Teçá se considerava a mais azarada de todas, e quando acaba ganhando um passeio pelo CT do time rival isso apenas se confirma.
Jogadores esnobes vão se tornar seu pior pesadelo, mas talvez a sorte comece a aparecer pra ela.
*Enemies to Lovers*
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Dizer que não consegui dormir direito seria redundante, já que desde que deixei Teça na porta de casa na madrugada uma angustia enorme me invadiu.
Não sei ao certo porque me preocupava, mas ver ela naquela situação me desestabilizou.
Sabia que as chances dela aceitar a ajuda que ofereci eram quase nulas, mas mesmo assim acordei várias vezes durante a noite só pra checar o celular - apenas pra comprovar que ela realmente recusou minha proposta. Pensei em ligar ou mandar uma mensagem perguntando sobre o estado de saúde do seu pai, porém percebi que nem tinha toda essa intimidade pra fazer isso.
Então o único jeito foi esperar até a segunda - feira quando decidi passar no Pet Shop, com uma desculpa de que precisava de um petisco qualquer para o Scar.
- Oi Di, boa tarde! Sabia que você não ia me decepcionar - a loira praticamente brotou na minha frente assim que o sininho da porta anunciou minha entrada - Pode ficar tranquilo que eu te desculpo, você só precisa me levar pra jantar - eu não fazia ideia do que ela estava falando, e acho que pela minha cara deu pra perceber - Eu sei que você veio pra se desculpar por ter me deixado sozinha no sábado - Ah, isso... Definitivamente essa seria a ultima coisa que eu faria
- Ah, não. Só vim comprar uns petiscos pro Scar - acompanhei a cara da garota praticamente derreter na minha frente - E também... - dei uma pausa meio incerto se deveria prosseguir, mas foi o suficiente pro rosto da loira se acender novamente - É... A Teça está? - sua decepção era nitida. Com um misto de sentimentos que não soube identificar, ela balançou a cabeça positivamente - Pode chama-la por favor, acho que consigo escolher o que levar sozinho, se fizer esse favor pra mim
Caminhei até o corredor indicado com a placa de "Filhotes" nem preocupado com uma possivel reação da garota. Pouco tempo depois ouvi passos atrás de mim, seguido de um "Pois não, em que posso ajudar?" no timbre rouco e conhecido da garota índia.
Seu entusiasmo foi embora bem rapidinho quando me virei e ela percebeu com quem falava.
- Pensei em levar alguns petiscos pro Scar, o que me sugere?
- Sério? - negou com a cabeça - Olha não sei o que você tem em mente, mas não tô no meu melhor momento pra me permitir ser incomodada no meu local de trabalho - era notório seu esforço pra manter a calma - Então vou fazer a coisa mais sensata e chamar a Jade pra te atender
- Não - pedi segurando seu pulso tal qual fiz duas noites atrás - Acho que podemos agir como pessoas civilizadas por pelo menos 20 minutos - falei ainda com minha mão em volta do seu pulso - Prometo te pagar hora extra se passar disso
- Ok! - disse se soltando do meu contato - Vou cronometrar
E ela falou sério...
Tirou o Iphone 6 de tela trincada e com muito custo conseguiu acionar o cronometro.
- Bom... Vamos lá, do que ele gosta? - perguntou analisando algumas possibilidades na prateleira
- Ele adora quando coloco aqueles patêzinhos de carne misturado com a ração - apontei para uma lata arroxeada que estava um pouco acima da sua cabeça
Teça concordou, se esticando pra alcançar uma delas. Foi um movimento normal, mas a forma que o movimento deixou a calça jeans delineando sua cintura prendeu minha atenção e logo lembrei dos seus quadris rebolando na boate.
- Pronto! Temos patê, o que mais precisa? - sua voz cortou meus pensamentos - Se me permite a indicação, cachorros filhotes adoram esses ossos - apontou pra um osso que parecia ser de brinquedo, mas logo descobri que não - Além disso, estimula os dentinhos e tem um gosto muito bom
- Você já provou?
- Claro que não idiota - respondeu rispida
- Eu estava brincando - me justifiquei - Qual é? Onde foi parar seu senso de humor?
- Ta junto com a tua noção em um lugar inexistente - rebateu - Anda logo, foca nisso que seu tempo ta acabando, apontou pro celular onde marcava faltar menos de 10 minutos
Acabei levando além do osso, alguns biscoitos, algumas vitaminas e um brinquedo - esse que Teça me obrigou a levar, dizendo que o cachorro merecia um mimo. Porém ao invés de oferecer como brinde me fez pagar quase 60 reais numa pelucia lilás.
Estrapolamos e muito o tempo, mas ela parecia não se importar.
- Desculpa a intromissão, mas como está seu pai? - perguntei enquanto observava ela passar os itens no caixa
Seu olhar de surpresa me encontrou de imediato, e por isso tratei de fazer a cara mais amigável que consegui.
- Está melhor - respondeu sem jeito - O médico disse que não chegou a ser um AVC por pouco, agora ele está em observação
- Nossa, ainda bem. Fico bem aliviado em saber - revelei sincero, ganhando um novo olhar incrédulo da morena - Espero que ele se recupere bem
- Obrigada... Pela preocupação e pela ajuda - coçou a nuca antes de voltar a passar as compras - Bom... Deu 215 reais - apontou pro valor total na tela e eu assenti aproximando meu celular da maquina de cartão - Sobre meus honorários te passo meu pix depois - havia um sorriso de lado
Claro que ela não esqueceria daquilo. Fui imaturo de pensar o contrário.
Por esse motivo dei outra risada e balancei a cabeça positivamente.
- Mas a culpa que foi sua, por ficar 10 minutos insistindo pra eu levar esse bicho lilás ai
- Ele vai amar, você vai ver - deu uma piscadinha me estendendo as sacolas - Me agradeça depois
- Vamos ver
Teça me acompanhou até a porta, eu a agredeci mais uma vez e ainda desejei coisas boas pro seu pai antes de sair.
Por algum motivo me sentia mais leve, tanto que dirigi animadamente até em casa sendo recebido ainda mais alegremente pela bolinha de pêlos dourados. Brinquei com ele enquanto mostrava o que havia comprado pra ele - reclamava também, afinal mais de 200 conto cara - mas apesar dele não entender um nada do que eu fazia, vibrava frenetico pela interação.
E pra minha surpresa quando chegou na bendita pelucia os olhinhos do cachorro literalmente brilharam.
Não acredito que esse traidor vai me fazer dar razão pra menina india.
Ele praticamente arrancou o urso da minha mão e não largou mais.
- Traidor
Mesmo já tendo tirado tudo o que havia comprado, notei que ainda havia algo no fundo da ultima sacola.
Tirei de lá um tecido estampado de bolinhas.
Aquilo era uma roupa?
Pra cachorro?
Não acredito que aquela maldita tinha passado uma roupa pra cachorro, sem meu consentimento.
Peguei a nota, mas nada sobre a roupa estava ali. Os itens listados eram apenas os que eu mesmo havia escolhido.
Não sabia como encarar aquilo.
Era um presente?
Peguei meu celular na intenção de mandar algo pra morena, mas não sabia o que.
Uma pergunta?
Agradecimento?
Pensei melhor e resolvi fazer algo diferente pra surpreende-la assim como ela fez comigo.