Teçá se considerava a mais azarada de todas, e quando acaba ganhando um passeio pelo CT do time rival isso apenas se confirma.
Jogadores esnobes vão se tornar seu pior pesadelo, mas talvez a sorte comece a aparecer pra ela.
*Enemies to Lovers*
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Está no carro de um jogador mesquinho não estava nem no meu top 100 de coisas que queria fazer essa noite, mas não tive outra alternativa. Meu pai tinha acabado de passar mal, então minha mãe teve que correr com ele pro hospital que ficava do outro lado da cidade - nem imagino quanto deve ter gasto com uber.
Agora meus irmãos mais novos estavam em desespero, enquanto Casseb, meu irmão mais velho, não dava sequer um sinal de vida. Já tinha lotado sua caixa postal com umas 200 mensagens, e no Whatsapp mais de uma centena de ofensas eu já tinha destinado pra ele.
- Não sou a melhor pessoa pra falar sobre sentimentos, mas minha mãe sempre fala que se abrir é a melhor forma de acalmar a angustia - a voz do cara que eu estava tentando ao máximo ignorar soou diretamente do meu lado esquerdo
Juro que o que eu mais queria era que o silêncio se mantivesse intacto por toda a quase 1 hora que levaríamos pra chegar na minha casa, mas pelo visto nossos interesses não eram os mesmos.
Como sempre...
- Você é a ultima pessoa pra quem eu me abriria - respondi ríspida, nem me importando com o duplo sentido que aquela frase carregava
- Então acredite que você é quem menos se beneficia com essa sua decisão - não sabia se ele usava ou não duplo sentido, mas nem gastei minhas forças me importando. Voltando a contemplar o silêncio.
Até que meu celular esbravejasse, e revelasse o nome do meu irmão mais velho.
Respirei fundo antes de deslizar o dedo pela tela e leva o aparelho até a orelha.
- Quem morreu garota? Quase morri do coração quando vi que você e mamãe tinham me metralhado de ligações. Tentei ligar pra ela, mas a diva nunca atende - Casseb desparou a falar
- Ninguém morreu ainda, mas se você valesse meu réu primário o óbito seria o seu - respondi rangendo os dentes
- Ai, para de exagero. Mas fala logo que aconteceu pra tanto auê. Não vai me dizer que mamãe olhou minha gaveta de jogos enquanto eu tava fora?
- Ah garoto, me poupa. Ninguém quer saber dos teus pornôs gay - debochei, percebendo ele ficar surpreso por eu saber dessa informação - Temos coisas mais importantes pra se importar... Tipo o papai na UTI
- O QUE? O QUE ACONTECEU COM ELE? - berrou, sendo advertido por uma terceira voz, com quem ele logo tratou de se despedir e dizer que explicava depois - Já estou indo pra casa. Você está com as crianças ou foi com a mamãe?
- Estou a caminho de casa nesse exato momento, deixa que com os pequenos eu me resolvo. Você bem que poderia ir no hospital dar uma forcinha pra mamãe - sugeri e ele concordou - Certo! Te mando o endereço por mensagem, vai mandando noticias assim que souber de algo.
- Pode deixar - me assegurou, deixando meio minuto em total silêncio - Tete fica bem, tenho certeza que isso não passou de um susto e logo o papai vai está bem e fazendo palhaçada pela casa
- Deus te ouça, Cas. Enfim, vou desligar pra caso a mamãe está tentando ligar e também pra te mandar o endereço
- Ta bém, se cuida... Te amo!
- Também te amo! - falei sincera, pouco antes de finalizar a ligação.
Só então percebendo que acabara de fazer, mesmo que sem querer, o que tinha dito que jamais faria minutos atrás.
E apesar de manter os olhos na pista, e a boca calada, sabia que Diego agora estava a par de tudo o que me angustiava naquele momento.
Nossa Teça, que maravilha! Você acabou de apresentar ao seu inimigo suas fraquezas de mão beijada.
Considerei o fato do cara ao meu lado ficar calado um bom sinal, e aproveitei o silêncio até o carro parar em frente ao portão gradeado da minha casa.
O desconforto era evidente, mas pro orgulho da minha mãe que me deu educação, mesmo sem animo, agradeci.
- Obrigada mesmo pela ajuda
- Não há de que - respondeu, e quando já me preparava pra pular do carro, sua voz soou mais uma vez - Espero que fique tudo bem com seu pai - assenti com a cabeça, agradecendo mais uma vez e já abrindo a porta - Se precisar de alguma coisa... Pro seu pai... Tem meu contato ai
- Valeu mesmo, mas não será preciso - saltei do carro - Tchau!
Não esperei por uma resposta, que eu sequer sabia se viria, e me apressei pra entrar em casa.
E se arrependimento matasse...
Ficar dentro do carro com o insuportavel do Diego parecia o paraiso perto da zona que se encontrava minha casa. Por meio segundo pensei em dar meia volta, mas sem chance de deixar meus irmãos naquela situação.
- CAYMÃ, DESCE DA BANCADA AGORA - acabei gritando, sem me importar que era o meio da madrugada, afinal se os vizinhos não acordaram com a algazarra que estava antes, não seria meu grito o unico responsável por isso
Corri pra segurar o pirralho que estava prestes a simplesmente pular do balcão que deveria ter o dobro da sua altura.
- Já basta de pessoas hospitalizadas por hoje - afirmei segurando a criança que agora esperneava no meu colo - Cauã onde está a Yuna? - perguntei pro meu outro irmão que devorava uma caixa de leite condensado melecando todo o sofá
- Já faz uns 30 minutos que ela entrou no seu quarto com o celular na orelha. Acho que tá falando com a namorada - deu de ombros, enfiando outra colherada na boca
Marchei até o comodo tão conhecido por mim, flagrando a meliante sentada na beirada da cama com o celular na orelha. E apesar do semblante abatido, não consegui conter minha raiva.
- Yuna, você só tinha uma missão muito simples - iniciei já completamente alterada - Era simplesmente ficar olhando Cauã e Caymã. E quando chego aqui quase presencio um acidente doméstico com o Caymã, enquanto o nareba assiste de camarote e destroi o sofá que a mamãe nem terminou de pagar - desato a falar num tom tão raivoso que até o caçula em meus braços me encara assustado - Você tem que entender que já tem 16 anos, deveria ter algum tipo de responsabilidade. Mas nem com o papai hospitalizado você deixa de ser uma egocentrica incompetente
- Você não entende, nenhum de vocês entendem - a mais nova começa a falar com a voz embargada - Eu tive alguns problemas Teça, deixei os meninos só por alguns minutos pra tentar resolver - falou melancolica, mas isso não me amoleceu - Acabei de levar um pé na bunda, acho que mereço um momento de paz nessa casa
Dei uma lufada pesada, antes de contar até 10 e repassar vários mantras na cabeça pra não surtar.
- Yuna, você tem noção de que nosso pai pode tá morrendo em um hospital? - perguntei quase que rosnando - E nem com isso você consegue parar de olhar pro próprio umbigo - neguei com a cabeça inconformada - Você não é a unica e nem a ultima nessa casa que tem problemas pessoais, mas é a unica aqui além dos dois pequenos que parece botar a noção no cu e o bom senso também - usei todas as minhas forças pra não voar na pirralha que revirava os olhos pra mim - Vou dar banho e colocar os meninos pra dormir, quando voltar primeiro quero ver a sala limpa e segundo não quero ver a sua cara.