Capítulo 26

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•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça Lovers – Anna Of The North.

any gabrielly'pov

       Minha mente ainda está tentando processar tudo o que aconteceu essa noite. Tudo volta como um flash diante dos meus olhos: Noah me levando ao lugar favorito dele e me contando um dos seus segredos mais íntimos, o momento divertido com as crianças do no Hospital Infantil de Bridgton, o beijo, a pegação ardente na minha cama, meus gemidos ecoando pelas paredes do meu quarto. Aconteceu mais coisa em uma noite, do que em quatro anos convivendo com ele.

       Nunca fomos próximos, e Noah nem fazia questão de se quer conversar comigo. Quando ele ia no quarto da Sofya e eu estava lá com ela, não passava nem da batente e era rápido no que queria. Na escola – aí sim – às vezes eu o pegava olhando para mim de longe quando estava com os amigos, mas isso foi mais no início – nos dois primeiros anos, mais ou menos –, e depois isso passou a se tornar algo muito raro. Contato com Noah Urrea era algo que eu considerava impossível e fantasioso.

  Mas agora aqui estou eu. E ele está comigo, deitado em cima de mim, com a cabeça apoiada no meu ombro enquanto respira forte e quente contra a pele do meu pescoço. Eu estou imóvel, apenas sentindo em silêncio a ponta de seus dedos acariciando meu rosto e meus ombros; é o toque mais suave que eu já senti na vida. É como se Noah quisesse me tocar, mas ao mesmo tempo tivesse medo de fazer isso.

  — Isso é estranho. — Admito em voz alta, mesmo que eu possa me arrepender depois.
  — O que é estranho? — Noah levanta a cabeça, olhando para mim com as sobrancelhas franzidas.
  — Isso. — Faço um gesto com os dedos, relacionando nós dois. — Nós dois. Essa noite. Porra Noah, eu tô sem roupa.

  Ele ri baixinho, se movendo para levantar o corpo. Eu estremeço de frio por não sentir mais seu calor humano, mas não digo nada, apenas abraço meu próprio corpo. 

  — É, você tá. — Ele diz — E é muito gostosa.

  Reviro os olhos e abro um sorrisinho, com o rosto ardendo de vergonha. Ninguém nunca me viu assim, e quando eu finalmente mostro meu corpo pela primeira vez para alguém, sinto que foi rápido demais. Não tive tempo para sentir vergonha, para me esconder; Noah simplesmente enfiou a cabeça entre minhas pernas e me chupou – não que eu esteja reclamando disso.

  — Se arrependeu? — Noah levanta uma sobrancelha, usando a mão para afastar meu cabelo para atrás da minha orelha.
  — Não, foi…foi gostoso.

  Ele ri baixinho e beija minha boca delicadamente. Isso também é estranho; beijar Noah assim tão fácil. Nem acredito que eu realmente estou aqui com ele, depois de anos o olhando de longe e pensando o quão inalcançável tudo isso me parecia. Alguém me belisca, acho que estou sonhando.

  — Então por que acha isso "estranho?"
  — Porque você é o Noah Urrea. Você já fez essas coisas com várias garotas, e eu nunca pensei que seria uma delas. — Dou de ombros, mordendo a bochecha. — E agora estamos juntos aqui e eu não sei o que dizer, porque não sei o que está acontecendo com a gente. Eu quero muito entender.

  Os olhos estreitos de Noah esquadrinham cada canto do meu rosto, certa desconfiança – ou medo – pairando pelo ar entre nós. Isso só me faz pensar em como as coisas vão ser daqui pra frente; eu o conheço bem o suficiente para saber que agora eu corro o risco de sair magoada disso tudo. Apesar de termos nos divertido juntos hoje, dando risada e trocando beijos, amanhã pode ser bem diferente.

  — Eu também não sei o que tá acontecendo. — Noah admite e se encosta na parede, mantendo os braços largados na cama e as pernas perdidas entre os lençóis de joaninha – eu preciso trocar esses lençóis de criancinha se ele vier parar na minha cama outra vez. — Mas não consigo ficar longe de você.

𝐴𝑙𝑙 𝐹𝑜𝑟 𝑈𝑠Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora