Soraya. - X

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Acordamos tarde em um feriado, as ruas estavam vazias, o que significava que a grande maioria das pessoas estavam viajando.

– Ok, combinado! Eu também vou sentir saudades. Beijos.- Desliguei o telefone e pude ver Déborah revirando os imensos olhos cor de mel.
– Você está aproveitando coisa melhor. Não entendo porque ainda insiste em continuar com esse cara. – Seu café da manhã era batata frita da noite anterior. Aquilo com certeza podia ser considerado um crime mundial.
– Não fala besteira, por favor. – Empurrei suas pernas que estavam jogadas por cima das minhas.
– Inclusive... Estou muito orgulhosa de você. – Ela se inclinou para beijar minha boca rapidamente. Déborah tinha seu jeitinho único de demonstrar carinho. – Finalmente se rendeu ao poder magnífico das mulheres. –Ela enfatizou sua frase.
– Das mulheres, não. Da Simone! E eu juro que se algum dia você cumprimentar ela com um beijo na boca, eu te mato com minhas próprias mãos. – Corrigi e acabamos rindo juntas. Nesse mesmo tempo ouvi meu celular tocando e pelo visor já pude saber quem era antes de atender. – E falando na Deusa. – Mostrei a tela do celular e Déborah levou ambas as mãos até o peito, interpretando um ataque do coração.

–Olá, professora. – A minha voz mudava automaticamente quando era para falar com ela, não era algo planejado por mim, mas acontecia. –Claro, estaremos prontas. Pode deixar. – Mordi o lábio inferior para tentar conter o sorriso bobo.

Déborah estava com a cabeça grudada na minha em uma tentativa falha de ouvir a conversa.

– Conta agora! Eu ouvi o meu nome. – Esperou eu desligar para gritar totalmente ansiosa.
– Ela quer nos levar para passar a tarde na casa dela. – Quase não consegui terminar de falar e ela saiu correndo para se arrumar.

Estava calor, Simone citou algo sobre ter piscina e ser um encontro somente das quatro amigas, então acabamos vestindo a parte de cima do biquíni e uma calça pantalona bem leve, a minha branca e a da Déborah era rosa. Não demorou muito e pude ver da sacada do apartamento que o carro de Simone já estava lá embaixo e descemos no mesmo minuto. D se sentou atrás e eu me sentei no banco do carona. Simone cumprimentou minha amiga e se inclinou para deixar um beijo discreto em minha bochecha, acertando o cantinho da minha boca e eu acabei sorrindo com aquela provocação, já minha amiga que não sabia guardar a língua dentro da boca soltou um assobio em resposta a cena que assistiu e fez com que ríssemos todas.

Não demorou muito e já estávamos na casa que eu já havia visitado anteriormente, andamos em direção a cozinha e lá avistamos Janja que preparava algo no fogão com muita familiaridade, algo me dizia que ela também já esteve diversas vezes ali e eu me controlei um pouco para não me incomodar com aquilo.

– Queridas! – Ela atravessou a cozinha para se aproximar e conseguir nos cumprimentar com um beijo no rosto. – Estou fazendo bruschetta de tomate. – Ela encostou-se ao balcão da cozinha e Simone estava bem ao seu lado servindo uma quantidade generosa de Chandon Rosé nas taças.

Estava tentando não ficar incomodada com a situação, sabia que não tinha nada para estranhar ali, mas o modo como as duas eram tão próximas me deixava um pouco desconfortável. Eu não sabia nada sobre elas. Simone caminhou em nossa direção, entregou uma taça para cada, brindamos antes de beber e ela manteve seu braço contornando minha cintura enquanto bebia a sua.

– Vem, Déborah, eu vou te apresentar o resto da casa. – Simone fez seu papel de anfitriã e seguiu andando para os outros cômodos, minha amiga seguiu seus passos.
– Posso te ajudar? – Falei me aproximando da outra loira.
– Estou só organizando tudo nessa tábua aqui. – Ela me mostrou o que fazia. – Você pode me ajudar levando essa garrafa dentro de uma champanheira com gelo. Vem. – Ela me mostrou as coisas que eu deveria organizar e logo caminhamos para a parte externa da casa.

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