Capítulo 12

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Eu estava encostado na porta, pensando no que Andrew havia dito.

Por que raios ele se importava? Seu foco deveria ser em Kevin, mas por que ele se importava com quem eu era? Eu não sou ninguém, sempre foi assim.

Então, por que?

Nós voltamos para casa às cinco da manhã, não querendo esbarrar com Riko ou seus capangas. O carro veio quieto o caminho todo, Andrew entretido com algo em seu telefone que, pelos sons, definitivamente era CandyCrush.

Paramos apenas uma vez para comer antes de voltarmos para caminho mais uma vez. Quando estávamos a uma hora de distância, Andrew passou para o banco da frente e jogou minhas coisas para trás, sem se importar se eu ainda estava dirigindo e ligou o rádio.

Eu me concentrei no caminho, minhas mãos batucando o volante.

— por que Aaron não sabia que tinha um irmão? — eu perguntei, quebrando aquele silêncio de horas. Andrew tombou a cabeça, me observando com atenção. — se não me disser, eu perguntarei a Nicky.

Ele bufou e voltou a encarar a janela. Eu pensei que ele continuaria em silêncio quando ele começasse a falar.

— somos gêmeos. — ele diz e eu reviro os olhos. — Pense nisso por um segundo, pode ser? Imaginem que você é Tilda. Você estava feliz em contar para Aaron que você abandonou ele e seu irmão gêmeo mas se arrependeu, mas não se arrependeu o suficiente para pegar de volta os dois filhos?

— mas Aaron descobriu.

— sim, Nicky diz que é por isso que ele acredita em destino e blablabla. — tombou a cabeça e me olhou. —Aaron nasceu e
cresceu em San José. Aparentemente, Tilda ficou entediada de namorar nas proximidades e começou a entrar em sites de relacionamentos. Logo depois de Aaron ter completado treze anos, tia Tilda se envolveu com um cara de Oakland. Esse namorado propôs que eles se encontrassem durante o jogo dos Raiders, seria uma programação agradável e divertida, então ela enfiou Aaron no carro e eles partiram. Aaron disse que estava na praça de alimentação quando esse policial se aproximou o chamando de Andrew,
falando como se o conhecessem. Aaron achou que ele fosse maluco ou estivesse confuso, mas não demorou muito para descobrir que algo estava errado.

— deixe-me adivinhar, Higgins?

— garoto esperto, quer um biscoito? — debochou antes de revirar os olhos. — Logo que percebeu que estava com o irmão errado, ele fez Aaron levá-lo até Tilda. Higgins achava que tia Tilda era outra mãe adotiva, que Aaron e eu tínhamos sido separados no sistema de adoção. Higgins queria nos reunir, então Tilda deu-lhe seu número e levou Aaron de volta para casa. Não sei o porquê ela se deu o trabalho. Talvez estivesse muito envergonhada para dizer não, ou não queria explicar a um
policial o que estava acontecendo. De qualquer forma, a minha "mãe" adotiva ligou no dia seguinte para marcar um encontro, e ela recusou. Ela disse para a mulher que não queria nada comigo não queria saber
como ele era ou estava, nada. Ela fez a mulher prometer que não a procuraria nunca mais.

— pelo que eu entendi, não sou só eu que tenho problemas com a minha mãe. — eu digo, batucando os dedos no volante. — e então?

— Aaron ouviu a conversa, foi assim que ele descobriu a verdade. Ele ligou para a polícia de Oakland. Ele encontrou os coordenadores do PAL e deu-lhes suas informações para serem entregues a mim. Duas semanas depois, ele pode ter recebido uma carta pelo correio que basicamente dizia “Foda-se, suma”. — ele observou as árvores com atenção. — ele não tentou novamente até minha mãe adotiva ligar para ele e pedir para ele tentasse novamente na primavera. Então eu fui para o reformatório e Tilda  se mudou para Columbia.

— e quando vocês se encontraram?

— o pai de Nicky. — ele fez uma careta e eu ergui uma sobrancelha. — ele descobriu sobre mim há cinco anos. Quatro anos e meio atrás, quase isso. O verme foi até a Califórnia para conversar com a minha família adotiva e depois foi ao reformatório. Um mês depois, ele voou com Aaron para que pudesse conversar comigo, só que, eu não conto meia hora supervisionada como primeiro encontro. Eles se encontraram de verdade quando eu tive a liberdade condicional antecipada, um ano depois e o verme intimidou Tilda para que me levasse para casa com ela. — eu só o conheço há três anos.

Mentirosa Raposa - AndrielWhere stories live. Discover now