12. PARCEIRAS DO CRIME

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Kara zorel

A vantagem de provavelmente a maquiagem ter custado mais do que o tênis que estou usando é que o fato de eu ter chorado não foi o suficiente para que ficasse arruinada.

Então bastou uma passadinha de lenço embaixo dos olhos e aqui estou eu, prestes a entrar no shopping lotado ao lado de lena, que não parece nem um pouco incomodada com a quantidade de pessoas, diferente de mim que fico pensando nos infinitos lugares pequenos e confortáveis disponíveis pela cidade onde o silêncio é capaz de reinar.

— Acha uma boa ideia almoçarmos no shopping? — questiono assim que ela estaciona na parte subterrânea e andamos em direção à porta automática que leva até as escadas.

— Temos que aparecer juntas, minha linda namorada.-Dou um pulo quando ela aperta minha bochecha e afasto sua mão do meu rosto com um tapa.

— Temos que nos habituar ao toque uma da outra Supostamente somos jovens apaixonadas. -

Não consigo conter a careta de nojo e lena ri como se eu fosse engraçada.

— Você ao menos já namorou alguém, garota? -

O questionamento é feito enquanto andamos em direção a escada rolante.

— Hã... não. Eu não namorei e te falei isso ontem — respondo sem olhá-la e já colocando o primeiro pé na escada.

Bem nesse momento, lena me puxa pela mão e eu rapidamente viro em sua direção, por pouco não me desequilibrando.

— Está maluca? - A resposta dela é se aproximar mais de mim e me mostrar a tela do seu celular para que eu veja um stories dela segurando minha mão. A lateral do meu corpo e boa parte do meu cabelo fica visível, assim como minha fitinha laranja do senhor do Bonfim e minhas unhas pintadas de verde. Tenho que admitir que ficou uma foto legal.

— Primeira pista - lena fala enquanto publica o stories. — Certeza de que as lenasfanaticas ficarão muito curiosas para saber quem é a garota misteriosa.

— Lena o quê? -

— É o nome do meu fã clube. - Guardo para mim o comentário ácido e apenas a sigo pelo shopping lotado em direção a praça de alimentação, o conhecido caminho que percorri na última semana enquanto derretia dentro daquela fantasia ridícula.

O lado bom é que pude colocar o dinheiro que ganhei dentro de uma calça da minha mãe. Ela ficou muito feliz pensando que havia esquecido o dinheiro no bolso e isso a ajudou a comprar mais ingredientes para suas marmitas. O sorriso dela fez tudo valer a pena e saber que foi graças ao meu esforço de vencer o medo valeu mais ainda.

— O que vai querer comer? — lena pergunta assim que chegamos à praça de alimentação, que está bem menos lotada do que eu temia.

Olho ao redor, o cheiro de comida fazendo minha barriga roncar de um jeito tão esquisito que faz com que lena me olhe.

— Credo, faz quanto tempo que não alimenta essa sua lombriga? - Não respondo e abro minha bolsa, pegando minha carteira e a abrindo, percebendo que tenho somente meu passe do ônibus e alguns cupons fiscais da época em que jantava na faculdade. No bolsinho menor, há três moedas de um real e duas de cinco centavos.

— Não estou com fome — falo, ainda olhando para minha carteira, tentando ignorar o cheiro de comida. — Preciso perder uns quilos. -

Guardo a carteira na bolsa e dou um passo à frente, batendo minha testa no peito de lena.

— Escolha o que quer almoçar — ela diz de um jeito quase gentil, colocando o dedo indicador em minha testa e me fazendo dar um passo para trás.

— Não... -

Se não fôssemos OpostasWhere stories live. Discover now