EPÍLOGO: Foi assim que o dia terminou

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A primeira rotina desenvolvida oficialmente por Choi Soobin foi introduzida na sua vida quando ele tinha oito anos de idade.

Ele não considerava a rotina que tinha antes, planejada pela sua mãe, Choi Sohyun, como algo importante. Soobin nunca considerava algo se não tivesse sido aprovado por ele antes.

Assim, levantar, ir para a escola, comer, estudar, jantar, tomar banho e ir dormir não contavam como atividades importantes da sua vida até ele entrar na Escolinha de Matemática Mirim aos oito anos, que foi onde Soobin percebeu que havia nascido para mudar o mundo através dos números, e que se ele não se esforçasse o suficiente, acabaria perdendo algo grandioso à sua frente.

O que exatamente era essa coisa grandiosa, Soobin nunca soube. Mas ele tinha fome, muita fome, de ganhar o primeiro lugar.

Utilizando o máximo da sua inteligência de criança prodígio, Soobin dedicou uma tarde vazia de verão para organizar a sua primeiríssima rotina, onde ele tomou as rédeas de qualquer situação que estivesse pronta para chegar, e se sentiu como a pessoa mais responsável do mundo.

Soobin sabia que chegaria longe se confiasse na sua nova rotina.

Ao estar pronto para tudo, Soobin não precisaria que a sua mãe o avisasse para lavar atrás das orelhas no banho, ou fosse repreendido por esquecer de guardar os sapatos. Soobin era dono do seu próprio nariz agora, e ninguém precisaria mandar nele, porque ele era responsável pela sua própria vida.

Soobin gostava de se sentir no comando.

Ao longo dos anos, Soobin mudou a sua rotina cinquenta e três vezes, retirando os dias que se sentia completamente depressivo e o seu corpo não atendia um estímulo do que o seu cérebro mandava, o deixando ainda mais mole.

Hoje em dia, Soobin teve que aprender a controlar a sua rotina para se tornar alguém mais flexível – contra a sua vontade, porque se pudesse, Soobin andaria feito um robô todo santo dia, de tão satisfeito que isso o deixava consigo mesmo.

Ele aprendeu a dormir mais tarde, acordar mais tarde, a comer fora de hora, a vestir roupas fora de época e sair de casa escondido da sua mãe, ou mentir para ela que estava ocupado com alguma coisa séria, quando na verdade, estava praticando alguma besteira escondido.

Soobin nunca confessaria, mas sair um pouco da rotina, também o deixava satisfeito consigo mesmo.

Ele sabe que nunca seria capaz de confessar, porque Soobin tinha medo de mudanças, mesmo desejando que elas acontecessem um dia – mas teriam que ser mudanças do seu gosto, e como ele gostaria que elas acontecessem.

Mudanças, para Choi Soobin, devem fazer um sentido universal. Se elas chegam com grandes emoções e aleatoriamente, ele não saberia como reagir. Porque eram as mudanças que confundiam a sua rotina, e o que Soobin mais odiava no mundo inteiro – ele odiava muitas coisas, na verdade –, era sair fora do controle.

A única exceção que ele permitiu o deixar fora do controle, mesmo que o seu ego tivesse sido corrompido, foi Choi Beomgyu.

Aquele garoto de cabelo comprido e mechas loiras, cinco centímetros mais baixo que ele, de rosto anguloso e voz anasalada, possuía as características mais desajeitadas e não planejadas que Soobin já havia visto em toda a sua vida. Ele ia contra todas as leis universais, seguindo pela sua própria vontade, fazendo o que quisesse sem se importar, e agindo de maneira tão fora da linha, que só de imaginar, Soobin ganhava quinhentos ataques cardíacos diferentes, por Beomgyu ser a total definição de todos os seus pesadelos.

Se perguntassem para Soobin a primeira coisa que vinha à sua cabeça quando era mencionado o nome "Choi Beomgyu", ele facilmente responderia: caos. O mais belo, inimaginável e apaixonante caos.

É Assim Que a Banda TocaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora