Capítulo 17

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Tinha acordado em cima da hora, o que em São Paulo com aquele trânsito infernal queria dizer muito atrasada, percebi tarde de mais que não tinha enviado mensagem para Miguel. Noite passada depois que ele saiu eu tomei um longo banho e dei um jeito na bagunça que tínhamos deixado e capotei, esqueci completamente de dizer qualquer coisa a ele.

Assim que me sentei no carro comprovei que estava deliciosamente dolorida, vocês sabem do que estou falando, aquela sensação de quem foi fodida como merecemos, até gozar gostoso revirando os olhos, foi tão incrível que quando você se senta e sua intimidade pulsa em resposta como um lembrete do que fez pouco tempo atrás.

Foi com isso em mente que abri o celular, com a ideia maldosa querendo provocar aquele tatuado safado, mas fui bombardeada por mensagem de Debora e de Alice. As duas malucas tinham feito um grupo para me questionar, querendo saber o que tinha rolado entre Miguel e eu.

Bem, eu que nunca fui tímida nem nada, bati o histórico sem nenhum pudor. Porque pudor é pra quem já passou dessa pra melhor.

E então depois enquanto fazia meu caminho até o restaurante, enviei uma mensagem pra ele.

"Ainda te sentindo dentro de mim" junto com um emoji dando uma piscadela. Eu conseguia até imaginar a cara dele quando lesse aquilo.

Sextas-feiras não eram dias tranquilos, mas nos deixava mais perto do fim de semana, então podia ficar feliz como todos e eu estava precisando de um descanso depois do dia de ontem.

Quando cheguei Eric estava lindamente comandando a cozinha, já seguindo o cardápio pré-estabelecido para o dia. Eu nem precisei pedir, ele era ótimo!

Repassamos mais alguns itens e deixei que ele delegasse as tarefas, era minha cozinha como todos gostavam de falar, mas eu adorava ver a dedicação dele, me lembrava muito de mim mesma quando era criança e ficava sempre atrás da minha avó querendo uma oportunidade que fosse de provar que sabia fazer.

Assim que abrimos o movimento parecia típico de sexta, muita gente com pressa, sempre correndo precisando pegar um pedido e sair, ou sentar na mesa que acabava de vagar e comer rápido o que tinha pedido antes de continuar seu dia corrido.

Mas não demorou para que eu percebesse uma movimentação maluca, o aumento de pedidos era inesperado. Não tínhamos nenhuma data comemorativa na cidade ou feriado para que uma quantidade insana de pessoas lotasse o lugar.

- Eu queria saber o que diabos deu em todo mundo hoje. Parece que metade da cidade decidiu aparecer. - Eric resmungou do outro lado da cozinha enquanto ele colocava os pratos prontos de forma ordenada em sua bandeja. Crispei meus olhos em sua direção o repreendendo, não forçava meus funcionários a trabalhar felizes, mas era sempre bom que estivessem com uma cara amigável. - Não que eu esteja reclamando. - ele emendou rapidamente me lançando um sorriso.

Ele estava exagerando com a ideia de metade da cidade, meu restaurante não comportaria nenhum terço disso, mas não podia culpá-lo até eu estava estranhando aquele movimento todo.

- O vídeo da briga viralizou na internet, as pessoas ficaram curiosas com o lugar e você sabe como é. - Lucas tratou de esclarecer o motivo mais plausível - Podem apostar que amanhã não vai estar nenhum pouco diferente. - completou enquanto sacudiu de forma experiente a frigideira cheia.

Eu o encare surpresa, nunca imaginei que um barraco renderia isso. Não me importei com a gravação da discussão de ontem, era ótimo mesmo que alguém estivesse com o celular em mãos registrando aquilo, tanto para minha segurança e como prova futura do acontecido.

A primeira coisa que pensei quando vi o número de visualizações foi: isso pode ajudar outras pessoas a entenderem que não devemos baixar nossas cabeças para racistas, que não deveríamos nos abater e exigir o que é nosso de direito.

Amor de Motoqueiro - Concluído Where stories live. Discover now