Apresentação

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     Helen

     Estamos dentro do carro ainda, estamos parados perto de uma cachoeira, uma vista deslumbrante, eu não deveria estar agora encantada olhando as estrelas e tranquila, até por que ele podia me matar aqui e me  jogar nessa cachoeira e ninguém sentiria minha falta, mas estranhamente estou tranquila.

Edgar- Meu pai morreu há alguns dias, não éramos o melhor exemplo de pai e filho, mas eu o amava e uma dos melhores dias que passei ao seu lado foi aqui- isso corta meu coração, eu sei o que é perder, ainda não senti o luto da perda do meu irmã  e de minha melhor amiga, acho que tô bloqueado qualquer sentimento em mim só para sobreviver, queria abraçá-lo, mas eu mal o conheço e minha perna está começando a doer.

Helen- Sinto muito- eu sussurro e volto a olhar as estrelas.

Edgar- Há três dias atrás foi aberto o testamento e só vou conseguir herdar a fazenda do meu pai se eu me casar em seis meses, sei que isso foi influência da pela minha madrasta Emanuele, ela sempre infernizou  minha vida, por isso preciso que se case comigo, caso contrário ela ficará com a fazenda e certamente a venderá, como ela já disse, não preciso de muito, mas isso aqui é minha vida- respiro fundo e agora sei por que ele precisa casar.

Helen- Edgar! não me leve a mal, eu sei que conseguiria fazer isso com qualquer outra mulher, acredito que nem deve faltar mulher para isso- afinal ele é muito lindo.

Edgar- Eu falei que minha noiva morava em outra cidade para Emunuele, ela mora há muitos anos aqui e iria saber se fosse uma mulher da região- agora eu entendi, sabe o que é idiota? eu achei que de algum jeito ele iria dizer que era por que ele me queria, sou tão idiota.

Helen- Hum... entendo, eu aceito me casar com você, mas tem alguns poréns, não tenho nenhum documento comigo, ainda não posso te dizer meu nome completo, quero que saiba que estou sendo procurada e talvez você corra riscos, talvez seria até melhor se eu partir- ele passa a mão na cabeça.

Edgar- Quantos aos seus documentos eu posso ver com meu amigo advogado, teremos tempo para isso- ele suspira em seguida - quanto a ser procurada eu já imaginava, quero te proteger, não precisa ter medo, nem ir embora- quando ele diz que quer me proteger eu olho para ele e meus olhos enchem de lágrimas, ninguém nunca disse que queria me proteger, nem meu irmão, olho para a janela e não quero que ele me veja chorar, não sou fraca, respiro fundo e me controlo.

Helen- Mais uma coisa- escuto ele respirar fundo.

Edgar- Eu sei, não vou tocar em você sem ter ninguém por perto e nem sem sua autorização- ele fala rápido eu me viro para ele e minha perna agora dói ainda mais.

Helen- Não é isso, você disse que me daria um dinheiro quando assinássemos o divórcio- ele olha para mim - Eu não quero o dinheiro, você já gastou muito comigo, quando acabar eu só vou embora somente- ele me olha estranho e demora para responder

Edgar- Mas é o justo! você está me ajudando-

Helen- você me ajudou e está me ajudando também, não precisa-

Edgar- Não vou discutir isso agora, quero que me fale sobre você- isso me assusta, não quero lhe contar minha vida - Não sobre sua vida, sobre sua personalidade, já que vamos fingir um relacionamento, preciso saber o que você gosta, do que não gosta, do que tem medo- respiro mais aliviada.

Helen- Bem, comida eu gosto de tudo, principalmente de experimentar coisas novas, acho que por que passei fome e - droga já comecei falando de mais, olho para Edgar, ele está em silêncio, limpo a garganta e continuo -  odeio que mintam para mim ou achem que sou tola, gosto de tudo o que é simples e engraçado, gosto de filmes, principalmente de terror e comedia, Ah! amo pizza! minha comida preferida, gosto de crianças, sou apaixonada por cachorros, as vezes tenho crises de ansiedade, mas uma corrida me ajuda, tenho fobia a- para de falar e percebo que falei de mais novamente.

Edgar- tem fobia a?- não quero falar minha fraqueza para ele, principalmente minha fobia a sapo, mudo de assunto.

Helen- Me fala de você? preciso saber também- ele suspira

Edgar- Não confia em mim ainda!?- droga! ele vai acabar descobrindo, estamos indo para uma fazenda e com certeza deve ter sapos por lá, isso me dá medo, respiro fundo.

Helen- Por favor! não tenta brincar ou fazer piadas comigo, tenho medo de sapo e rã, quando eu era pequena meu irmã meio que me aterrorizava e me fazia o obedecer toda vez que ele capturada um- respiro fundo e ele me surpreende segurando minha mão, olho para ele.

Edgar- Eu nunca faria isso! respeito seu medo, não vou mentir já vi alguns sapos na fazenda, mas prometo tentar os deixar longe de você- Concordo com a cabeça e me afasto.

Helen- Obrigada! Agora é sua vez- ele se ajeita no carro.

Edgar- Eu nunca fui longe daqui por muito tempo, já visitei cidades grandes, tentei fazer faculdade em São Paulo, mas não consegui ficar se quer um mês por lá, meu pai meio que queria que eu fosse estudado e ficou muito zangado, mas essas terras são tudo o que conheço, não precisei ser estudado para isso, também gosto de tudo sobre comida, meu prato favorito é rabada, mas não gosto muito de comidas industrializadas, não tenho medos, o medo que eu tinha aconteceu a dias a trás, meu pai morreu, tenho sonho de ter filhos e criar nessas terras, meu melhor amigo é o advogado que te falei, o nome dele é Sérgio, o único que eu tenho, não tenho muito para falar sobre mim- eu sinto essa vontade de tocar nele sempre, principalmente por que sua vida não foi tão perfeita quanto eu imaginei.

Helen- Vai ficar tudo bem! enquanto eu estiver aqui, você agora também terá a mim- sou sincera, ele me olha e por um tempo, limpa a garganta.

Edgar- Obrigado! melhor a gente ir, você tem que comer- minha perna doe e eu sinto dor, dou um pequeno gemido.

Helen- Eu preciso do remédio, a dor tá aumentando- a dor agora está insuportável.

Edgar- Tá doendo a quanto tempo?- passo a mão no gesso e sinto dor.

Helen- Desde que chegamos-

Edgar- Droga! Helen por que não me disse antes- ele pega uma garrafa de água mineral no carro e o remédio na sacola é me dá, ele me observa - Por favor! na próxima vez não demora a me dizer- concordo com a cabeça.

Helen- tínhamos que ter essa conversa- ainda tá doendo

Edgar- Não importa a situação que a gente estiver, não quero que sinta dor em silêncio, já falei que estou aqui- concordo com a cabeça e encosto no banco esperando a dor passar - Vamos!- ele dá a partida no carro e eu sigo com ele para esse meu novo mundo, espero que após tudo isso eu dê um jeito em minha vida.

AbsmoWhere stories live. Discover now