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Afastei nossos rostos, dei uma tosse e virei de costas.

Daniel: Desculpa!

- Desculpa?! - gargalhei de ironia. - Me beijou pra pedir desculpas?

Daniel: Na verdade, te beijei por gostar de você...

Dênis: Oi gente! - ele sorriu no canto da porta. - E ai, Daniel! - apertou a mão do mesmo, veio até mim e, sem minha permissão, me roubou um selinho.

A cara do Daniel era de ciúmes, enquanto eu, queria entender o que tava rolando.

- Oi amor... - sussurei.

Dênis: Então, queria te agradecer por ter me ajudado naquele dia, te devo muita coisa!

Daniel: Não se preocupe. - mexeu os ombros. - Estamos quites... - ele riu forçado. - Eu tô indo nessa, vou arrumar minhas malas.

Dênis: Vai se mudar? - falou com desânimo.

Daniel: É... Por alguns anos. - fritei o olhar na direção dele.

- Tudo bem... Melhor ir logo mesmo. - falei seca.

Ele concordou com a cabeça e num simples gesto de valeu com o dedão foi embora. Apoiei as mãos na pia gelada, Dênis me abraçou por trás e beijou minha nuca.

Dênis: Você tá estranha... O que foi? - e desde quando você me conhece assim?

- Eu tô bem! - sorri e me virei pra ele. - Estamos bem... - ele concordou com a cabeça.

Dênis: Já falei que eu te amo hoje? - neguei rindo com a cabeça. - Então eu vou falar, lá na sua cama, eu e você, pelados, esquentando a cama... - mordeu minha orelha.

Vamos , Ana, você vai relaxar...

1 mês depois...

Acordei assustada, depois de tanto tempo dormindo grudados até às dez da manhã, hoje acordei sem o Dênis do meu lado. Curvei as sobrancelhas e encarei a foto do Daniel e minha na cabeceira, sussurrei que sentia saudades e já me levantei, andei até a cozinha, peguei água e andei pro quintal, fiquei olhando a árvore. Depois do copo de água vazio, abracei meu corpo e ouvi um canto de passarinho, cheguei mais perto da árvore e vi Margarida, lembram dela? É, agora aquela frase faz sentido, "Deixa livre, se voltar é seu." ela sempre foi minha, sempre esteve aqui, eu nunca percebi e é por isso que eu amo essa vida... Essa coisa de destino traçado, de cara metade, de saudade, de romance, do "deixa eu cuidar de você", isso faz um puta sentido!

Dênis: Cheguei! - anunciou.

Corri até ele e agarrei as pernas em sua cintura, abracei seu pescoço e o enchi de beijos.

- Senti sua falta... - murmurei.

Dênis: Eu também senti... - sorriu lado e alisou meu cabelo. - Sabe o que aconteceu? - ergueu as sobrancelhas, eu desci do seu colo.

- O que foi?

Dênis: Você sabe, né? Quem atirou em mim, foi o Maurício.

- Não, - gaguejei. - eu não sabia. - senti meu coração acelerar.

Dênis: Calma! - segurou meu rosto. - Encontrei ele hoje, ele tava com o pai dele... Me olharam de forma estranha, e eu fiz uma burrada enorme.

- O que você fez, Dênis? - tirei as mãos dele do meu rosto, e me afastei.

Dênis: Eu soquei tanto o Maurício, que eu acho que agora, quem tá fodido é ele...

- Dênis, depois de mil anos você revive essa história! - surtei. - A gente tava tão bem... - me acalmei.

Dênis: Eu perdi a noção! - alterou a voz. - Eu não queria, só que foi mais forte... Acertei ele em cheio. - empurrei ele, que caiu de bunda no chão.

- Assim não vai dá! - bati o pé no chão. - Não quero fazer parte dessa guerrinha ridícula! Vamos pensar, vamos se dar um tempo.

Dênis: Por causa disso? - levantou do chão. - Não acredito! - gritou.

- Não tô nem ai! O Maurício é doido, não quero correr risco!

E foi assim, melhor cada um pro leu lado antes que aconteça algo sério. Não sei quando comecei a ser alvo dessa briga estranha e demorada, mesmo assim, me recuso a sair, não vou mais fazer parte disso! Já enjoei de ver pessoas indo embora, já parti meu coração por amor, então, melhor chorar aqui e agora, do que chorar depois que as expectativas estiverem criadas e programadas. Eu me demito dessa área da vida, e vou me demitir quantas vezes for necessário.

DÊNIS

Engatilhei a arma no quarto escuro.

- Agora ele não vai mais causar problemas... - ri maldoso.

Antes, é melhor me programar, peguei um papel e uma caneta, encarei o quarto, sentei na beira da cama e comecei a escrever.

E ai, meu amor... Se você lendo essa carta, é porque alguma coisa deu muito errada, mas fica de boa, relaxa... O lugar pior era aqui! Cuidado com quem você anda e por onde anda, promete que vai cuidar da minha avozinha até os últimos dias da vida dela? Ela é sozinha, tem eu aqui... Outra coisa, cuida do studio pra mim e tenta ficar bem. Eu te amo pra caralho, sempre fui amarradão na sua, e aquele nosso primeiro beijo... Ah, lembro como se fosse ontem. Os dias com você foram todos maravilhosos, te agradeço por ficar comigo e colocar algumas gotas de juízo aqui dentro.

Fica bem, te esperando, meu amor... Beijos, Dênis.

Guardei na cabeceira e encostei a arma nas costas, por baixo da bermuda.

- E ai, tá pronto?!

Cosme: E você tem duvidas? - ele riu no fundo. - O Formiga já tá aqui, estamos te esperando...

- Até já! - anunciei.

Desci até a cozinha, procurei dona Estela, já sorri quando a vi. Aquele vestido colorido dela, junto com as meias e os chinelos coloridos, aquele mundo era dela e eu super orgulhoso por ter a mulher mais foda do meu lado.

- Eu tô indo ali jogar bola...

Estela: Tudo bem!

- Eu te amo. - murmurei.

Estela: Eu também te amo, filho. - sorriu de lado, veio até mim e me beijo na testa. - Se cuida.

De qualquer forma, aquilo foi um aviso, mas hoje, eu quero descomplicar o complicado e vai ser da pior forma, por que não importa qual forma eu escolha, sempre vai ser a pior.

linda, louca & mimada [2] - Mariana Jeveauxحيث تعيش القصص. اكتشف الآن