Capítulo 12

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Any Gabrielly 🦋

  Por ser uma cidade relativamente pequena, Bridgton costuma tratar o halloween como uma data tão importante quando o 4 de Julho ou o Natal. É por isso que a cidade inteira está "adequada" para a data festiva, decorada até o talo com abóboras fazendo caretas, fantasmas falsos, teias de aranha falsas, luzes em tons assustadores e tudo o mais que posso imaginar que sirva como decoração de halloween.

  E, por isso, os alunos da minha escola não paravam de falar da festa da Sabina durante a semana inteira, e que está para começar daqui algumas horas.

  Eu devia estar preocupada com quando voltaria para casa, ou se vou beber, beijar alguém ou sei lá o que, mas estou pensando no que Noah me disse no início da semana. "Vá a festa de halloween no sábado e eu te conto." Tá, mas contar o quê exatamente? Quer dizer, sei que eu pedi uma resposta para o motivo dele ir atrás de mim hora sim e hora não, mas ainda não tenho nenhuma pista sobre o que ele vai me dizer essa noite. Isso é assustador.

  Pela última vez, encaro meu reflexo no espelho, decidindo que minha fantasia de Cisne Negro e a maquiagem que aprendi a fazer pelo Youtube não ficou tão ruim, se levar em consideração que me maquiei sozinha. Toda a minha roupa de bailarina é preta, desde o collant apertado, até as sapatilhas amarradas nos meus pés. Passo os dedos cobertos pela luva de renda, no tutu preto, sentindo a textura entre os dedos. Arranjar a fantasia foi difícil, já que as fantasias femininas mais famosas do halloween na nossa cidade são as de bruxa.

  Sorrio para mim mesma, apesar de sentir que vou ficar com dor de cabeça, por ter puxado meu cabelo em coque alto e forte. Usei quase metade do pote de gel para conseguir esse efeito.

  Batidas leves na porta do quarto ecoam e eu me viro na direção dele.

  — Entra, mãe. — Digo
  — Minha nossa, que linda! — Minha mãe sorri e cobre a boca com as mãos ao me observar. Reviro os olhos, mas estou sorrindo para ela. — Pode dançar igual a um ganso com torcicolo, mas é a bailarina mais linda de todas!
  — Mãe!

  Dou risada e ela segura minhas mãos com a delicadeza, analisando cada detalhe da minha fantasia e da minha maquiagem. Quando disse que eu iria fantasiada de Cisne Negro, minha mãe praticamente saltou de alegria pela cozinha, porque sempre amou ballet. Ela até fez alguns anos de aula, mas, infelizmente, quebrou o pé quando tinha 12 anos e teve que desistir dos seus sonhos. Pelo menos não tentou me forçar a seguir esse sonho por ela…

  — Preciso tirar uma foto! — Ela diz, toda contente por me ver toda montada desse jeito.
  — Nãããão! — Resmungo e pego minha jaqueta de couro em cima da cama. — Vamos logo, a Sof tá me esperando.
  — Não sem uma foto! Faz uma pose aí.

  Suspiro, pondo a jaqueta antes de fazer uma pose simples de bailarina, porque só assim minha mãe me deixa em paz. Depois de tirada a bendita foto, eu pego tudo o que vou precisar e então vamos embora.

  Dentro do carro da minha mãe, eu observo a cidade mergulhada na noite "mágica" de halloween, onde as crianças fantasiadas correm por aí atrás de doces ou travessuras. Há fantasias de todo tipo; fofas e assustadoras, cujas são minhas favoritas. Lembro-me de ter essa idade, e sempre querer me fantasiar de Maria Sangrenta, porque Josh morria de medo dessa lenda e eu amava assustar ele. Pensar nessas lembranças me fazem rir baixinho.

  — Do que você está rindo ai, hein? — Minha mãe pergunta, com um sorrisinho no rosto.
  — Nada, só… — Olho para ela e sorrio de volta. —…só lembrando. Lembra do Josh Beauchamp?
  — O gatinho que tinha uma queda por você? Uhum, lembro sim.
  — Tava pensando na época em que éramos mais próximos. Só isso.

𝐴𝑙𝑙 𝐹𝑜𝑟 𝑈𝑠Where stories live. Discover now