvencilhar de seus braços, e virar em sua direção.

- Está maravilhosa, como sempre.

O homem me encarou com seu par de olhos claros e atraentes. Ele usava apenas uma calça jeans escura, uma blusa social cor de vinho, que tinha as mangas dobradas até seu antebraço; nos pés um sapato preto social.

- Você também está ótimo, meu amor.

Saímos de nossa casa, e logo entramos no carro que já estava à nossa espera. Bruno gentilmente abriu a porta do carro, e fechou no instante em que me acomodei no interior do mesmo. Logo se pôs ao meu lado, para que o motorista nos levasse até o restaurante no centro da cidade. O caminho foi tranquilo e rápido. Chegamos a um restaurante muito conhecido, nada sofisticado demais, Muller resolveu escolher um mais simples, e muito bom. Nos acomodamos em uma das mesas, e logo pedimos nosso jantar.

- Queria pedir desculpas por hoje mais cedo, fui muito rude com você.

Encarei seus olhos que me fitavam um tanto receosos à espera de uma resposta. Eu limpei o canto dos lábios com o lenço branco, e sorri.

- Está tudo bem, querido. – murmurei ao repousar minha mão sobre a dele em cima da mesa. - Eu devia ter avisado.

- Eu só não quero que saia sozinha, tenho medo que aconteça outra vez.

- Claro, você tem toda razão.

Eu estava tentando dar o ar de boa esposa, era o melhor a se fazer depois de quase ser descoberta. Bruno era facilmente manipulado, claro, eu já sabia todos os truques para mantê-los sobre minhas rédeas, não poderia errar agora.

- Estava pensando em viajar no final do ano, o que acha?

Tomei um gole do vinho, enquanto minha cabeça fervilha com inúmeros pensamentos. Em meus planos, até o final do ano, Bruno seria uma peça derrubada do tabuleiro, e um problema a menos em minha vida, eu não queria programar viagens, e nem nada que prolongasse minha presença ao seu lado, mas ele não precisava saber disso, certo?

- Eu acho a ideia maravilhosa! Podemos ver um ótimo lugar para essa viagem.

- Eu vou pensar em alguns destinos, quero passar mais tempo com você. – ele acariciou minha mão, enquanto me fitava. – Ahm...Sheilla.

- Sim?

- Eu estive pensando muito hoje, e queria te falar uma coisa.

- Pensando no que? – perguntei ao tomar um gole de água da taça de cristal.

- Quero ter um filho. – disse de forma rápida, e sem rodeios.

Naquele instante a água pareceu descer pelo lugar errado, eu comecei a tossir sem parar, engasgando-me com o líquido frio. Bruno arregalou os olhos, e tentou me ajudar até que a tosse cessasse gradativamente.

Xeque-Mate - SheibiWhere stories live. Discover now