Diverting or trying

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- O que eu faço? - perguntei trêmula. 

- Vamos ter que bolar um plano, você não me deixa voar no pescoço daquela dissimulada, então...vamos pensar. 

- Lari, você sabe bem como eu to me sentindo, não torna as coisas mais dificeis, dá pra ser?

Ela concordou. Sugeriu que fossemos pra casa e eu concordei. Ao chegar, ela foi se banhar e enquanto isso fiquei na sala, sentada no sofá olhando para o teto. Eu to longe de ter uma crise, e isso é um ótimo avanço se falando do meu tratamento, mas... Eu não sei o que vai acontecer e isso tá me deixando com sensações que não consigo explicar. Eu devo só deixar fluir e se ela se lembrar a gente conversa... Ou eu devo perdoar a Aisha e fazer ciúmes pra ela? Para Jullie, que besteira. Ela é uma mulher casada, adulta, e eu estou no caminho pra ser uma profissional MUITO diferente dela. Seguimos nossa vida, isso é normal. Não tenho mais sentimentos por ela, é só que, tudo acabou estranho e é só isso, é só uma vontade de finalizar direito nossas pendências. 

Eu não tenho mais sentimentos por Bianca Mitchell. É isso. Ficava repetindo para o nada sentada na sala. Larissa aparece enrolada na toalha com uma enorme interrogação em seu rosto, com a mão na cintura me olhando confusa:

- Ficar repetindo mentiras não vai te ajudar, Jullie! Acorda! 

Mordi meus lábios inferiores, reprovando-me. 

- Quem disse que é mentira?

- Você mesma. Se fosse mentira, você acha mesmo que ia ter que matar duas aulas importantíssimas, faltando só uma semana pro início das provas finais? E mais, ansiedade por alguém que ficou no passado? - cruzou seus braços. 

Ela tinha razão, eu não sei definir quais os sentimentos, mas ficou claro que ainda tem algum aqui dentro. 

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~ no dia seguinte... ~

- Tá maluca sumir daquele jeito ontem? - Frank me aborda na entrada da universidade - Te mandei várias mensagens, posso saber o que aconteceu?

- Ah... ãn.. é que a Larissa precisou de mim, ai eu tive que sair correndo e nem lembrei do celular, me desculpa - fiz carinha de dó. 

- Han... - ele fez de conta que se convenceu - dessa vez passa, mas eu fiquei preocupado, não faz mais isso em, pelo menos um sms 

Eu entendo o jeito do Frank, desde que tudo aconteceu ele tem sido muito atencioso comigo, bem como um irmão mesmo. Era horrível ter de mentir para ele, mas eu não quero que isso me persiga pra sempre, é algo que ficou no passado e deve ficar lá. 

Por hoje, meu plano é prestar atenção nas aulas e nas revisões que os professores passarão, incluindo na aula da Bianca. Eu vou sentar no fundo, deixar meus cabelos soltos tamparam meu rosto ao máximo e é isso. Nada de conflitos. 

- Frank, vou me sentar um pouco mais no fundo hoje, acho que to com um pouco de fobia do povo, tem muita gente... - cutuquei ele ao entrar na sala. 

- Quer que eu fique com você? - ajeitou sua mochila em sua carteira.

- Não não... eu te encontro no final da aula - sorri e me direcionei para o fundo da classe.

Abri meu caderno e respectivamente meu livro. Bianca entrou saudando todos com aquele seu belo sorriso, calças apertadas que realçavam seu belo bumbum, uma blusinha mais solta e um salto que a deixou ainda mais estupenda. Não se derreta Jullie. 

Desviei meu olhar da bela professora, que começou sua aula. Eu não a olhava, somente ouvia e escrevia no caderno. Eis que entre suas explicações, o babaca do Jean faz uma pergunta estúpida... Eu não era a NERD da sala, mas não me continha quando ouvia certas asneiras, ainda mais se tratando de semana de revisão para as provas. 

- Jean, por favor... não atrapalha a aula com as suas gracinhas - revirei os olhos.

Nisso, percebo o olhar de Dra. Mitchell a minha carteira, trato logo de abaixar minha cabeça novamente e ficar calada. 

- E a senhorita é... - a professora pergunta lá da frente para mim.

O que eu respondo? Porque se não vier de mim, algum boca aberta vai responder. Não vou falar meu sobrenome, seria óbvio. Então, sem erguer meu rosto e com o mínimo de som possível respondo 

- Jullie, perdoe professora. 

Os meninos começam a dar risada e a murmurarem:

- Nunca vi a esquisitinha falar tão baixinho...

- Meninos, parem! Vamos prestar atenção na explicação - Bianca os repreendem, desfocando sua atenção de mim. 

Para mim, fui convincente. Curta e grossa, sem mais alardes. Claramente, ela não se lembrou de mim, e nem dei bandeira para que isso acontecesse. Bianca pode ter sido uma péssima "amante", uma péssima fazedoras de escolhas, mas uma coisa eu garanto, era uma excelente professora.

Logo a aula acabou, e mais uma vez tratei de sair entre a multidão para me passar despercebida. Para minha surpresa, a professora tenta me chamar. Escuto sua voz, mas não atendo, saindo ainda mais depressa em direção ao pátio. Esbarro em Frank que me olha confuso:

- Você tá com algum problema, fora os que já tem... - ele sorri - não vai mesmo me contar??

- É uma longa história... - respiro - vamos? Eu te conto um dia... 

Caminhamos até o pátio, me sentei num banco e ele se sentou de frente a mim, separando-nos pela mesa. Ele me olhando, esperando que eu começasse a falar. Não vou, esqueça. 

Eis que a minha frente, Bianca passa levando livros nas mãos, aparentemente procurando alguém, disfarço olhando para trás e Frank encara a professora passando, logo percebendo algo.

- É ela, não é? - ele me encara curioso - desde que essa professora entrou, você tá surtando... 

- Claro que não - desconverso 

- Então porque rolou aquela tensão na sala quando ela perguntou seu nome? 

- Frank, calado. - o encaro - só to preocupada com a Larissa...

Ele claramente não engole essa conversa fiada, mas se cala. Lanchamos ali mesmo, e eu só pensava que tinha sido por um fio, minha estratégia de passar despercebida quase falhou no primeiro dia. Sem falar na estratégia de pelo menos fingir que não sinto nada... FALHOU E MUITO. 

Se ela reconheceu ou pelo menos tentou, eu espero que esqueça, e que realmente ela tenha seguido sua vida, a ponto de nos tornarmos meras desconhecidas. Só sei que há algo nela que ainda mexe comigo, mas eu definitivamente tenho que aprender a controlar e superar. 

- Biblioteca depois da aula? - puxo assunto com Frank. 

- Claro. Sim - Ele sorri a me olhar... - sem sair correndo, dá pra ser?

PsicoLove.Where stories live. Discover now