Capítulo 25

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Any Gabrielly 🦋

      - Ok...meu quarto fica lá em cima.
- Digo a Noah assim que fecho a porta atrás de nós, e acendo a luz do hall de entrada. - Segunda porta a direita. Eu vou beber uma água, mas você pode subir.

Espero que o sorriso maldoso que eu vi em seu rosto seja apenas um reflexo, mesmo que tenha me deixado arrepiada. Noah sobe as escadas, pisando forte na madeira e sumindo no escuro do corredor até a porta do meu quarto. Eu suspiro e vou para a cozinha, porque preciso tomar meus remédios.

Encostada no balcão, engolindo uma pílula de anticoagulante junto com água, repasso mentalmente todos os acontecimentos da noite que me trouxeram até aqui. Eu realmente gostei bastante de passar a noite com o Noah, ele pode ser bem divertido e menos idiota quando está sem os amigos dele por perto; gosto disso. Quer dizer, não que eu ache que ele não devia ter amigos, só acho que ele deveria parar de agir como um babaca mentiroso só para parecer "legal" perto deles.

Tomo as estatinas também, guardo tudo no armário de remédios e então subo até meu quarto. Talvez eu não devesse ficar sozinha com Noah aqui em cima, mas também não quero que ele vá embora agora.

Empurro a porta do quarto, dando de cara com Noah sentado na ponta da minha cama pequena, encostada a parede. Ele está segurando meu bloco de desenhos nas mãos, passando as folhas com os dedos lentamente enquanto parece bem distraído olhando minhas "obras de arte".

- Não toca no caderno. - Corro até ele e arranco o bloco da sua mão, o fechando para pôr onde pegou; na minha escrivaninha.
- Por que não? Qual o problema? - Noah apoia as mãos para trás no colchão, jogando todo o peso de seu corpo sobre elas.
- É pessoal. Um diário, só que com desenhos e não palavras. - Dou de ombros, sentindo meu rosto corar por falar uma idiotice como essa em voz alta. - Não deixo ninguém olhar os desenhos
- Deveria deixar; eles são ótimos. E olha que eu nem sou muito fã de arte.
- Se não é fã de arte, como pode reconhecer uma arte "ótima". - Sorrio de forma desafiadora, erguendo uma sobrancelha.
- Eu sei reconhecer uma coisa bonita quando vejo uma.

Noah olha para mim, os olhos esverdeados brilhando pela luz fraca do meu abajur de lua cheia e os pisca-piscas de natal na cabeceira de ferro da minha cama. Eu sorrio de canto, me arrastando para mais perto dele.

- Cite uma. - Digo

Ele morde o lábio inferior, abrindo um sorriso nos lábios macios. Depois ri baixinho, inclinando a cabeça para trás. Noah franze a testa enquanto olha para minha coleção de desenhos, quadros e rabiscos nas paredes.

- Aquele.

Ele aponta para o coração. É um coração humano, não o coração de mentira que achamos naqueles cartões melosos do dia dos namorados. Metade dele são apenas flores, que ainda estão prestes a desabrochar ou simplesmente já estão ali abertas, sobrevivendo pelos batimentos cardíacos do lado "normal" do coração. Eu o desenhei depois de assistir A Cinco Passos de Você no cinema, porque se a Stella tinha a versão dela do desenho com os pulmões, eu deveria ter a minha com o coração. Mas, muito antes do filme, eu já tinha criado uma coleção inteira com desenhos de corações humanos em diferentes estilos.

- Você acha? - Sorrio de canto, mordendo o lábio inferior enquanto encaro a minha "obra" feita com giz de cera de pastel seco.
- Acho.

Silenciosamente, Noah passa os olhos por cada desenho pregado na parede, por cada quadro pendurado, por cada rabisco na parede azul-turquesa feito com carvão artístico. É o que eu mais faço na vida; desenho.

- Você é muito talentosa. - Ele murmura e sorri, olhando para mim em seguida. - E por você ser muito talentosa, estou extremamente chateado com você.
- Por que? - Franzo a testa e meus lábios curvam-se para baixo.
- Porque não tem nenhum desenho da minha barriga tanquinho no seu "diário". - Ele sorri com maldade, erguendo uma sobrancelha e tombando a cabeça para frente outra vez. - Onde estão os desenhos em que estou só de toalha? E os romances gregos que você imagina comigo?

𝐴𝑙𝑙 𝐹𝑜𝑟 𝑈𝑠Onde as histórias ganham vida. Descobre agora