É Assim Que a Banda Toca

28. É assim que se parte corações

Foi uma noite bem conturbada.

E cada segundo desperdiçado nessa tortura eu descontei me preocupando com Heeseung, que não parava de choramingar encolhido no banco, assim que o recolhemos para os vestiários, longe de todo o escarcéu que surgiu no campo de beisebol após a notícia vazada pelo Aigoosh.

O treinador apareceu poucos segundos depois, seguido de alguns atletas do time, para saberem como a estrela principal do colégio estava lidando com tudo isso. O pior, é que nem nós sabíamos como definir o estado de saúde mental de Lee Heeseung, sem considerá-lo acima do patamar de "um nível muito péssimo".

Ele nem parecia que estava mais entre nós.

Os pais dele nem sequer apareceram para saber como ele estava. A sua mãe ficou sabendo da fofoca, que rapidamente ganhou mais de dez mil visualizações em menos de trinta minutos de lançamento, durante um encontro das principais socialites de Tongyeong em Somae-dong. As amigas dela foram quem a alertaram, inclusive, e tudo o que a sra. Lee pôde fazer foi ligar para Heeseung e ficar menos de cinco minutos com ele no telefone, deixando o seu filho ainda mais perturbado com as palavras que somente ele podia escutar pelo telefone.

Do seu pai, ninguém teve notícias.

O treinador ofereceu uma carona para levá-lo embora, e eu me ofereci para acompanhar Heeseung até ele chegar em casa.

Taehyun me sussurrou baixinho que era uma péssima ideia, pois provavelmente iria sujar ainda mais a imagem do rapaz, já que haviam muitas probabilidades das outras pessoas pensarem que era eu quem Heeseung estava beijando naquela foto. Isso se comprova pela pergunta daquela garota nas arquibancadas mais cedo, o que não é de fato mentira: era eu, borrado e fotografado em um péssimo ângulo, destacado naquela fotografia e beijando o príncipe de Tongyeong.

Mas eu não me importei, e pelo desespero que a alma de Heeseung emanava através dos seus olhos cabisbaixos, a única coisa que se passava pela minha cabeça, era ficar perto dele o tempo todo, o protegendo de todos o mal que o cercava a partir de agora.

Eu não me importo de sair ferido nessa situação.

— Chegamos — o treinador Jung anunciou, virando o corpo para nos enxergar pelo banco traseiro. — Vocês precisam de mais alguma coisa?

— Por enquanto, é só isso. Obrigado treinador Jung — agradeceu Sunoo, que abraçava Heeseung de lado, cobrindo-o com um cobertor emprestado dos seus colegas de time.

Eu estava com eles no banco traseiro, me afastando ao máximo que podia para não encostar o meu corpo com o de Heeseung, com medo de que ele voltasse a chorar ao reparar na minha companhia. Ele está encolhido dentro dos braços do melhor amigo, parecendo menor do que o seu verdadeiro porte – e olha que Sunoo é mais baixinho que nós dois juntos –, quase um tatuzinho tentando se proteger dos ataques exteriores do mundo selvagem.

Eu morria de vontade de fazer algo por ele. Abraçá-lo até sentir seu corpo se misturando com o meu, escondê-lo dentro do meu coração e proteger inteiramente até a última parte do seu corpo. Mas eu já me arriscava demais ter acompanhado Heeseung até a sua casa, no meio de tantas notícias e descobertas envolvendo nós dois, que eu mal percebi que precisava ser cauteloso novamente com relação à nossa amizade.

O mundo explodia bem diante dos meus olhos e tudo o que eu podia enxergar era Heeseung chorando na minha frente.

— Beomgyu-ssi, pode falar para o treinador onde você mora que ele te deixa na sua casa — aconselhou Sunoo, abrindo a porta do carro. — Vamos, Heeseung-ah, você precisa levantar.

Heeseung despertou do seu transe, permanecendo com uma expressão neutra e os olhos inchados de tantas lágrimas soltas durante o caminho do colégio para cá. Ele dividiu o seu olhar vazio entre o treinador Jung para Sunoo, e antes de dar o primeiro passo para fora do veículo, onde Sunoo estendia a mão para puxá-lo, Heeseung me olhou bem no fundo dos meus olhos. Esses, que estavam gritando arduamente por um pedido de ajuda.