Capitulo 10

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Any Gabrielly 🦋

Paro minha moto atrás do jipe de Noah, na entrada da garagem dos Urrea's. Enquanto tiro o capacete da cabeça, ele sai do carro, batendo a porta com força desnecessária. Sem dizer nada, apenas trocando alguns olhares vergonhosos, eu o sigo para dentro da casa.

  Ainda estou pensando no que ele me disse na escola, antes de virmos até aqui – "Não vou tocar em você. Só se me pedir". E eu me senti tão estranha em relação a isso. Na verdade, me sinto estranha em relação a Noah desde o primeiro dia em que ele botou os pés na nossa escola.

  No primeiro dia de aula, fiquei ouvindo das garotas da minha turma dizerem o quão "gato" ele era – embora na época ele só fosse bonito e não tão gostoso, porque ainda estava bem longe de ter o corpo atlético que tem hoje – e eu simplesmente decidi ser do contra. Bati o pé contra essa afirmação, dizendo que Noah Urrea era só mais um garoto padrão e que, em alguns meses, todas elas estariam enjoadas de olhar pra cara dele – claro que isso não aconteceu. Mas, bem no fundo da minha mente, eu ficava pensando na boca dele beijando a minha, ou em suas mãos tocando meu corpo, dizendo que queria a mim – somente a mim. Com o passar dos anos, passei a pensar nisso com muito menos frequência, acabando que deixando pra lá esse meu lado secreto "tarado por Noah Jacob Urrea".

  Mas depois de hoje…só consigo pensar nele sem camisa. Só nisso. Ele é muito gostoso, o que eu posso fazer contra? Ficar cega? Além disso, é totalmente normal e plausível achar caras do ensino médio gostosos.

  Entramos na cozinha, onde encontramos Wendy – a mãe do Noah – e Sofya conversando.

  — Elly, que surpresa! — Wendy abre um sorriso gentil e acena para mim. — Como é que você está? Faz tempo que não há vejo, parece até que você não vive aqui, né?

  Ela ri e eu não consigo decifrar se isso foi uma indireta, ou só uma brincadeira. Então apenas sorrio.

  — Estou bem, obrigada. — Digo, soando o mais gentil possível.
— Que bom que você apareceu aqui, tipo, do nada! — Sofya já fala gritando, como sempre. — Estou precisando de ajuda. Vem!

  Ela se levanta e sai me puxando pelo braço, mas Noah a impede de me levar, segurando-me pelo outro braço. Me sinto um último pedaço de alcaçuz sendo disputado.

  — Pode tirando o cavalinho da chuva. — Ele diz — Ela é minha hoje.

  Arregalo os olhos e viro o rosto para Noah, que nem parece perceber o peso que essas palavras tem. Quando olho para Sofya de volta, ela revira os olhos.

  — Sua? Você não tá nem aí pra ela. — Nossa, Sof. Por que não enfia uma faca no meu coração; dói menos. Ela me puxa para um lado, e meu braço dói.
  — Any Gabrielly é minha parceira de trabalho ainda. — Noah me puxa de volta, com força o suficiente para eu escorregar da mão pequena de Sofya. — Vai assistir aqueles seus desenhos estranhos e me deixa terminar meu trabalho em paz.

  Ele passa o braço por meu pescoço, puxando-me para mais perto dele. Travo na posição, levantando o rosto para observar sua expressão séria. Depois olho para Sofya.

  — Tá, tá... Mas eu tô de olho. — Ela faz um sinal com dois dedos na nossa direção, em seguida sobe até o quarto e a ouço bater a porta.

  Que porra aconteceu aqui?

  Olho para Noah outra vez e ele me solta.

  — Beleza… — Ele murmura, coça a cabeça ao olhar pra mim. — Espera aqui. Ok? Vou lá em cima trocar de roupa e já volto.

𝐴𝑙𝑙 𝐹𝑜𝑟 𝑈𝑠Where stories live. Discover now