Capítulo 101

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Ping, Ping

No final do corredor, cujo cenário era borrado por uma escuridão deprimente, o som suave da água soava como o tique taque de um relógio, dando uma pressão indecifrável.

Mo Yi hesitou por alguns segundos, então caminhou em direção ao som.

O longo corredor era silencioso e escuro, apenas com uma suave luz refletindo no piso enquanto fazia um som sibilante. De alguma forma, essa passagem emitia a mesma sensação da entrada de um abismo negro: misterioso, tentador, mas acima de tudo, perigoso.

Ping, Ping.

Mo Yi deliberadamente diminuiu o passo. A atmosfera ao redor era pesada e ele só podia ouvir sua respiração e as tediosas gotas caindo.

O barulho ficava mais claro conforme Mo Yi se aproximava, apesar de que também ecoava mais dispersamente pelas paredes estreitas, tornando difícil dizer de onde vinha.

Quanto mais ele avançava, mais fracas as luzes se tornavam.

E cada vez mais um certo cheiro familiar metálico permeava no ar.

Mo Yi respirou fundo e o ar frio preenchido com o aroma sanguinário deslizou em seu peito ao longo de seu trato respiratório, deixando sua mente um pouco mais clara.

Ele tirou a lanterna do bolso lateral da mochila e a ligou com um clique. Um feixe de luz acendeu instantaneamente, iluminando o cenário.

Havia pequenas gotas de sangue no chão logo a frente de seus pés, refletindo a sobreposições da luz de sua mão e das lâmpadas.

Mo Yi se agachou, esticou um dedo e limpou delicadamente um pingo.

Frio e pegajoso, porém ainda com uma textura molhada.

Ele redirecionou a luz e olhou cuidadosamente para o líquido. Havia um deslumbrante vermelho-sangue nas pontas dos dedos, evidenciando que, de fato, ainda estava bem fresco.

Mo Yi levantou-se, pressionou o pulso para baixo e, no mesmo instante, a luz da lanterna seguiu o rastro carmesim ao longo do corredor.

O aroma ensanguentado ficou mais intenso.

A forma do sangue no chão também mudou de pequenas marcas para grandes extensões avermelhadas. Não muito adiante, se podia ver pegadas se misturando no vermelho. No início elas eram firmes, contudo logo se transformaram em um caos pisoteados o que era bastante espantoso.

Os sons de "ping" nos ouvidos tornou-se mais agudo, como se fosse uma maldição que estivesse emanando das paredes.

Mo Yi franziu os lábios e parou a alguns centímetros de uma poça de sangue.

O fluido aqui parecia um pouco mais antigo, considerando que a maior parte do sangue estava seco e os traços em vermelho ao redor também estavam mais escuro.

Apenas alguns passos dali a porta de uma enfermaria estava entreaberta.

O painel branco estava pintado de respingos vermelhos e marcas escuras. Por trás dele havia apenas uma escuridão profunda, tudo o que se podia ver era o sangue escorrendo por baixo da entrada.

Mo Yi virou-se para o lado e abriu a porta com a lanterna.

Mesmo estando preparado internamente, ele não pôde deixar de se assustar.

Ele notou que a enfermaria estava vazia com somente uma cama meio revirada, no entanto, o terreno estava um caos, cheio de sangue e destroços como se tivesse passado por uma grande batalha.

Mesmo assim, havia uma coisa mais surpreendente nesse espaço —

E isso era o bizarro padrão de sangue desenhado nas paredes.

A borboleta gigante.

O desenho era composto de linhas vermelhas e arranhões encravados na parede. Seu corpo era inchado e feio, as asas gigantes contornavam os olhos ocos como uma assinatura imortal que, em conjunto, gelavam a alma das pessoas apenas com um olhar.

Mo Yi adentrou o espaço subconscientemente. Seus pés pisaram na poça de sangue fazendo sons de sucção e, quando andava, o barulho da sola espremendo o líquido no piso se tornava particularmente óbvio.

Nesse instante, ele pareceu ter pisado em algo duro. Mo Yi parou e abaixou a lanterna — Era uma chave de metal aparentemente bem antiga.

Ele se abaixou e pegou a chave na poça, deixando seus dedos e palmas inevitavelmente um pouco manchados em um tom bordô.

A chave era feita de latão. Um lado da chave estava tingido com sangue enquanto o outro lado era sua cor original, um amarelo-claro quase tão brilhante quanto ouro.

Mo Yi verificou várias vezes, virando a chave de um lado para o outro, mas não encontrou nada de especial, nem ao menos uma única pista confiável que revelasse a utilidade desse objeto.

Ainda assim deveria um item importante.

Seu dedo subconscientemente esfregou duas vezes na superfície lisa do objeto e, em seguida, giraram a falangeta levemente para enfiá-lo no bolso da calça.

Entretanto, considerando os costumes do jogo, como poderia haver uma pista importante em um lugar tão visível?

A não ser que......

Mo Yi abaixou o olhar, seus longos cílios lançaram uma sombra no rosto pálido, cobrindo completamente sua expressão pensativa.

Ele tinha algumas especulações em mente.

Mo Yi estreitou os olhos por um tempo, então voltou a andar pela sala com a lanterna. Após confirmar que não havia perdido nenhuma outra pista, afastou-se do cômodo e continuou em rumo a origem do som.

O barulho da água pingando ecoava persistentemente no corredor vazio, uma gota atrás da outra, como uma contagem fria, silenciosa e ritmada que existia simplesmente para incomodar.

A mão que segurava a luz apertou levemente. Sua palma envolveu por completo o tubo metálico a ponto das suas unhas conseguirem até perfurar a carne de sua mão.

Sua respiração era suave, seu passo era cauteloso e silencioso e, assim, ele avançou sob orientação da lanterna.

O som das gotas de água tornou-se mais alto.

Mo Yi finalmente chegou a uma segunda ramificação deste corredor e, a partir daqui à estrada a sua frente se dividia em outras duas mais uma vez.

Os traços de sangue se estendia pelo corredor da direita e lá havia ainda algumas pegadas de sangue incompletas e confusas. Do lado oposto, o corredor à esquerda era uma escuridão mortal. Sem luzes, sem som, apenas com um silêncio sufocante.

Mo Yi franziu a testa e analisou a situação por um instante.

Então, prendendo a respiração, ele ouviu em meio a escuridão — o "ping" constante vinha do corredor à direita.

Ele avançou na direção do som. A lanterna em sua mão varreu a escuridão do corredor, dissipando algumas das sombras densas e aleatórias lá dentro, bem como iluminando alguns contornos difusos—

De repente, ele congelou.

Uma vaga sombra moveu-se ligeiramente na escuridão, revelando um contorno familiar sob a luz artificial.

Os olhos de Mo Yi se arregalaram e ele quase se engasgou.

— Jiang Yuanrou...?

Congratulations on Your Successful Escape [Bl]Where stories live. Discover now