Soraya. - VII

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– Qual é, Soso! Prometo que não vai demorar muito.– D pressionava meus ombros com ambas as mãos para me fazer sair do quarto.
– Você sabe que nosso apartamento não é um Motel, não sabe?– Retruquei.
– Eu conheço a peça, vai durar apenas alguns minutos, pode até esperar aqui fora se quiser.– Ela me levou até o corredor e eu estremeci de repulsa só de imaginar. – Prometo limpar tudinho e deixar cheirosinho quando acabar.– Ela juntou as mãos como quem implorava.
– Tá.– Acabei rindo do desespero. – Mas se vai durar apenas alguns minutos, te aconselho a tirar ele da sua lista do tédio.– Dei de ombros e sai, apenas ouvindo ela falar no fundo "anotado."

Caminhei para fora do condomínio e segui andando pela rua atrás da cafeteria que visitei da última vez, entrei e pedi por um café grande, estava ansiosa e gostava da sensação de paz que aquela bebida me trazia de alguma forma. Deixei o lugar e me encostei na vitrine, busquei pelo meu celular na bolsa e abri a conversa de César, afim de implorar que ele me acolhesse enquanto minha melhor amiga fazia um filme pornô em nosso apartamento, mas fui interrompida antes de conseguir enviar.

– Soraya?– Levantei meu rosto e encontrei Simone, estava dentro do seu carro e provavelmente indo embora depois de ministrar suas últimas aulas.
– Oi!– Me afastei rapidamente e fui até ela para cumprimentar, assim que me aproximei do carro pude sentir o seu cheiro e automaticamente o gosto do seu beijo, sem nem precisar beijá-la.
– O que está fazendo aqui tão tarde?– Ela retribuiu o cumprimento e estreitou os olhos ao me fitar de tão perto.
–Hm, Déborah precisou de um tempo para ficar sozinha.– Tentei disfarçar o máximo que conseguia.
– Acho que entendi. – Sorriu. – Soraya...– Ela gaguejou para falar, como quem pensava se era o ideal dizer o que tinha em mente ou não. – Você quer me acompanhar até a minha casa?– Passou a língua entre os lábios para umedece-los e eu jurei que estava tendo um infarto.
–Claro!— Como uma boa emocionada que sou, aceitei sem nem pensar duas vezes.

Dei a volta para conseguir entrar no carro e me sentar no banco do carona e de lá partimos diretamente para sua casa, entramos em vários assuntos sobre o direito e outros trabalhos que ela também fazia parte. O que mais me chamava atenção em Simone era sua inteligência, era fácil se apaixonar por ela depois de ter uma conversa de apenas dois minutos, sua inteligência era hipnotizante, me tirava o chão.

Não demorou muito e já estávamos em sua casa, uma imensa casa toda pintada de branco, lembrava muito a Grécia.
– Pode ficar à vontade.– Disse depois de abrir a porta e se afastar para me dar espaço.
– Eu agradeço. – Disse depois de analisar rapidamente a casa por dentro, tinha diversos móveis rústicos de madeira maciça e decorações elegantíssimas.
– Posso te oferecer uma bebida ou prefere outro café?– Questionou enquanto largava a bolsa e o casaco no pequeno closet que tinha no hall de entrada, apanhou minha bolsa com os meus pertences e também colocou ali.
– Depende, que tipo de bebida Simone Tebet aprecia quando está na paz de sua própria casa?– Encarei seu rosto e tive a sorte de admirar seu belíssimo sorriso outra vez.
– Tudo bem, eu já entendi.– Ela seguiu em direção a adega e voltou com uma garrafa Royal Salut 62 Gun e dois copos baixos com uma única pedra de gelo perfeitamente lapidada dentro de cada um, me entregou o meu copo depois de despejar a bebida.
– Uau.– Estava impressionada com tamanha elegância, segurei meu copo e tomei a coragem de me sentar em um dos três sofás que ela tinha em sua sala de estar.
– Bom, você me perguntou qual a bebida que eu gostava de apreciar e é essa. – Sentou-se no sofá em frente ao meu e relaxou seu corpo cansado ali. – Esse whisky é o maior tributo à realeza já feito. Chama-se 62 gun devido a cerimônia dos 62 tiros de canhão que é uma das mais raras, prestigiosas e tradicionais cerimônias que ocorrem em homenagem à família real britânica. – Deu um gole na bebida. – Quase uma obra de arte histórica. – Apoiou o cotovelo no braço do sofá e o queixo em seu indicador, tudo isso sem tirar seus olhos de mim nem por um segundo. Simone tinha uma inteligência excitante.
– Você estuda tudo o que vai beber?– Consegui desviar meu olhar do dela finalmente e levei meu foco para a bebida que era tão boa quanto interessante.
– Tudo o que me deixa curiosa. Eu sou uma mulher dedicada em tudo o que faço. – Mesmo relaxada, sua postura era perfeitamente alinhada no encosto do sofá.

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