Capítulo XXX - Depoimento.

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Sheilla Castro Point of view.

Depois de algumas horas, eu estava acomodada no interior do rolls royce preto, a apenas uma quadra do departamento de polícia de Nova Iorque. Era a primeira vez que eu iria comparecer diante das autoridades depois da prisão de meu marido no dia anterior. A notícia do ocorrido se alastrou como um vírus; há essa hora, toda a imprensa mundial noticiou a prisão do magnata do petróleo, Bruno Muller. Mantive-me atenta ao movimento do lado de fora, enquanto degustava uma taça de champagne, um dos mais caros, comprado exclusivamente para aquela situação.

- Senhora, há muitos jornalistas em frente à delegacia. – Caio murmurou ao diminuir a velocidade, agora que estávamos em frente ao prédio.

Um sorriso nasceu no canto dos meus lábios quase que automaticamente. Ergui a cabeça e fitei o aglomerado de repórteres e fotógrafos mais a frente. Levei a taça até meus lábios, tomando mais um gole do álcool ali presente, antes de pousá-la sobre o suporte oferecido no banco de trás do carro luxuoso.

- Não há problema, Caio. Pare em frente à delegacia, eu vou descer.

O homem me fitou pelo espelho retrovisor e assentiu, acatando minha ordem de forma precisa. Quanto mais o carro se aproximava da área frontal do prédio, mais fotógrafos nos rodeavam. A gritaria, acompanhada da movimentação exagerada ao lado de fora, me fazia perceber como aquela notícia estava sendo bombástica. Não era para menos, as indústrias Muller estavam no olho do furacão de um escândalo.

"É Sheilla Muller! Esposa dele."

"Sheilla! Sheilla!"

Eles gritavam, enquanto eu me mantinha na mesma posição, cabeça erguida e olhar fixo à frente.

- Eu vou chamar alguns policiais para abrir caminho. – disse Caio antes de deixar o veículo.

Puxei minha bolsa repousada sobre o banco, de onde retirei meu batom, tinha uma tonalidade avermelhada, quase como sangue, mesma cor presente em minhas unhas grandes, contrastando perfeitamente com o vestido tubinho preto que cobria meu corpo. Deslizei-o sobre meus lábios suavemente, antes de encarar meu reflexo no pequeno espelho presente no banco da frente. Meus olhos tinham um leve contorno em preto, destacando minhas pupilas castanhas e agora brilhantes. Sorri satisfeita com o que via, e fechei o espelho, guardando o batom no interior da bolsa. Vi Caio parar ao lado da porta, e rapidamente coloquei meus óculos escuros, precisava de uma imagem abalada para tantos olhares sobre mim. A porta foi aberta e meu corpo foi banhado com flashes de todas as câmeras ali presente.

"Sheilla! Você sabia de tudo sobre o seu marido?"

"Conhece a pessoa que ele matou?"

"Por favor, responda!"

"Sra. Muller, você faz parte de tudo?"

Caio e mais alguns policiais me conduziram em meio aquela multidão tumultuada de fotógrafos e repórteres que dariam a vida por uma informação privilegiada. Eu nem sequer os fitei, não poderia abrir margem para qualquer erro, o plano havia sido executado, mas me exigia certos cuidados.

- Se afastem! – gritou um dos oficiais, enquanto éramos bombardeados com tantos flashes.

Assim que subimos as escadarias em frente à delegacia, ergui a cabeça e encarei aquele par de olhos castanho que me observavam na entrada da delegacia. Gabriela estava parada à minha espera, maravilhosa como sempre, com um ar imponente e desafiador. Hoje ela parecia ainda mais bonita, usava uma calça branca, justa, uma blusa de seda preta, e sua típica jaqueta de couro preta, sem esquecer o scarpinnegro em seus pés.

Xeque-Mate - SheibiWhere stories live. Discover now