Sorte • Diego Costa

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Nem eu sabia o porque de ter dito aquelas coisas para aquela garota, eu mal a conhecia e não é porque uma pessoa fez aquilo comigo que todas seriam iguais.

Como prova do meu arrependimento mandei o melhor buquê que a florista me indicou, mas por dias esperei uma replica, que não veio.

Já faziam algumas semanas - e nem mesmo tinha visto a garota quando fui mais cedo na loja que ela trabalhava.

Pensei até em perguntar por ela, mas sequer lembrava seu nome - e acho que me referir a ela como "indiazinha" pegaria um pouco mal.

Ela foi certeira em afirmar que não nos veríamos mais, porém não pensei que aquilo me incomodaria tanto.

- Gabi? - chamei o uruguaio que assim como eu organizava suas coisas depois do treino, ele parou o que estava fazendo pra me olhar com o sorriso de sempre - Qual é mesmo o nome daquela moça do PetShop?

- Quem? A Teça ou a Mari? - o uruguaio me respondeu com uma nova pergunta, mas nem precisava responde-lo porque já tinha o que precisava

Como eu poderia ter esquecido aquele nome?

- Ah sim, já lembrei. Obrigado, cara - ele me olhou desconfiado, mas logo voltou a fazer o que já estava fazendo antes

Chegando em casa dispus a buscar por algum sinal da índia de cabelos longos.

E se por um momento pensei que seria fácil pela originalidade daquele nome, momentos depois descobri está totalmente equivocado.

Tentei todas as combinações possíveis que a sonoridade me permitia explorar, mas nada foi encontrado.

Desisti.

Porém por um motivo inexplicável uma foto do Yuri Alberto apareceu no meu explorar, e quando fui stalkear os stories, tava lá a morena india.

O atacante tinha acabado de repostar uma publicação da garota.
Era um carrocel de fotos dos dois com a legenda:

"Tava andando no corredor da Arena e ouvi uma voz gritar 'Você não postou nossa foto', quando virei estava essa pessoa...
Tiramos outra foto e ele me deu a camisa suada que estava vestindo
Alguém sabe quem é esse moço, pfvr?"

A ultima foto era aparentemente do dia de toda aquela confusão, de quando eu tinha pego eles dois se abraçando na porta da casa do Calleri.
Ela parecia feliz, e por um momento me senti mal por ter tirado aquele sorriso da foto de seu rosto.

Depois me aventurei a olhar o perfil da garota, apesar de não ter muita coisa pra stakear, né?!

Será que deveria mandar uma mensagem?

Mas eu falaria o que?

Perguntaria se ela recebeu as flores?

Mas, claro que recebeu! Que pergunta mais idiota.

Depois de uns 3 dias, fui na floricultura conferir se o buquê havia mesmo sido entregue pela falta de resposta da outra parte.
Mas estava lá com a própria assinatura dela, como prova do recebimento.

Já me preparava pra abrir o direct quando uma nova atualização apareceu no story dela - Era uma foto dela com o pai, ambos com o uniforme do time rival se abraçando e sorrindo.

Aquilo já me fez estremecer, mas a legenda foi o que me quebrou.

"Na conta tem pouco mais de 1 real.

Vou dormir todo dia mais de meia noite pra fazer marmita e tenho que fazer corrente de oração pra que os créditos do cartão do metrô sejam suficientes pro resto do mês.Mas toda vez que eu pensar em reclamar vou abrir essa foto e lembrar que todo esse esforço valeu a pena.
Esse sorriso vale cada centavo.
Te amo, pai!

E... VAI CURINTIA!!

P.S.: Brigadão aê @yurialberto, sempre salvando as fotos que meu celular de pobre não permite tirar... Ah, e brigada pelos gols também"

Se arrependimento matasse estaria sem nenhum sinal vital no momento, porque aquela garota ali não merecia uma palavra maldosa que eu havia falado pra ela naquela noite.

E agora a ficha havia caido de que nada do que eu fizesse seria capaz de consertar a grande merda que eu já havia feito.

Joguei o celular longe e enfrentei uma das piores noites de sono da minha vida.

Prova disso é que no dia seguinte, eu mais parecia um cadaver do que qualquer outra coisa.

- Nossa Diego! Você tá horrivel

- Obrigada, Igor! - respondi ironico - Agora me diz algo que eu não sei

- Vamos num pub mais tarde, e não aceito não como resposta - o lateral falou em tom de ordem

- Não!

- Nem vem Diego. Você sempre faz doce, mas no final é o que mais curte nesses rolês - não tinha como desmentir o nosso amigo com cara acavalada - Passo de uber pela tua casa às dez.

Não respondi, simplesmente me preparei pro treino ignorando a presença de todos ali.

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Já eram quase meia noite quando o Igor Vinicius cumpriu o que disse que faria duas horas mais cedo, mas quem era eu pra julgar.

A noite estava apenas começando.

Chegando na tal boate já estava a galera toda, não eram todos os jogadores - apenas os mais festeiros: Luciano, Gomes, Neves, Calleri, Galoppo e Arbo (que pra jogar não dava conta, mas para festa estava sempre disposto)

Haviam também algumas mulheres, dentre estas a morena veterianária - acho que as coisas entre ela e o meio-campista estavam ficando sérias, afinal ultimamente sempre via os dois juntos.
Mas a amiga da morena nunca mais foi vista.

- Vai beber o que? - Vinicius perguntou pra mim e eu me ofereci pra ir junto pra ver o cardápio do local

Voltando, quase me engasgo com a minha própria bebida ao ver quem dançava junto com o meu grupo.

A própria Teça.

Além dela, haviam mais algumas pessoas novas.
Porém a tensão de reencontra-la tomou conta do meu corpo.

- IH, gente nova!! - Igor chegou antes de mim, gritando animado e chamando atenção para nós - Eu sou o Igor Vinicius! O mais bonito, mais legal e mais solteiro do grupo

- E mais modesto também, né?! - Luciano debochou do nosso amigo

- Oi pessoal, eu sou o Diego - me apresentei também um pouco mais contido e menos expositivo que o anterior

O olhar da morena em nenhum momento pousou em mim, pelo contrário, ela foi muito bem na função de fingir que eu nem existia.

Mais desconfortável que eu só o Neves, que estava acompanhado de uma loira, mas até um cego já tinha notado o interesse do uruguaio pela Teça.