Decisões precipitadas

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Oi gente... tava com essa ideia já tem um tempo. Decidi fazer essa fic como se fosse episódios de sitcom, sabe? Um não depende do outro, mas de alguma forma todos se completam? Espero que vocês gostem!!!



A incessante vibração do celular escondido no uniforme estava deixando Heloísa Gutierrez doida! Não era como se ela não soubesse que estava atrasada para aula ou que tinha planejado aquilo. As coisas eram um pouca mais complicadas para ela, ainda mais quando envolviam certos assuntos que só dividia com suas quatro amigas. Nem Clara, sua irmã, sabia da encrenca em que ela havia se metido há alguns meses e que a deixaram nesse beco sem saída. E, ainda assim, suas amigas pareciam se esquecer da sua situação e lhe tiravam a concentração ligando sem parar enquanto tentava não morrer e chegar o mais rápido possível na faculdade.

Se esquivou da maneira que pôde da lata de lixo jogada em sua direção. Suspirou cansada, não tinha mais tempo para as ladainhas e joguinhos desse grupo de criminosos. Saltou num átimo e prendeu todos suspensos numa armadilha com sua teia. Ouviu gritos de comemoração de algumas pessoas que estavam na esquina observando e gravando o confronto, sorriu por debaixo da máscara e acenou para elas:

— Não duvidem nunca de que essa vizinhança sempre estará protegida. Da sua amiga de sempre, a Garota-Aranha!

E, entre se balançar e pular de prédio em prédio, quase caiu ao se distrair quando o celular voltou a vibrar violentamente.

[07:23] ChaTINA: Lica, a aula já vai começar, cadê vc?

[07:35] ChaTINA: Atende a porra do celular!

[07:48] ChaTINA: PELO AMOR DE DEUS GUTIERREZ! Tá quase na hora do nosso grupo apresentar o seminário, vc é uma aranha morta!!!!

[08:22] ChaTINA: Juro que não sei pq eu ainda me dou o trabalho de me preocupar!!!!!

Expirou frustrada enquanto lia as inúmeras notificações de mensagens e ligações. Realmente com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, e, aparentemente, Lica estava falhando em todas. Maneou a cabeça e correu para tirar o uniforme, pensando em como poderia ser a contenção de danos do seminário que tinha acabado de perder. Mais de uma vez pedia à entidade, ser superior, ao universo, seja lá o que estivesse lá em cima (ou não...) para trocar esses poderes para que pudesse ser só um pouquinho menos azarada nessa vida, é gata... as coisas não estavam fáceis.

Benê não pareceu tão irritada com sua falta na apresentação, o que trouxe um alívio enorme para Heloísa. Em seu íntimo, o julgamento e lição de moral que poderiam vir dela eram o que Lica mais temia. Benedita nunca mentia e, quando falava algo, quase nunca tinha um filtro de cuidado — não por maldade, nunca, mas por sua condição decorrente do Asperger—, então qualquer reprimenda vinda dela era sempre mais difícil de lidar e absorver.

Contudo, não podia dizer o mesmo das outras amigas — Tina, Keyla e Ellen. As três a encaravam com os braços cruzados durante o almoço no bandejão.

— Ah, qual é, gente? — Lica exclamou mexendo na franja enquanto fugia dos olhares raivosos das meninas. — Eu tava vindo para cá quando vi a tentativa de assalto, não podia deixar passar!

— A gente já falou sobre isso, Lica! — Ellen a cortou de forma seca. — Essas rondas só fora do horário de aula e de estágio! Eu não hackeei a transmissão da polícia à toa, foi justamente para que a gente pudesse agir quando de forma planejada e sem atrapalhar nada! — A garota praticamente sibilou a última parte.

— Eu sei! Mas quando acontece bem embaixo do meu nariz, não é algo que dê para ignorar! — Rebateu gesticulando com as mãos, um indicativo de que estava ficando nervosa.

Dupla JornadaWhere stories live. Discover now