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CARNAVAL, eu odeio a presença do Dênis. Enfiei a mão na cara dele, empurrando a cabeça dele pra trás. Marcela caiu no chão rindo e eu me levantei.

- Ai. Credo. - levantei em disparada, fui até o quarto e separei uma roupa confortável e bonita ao mesmo tempo.

Demorei alguns minutos pra me arrumar e quando saí dei de cara com o Dênis, ele não falou nada, a toalha pendurada no ombro dizia muita coisa, bufou e entrou no banheiro. Terminei de me arrumar e fiz uma maquiagem, ajudei Marcela a se recompor no salto também, eu já não tinha esse problema, quase não uso salto. Mônica veio se juntar a nós também, e acabamos formando um clube da Luluzinha, enquanto Dênis, Thiago, Formiga e Alan nos esperavam do lado de fora.

Segui de chinelo, a arrumação era só do joelho pra cima. Ouvindo o som do bloco em conjunto da bateria, seguimos as pessoas, a concentração era na praia, ao lado do trio elétrico. Confesso que fiquei desanimada ao ler o nome do bloco, bloco das piranhas.

Dênis: Vai seguir?! - apontou pro trio, erguendo um copo de cerveja.

- Acho que não, deu preguiça... Vou me aninhar aqui mesmo. - apontei pra areia.

Dênis: Tá legal. Vou acompanhar por você! - sorriu e sumiu de cena. Enquanto todos iam atrás do bloco, fiquei curtindo a noite com o trio elétrico.

Não podia passar ninguém vendendo uma capirinha que eu me jogava em cima da bandeja, só faltava pedir pra me vender de graça. Depois de seis copos e eu rindo sozinha, acabei fazendo amizade com uns caras, provavelmente três deles estavam afim de mim, que se foda, só queria fumar o narguilé deles.

- Meu nome é David... E o seu?

- Amanda! - exclamei. - Qual foi desse teu narguilé?

David: Show! - ele encarou o narguilé. - Oh gata, fica a vontade... - esticou uma das mangueiras. Acabei ficando por ali e bebendo de graça. Limpei o olhar pelas redondezas e vi Dênis chegando.

O ruim de ser solteira e sair com casal é que não sobra ninguém pra se divertir. Só os caras que também são solteiros, dai, você acaba sendo obrigada a puxar o saco deles, porque o dinheiro acabou e você não tem mais como bancar sua bebida sozinha. Acenei pro Dênis, ele veio rindo.

Dênis: Já fez amizade?! - sussurrou no meu ouvido, com a mão no meu pescoço e acariciou o mesmo. O toque foi leve, mas o corpo arrepiou, efeito do álcool, hora de parar.

- Já! - gargalhei. - Cadê Marcela? - esquivei do assunto.

Dênis: Foi pra casa... Hoje vão rolar altas relações sexuais dentro daquela casa, vai ser um cabaré!

- Ainda bem que somos três e dá pra jogar cartas! - mencionei eu, ele e Alan. Os solteiros!

Dênis: Tem razão! - ele riu. Apresentei Dênis pra David e acabou que fiquei de lado, os dois se gostaram bastante, dançaram até axé juntos.

- David, vou ir embora... Tô cansada! - expliquei. - Até amanhã?!

David: Claro! - ele sorriu, segurou minha nuca e deu um beijo delicado abaixo da orelha. Gargalhei, me afastei e acenei em sinal de despedida.

O caminho começou a ficar escuro, e Dênis me acompanhava, já que no caminho pra cá vimos Alan se atracando com uma ruiva, não queríamos atrapalhar, acabamos puxando nosso bonde sozinhos.

Dênis: Ontem no posto... Qual a sensação? - eu o encarei e fiz careta de eu não entendi. - Do "quase beijo"...

- Fala sério, não achou que fosse de verdade, né?! - eu ri, tentando mentir. Na real, eu não queria beijá-lo, mas sei lá, foi automático, talvez eu estivesse pensando no Maurício.

Dênis: Eu não sei... Me diz você.

- Foi uma brincadeira, e eu também entendi... - sorri e catuquei o ombro dele com o meu. - Amigos?

Dênis: Claro... - sorriu, enfiando as mãos nos bolsos e chutando pedinhas pelo caminho.

Nos aproximamos da casa e entramos devagar, sem querer atrapalhar o que poderia estar rolando dentro dos quartos. Fui no banheiro e tomei um banho rápido, tirei a maquiagem e coloquei um pijama. Não achei Dênis no quarto, então, fui até o quintal. Ele estava sentado no banquinho, de pernas pro ar com um beck na boca, eu ri da cena.

Dênis: Chega ai... - acabei sentando do lado dele. Dividimos um beck, conversas, pensamentos e acabei descobrindo que eu tinha mais em comum do que imaginava. - Uma palavra que te defina?

- Ah... Não sei, deixa eu ver. - pensei. - Educada. - ele riu.

Dênis: Bandida, isso sim!

- Ah é? E você...?

Dênis: Vagabundo...

- Faz sentido. - encarei ele rindo, e ele de volta.

Dênis: Uma palavra que me defina...? - ele sussurrou, perto de mim, os olhares mudaram, tanto quanto a feição de nossos rostos.

- Engraçado...

Dênis: Te quero... - e com uma das mãos ele encontrou meu pescoço.

Deitei em sua mão e sorri, ainda de olhos abertos pude ver ele devolver o sorriso. Ele se aproximou, nem tão rápido e nem tão devagar, em uma medida que eu só entendia o precipício. Os dedos chegaram no meu cabelo, dedos entrelaçados e misturados, eu e meus olhos nos fechamos. Fechada dos pensamentos que diziam não, naquela hora, o corpo disse sim... E eu quis ouvi-lo. Boca macia, hálito de whisky e maconha, mãos tão delicadas perante as minhas, uma lingua invasora e um beijo sedutor.

Eu estava ali, mais uma vez tomando um tapa na cara da vida... Tantas vezes ignorei o Dênis, e agora, estou totalmente entregue. Acho que amanhã devo matá-lo pra me libertar de certas emoções!

linda, louca & mimada [2] - Mariana JeveauxWhere stories live. Discover now