É Assim Que a Banda Toca

26. É assim que você mexe comigo

Jongseong e Soobin foram as últimas pessoas que eu vi antes de pegar o ônibus de volta para casa.

Apesar de Jongseong ter aparecido no beco para alertar Soobin e eu de que a barra estava limpa, ainda permaneci alguns minutinhos a mais com o rapaz de óculos naquele canto escuro, e contra a minha vontade, só parei de me agarrar com Soobin porque ele havia recebido uma ligação da tia Sohyun, perguntando se demoraria muito para acabar o seu encontro com a banda.

Uma pena, eu diria, que ela tenha interrompido o meu momento de apreciar o seu filhinho querido. Uma pena mesmo.

Soobin não me acompanhou até a parada de ônibus, mas me deu um beijo de despedida, se separando tristemente do nosso calor para seguir sozinho pelo seu caminho. E eu, fui deixado ali, naquela parada fria e solitária, recordando todos os sentimentos que aquela noite havia me proporcionado, sejam eles bons – como a minha paixão por Soobin – ou ruins – como a minha discussão com o Kai.

Mesmo que o meu coração continuasse emocionado após a minha enorme quantidade de saliva trocada com Soobin, eu ainda estava sentindo raiva de Kai e como Taehyun havia assumido oficialmente que se importava mais com aquele garoto do que comigo, ou perceber que ele tinha tanto medo de assumir a verdade na minha frente que preferia se confessar primeiro para outras pessoas, ao invés de encontrar apoio na nossa amizade para conseguir ser sincero.

Eu mal tinha engolido a ideia do intercâmbio e ele me meteu uma dessa no meio do rolê.

Não havia possibilidade de que eu fosse perdoá-lo tão rápido assim.

Ainda bem que eu estava sozinho agora para pensar melhor sobre o ocorrido da noite de domingo, e considerar tudo o que Taehyun já havia passado me deu uma clareza nos pensamentos, de que eu estou sendo egoísta de novo, e que eu não devia permitir o ciúmes de estragar com a nossa amizade tão facilmente assim, da mesma forma como ele me fez acreditar que Huening Kai era o verdadeiro vilão da história.

Quer dizer, eu ainda estou puto com ele. Mas, ah, eu também estou cansado de ficar puto com todo mundo.

Chamei Taehyun para conversar na madrugada de segunda para terça, depois de ter o ignorado durante a aula e resistido a uma sessão de terapia com o meu pai para o seu novo tratamento, esse que precisou da minha participação para alguns traumas serem desenterrados, e o médico descobrir como melhorar a nossa relação entre pai e filho.

Sendo sincero, eu não fico incomodado ao enxergar Namkyung evoluindo como ser humano, era até reconfortante ver que ele estava tentando melhorar, depois de tudo o que passamos juntos, e ver ele perceber o quanto esses bloqueios afetaram a nossa família, me aliviava de alguma forma.

Mas como Taehyun, eu ainda possuo algumas mágoas internas, e não seria um tratamento contra a depressão que iria curar todas as dores de uma hora para outra.

O buraco era muito mais fundo do que Namkyung pensa, e ele recém está aprendendo a cutucar na ferida.

Como estamos nos preparando para a semana de provas, imaginei que Taehyun estivesse acordado e estudando à essa hora, então o chamei pelo chat, não me sentindo completamente confortável para ligar para ele, e já sabendo como ele não gostava de receber ligações, eu queria fazer um pequeno agrado para o meu amigo – além de facilitar um pouco o desenrolar do nosso papo.

> CHAT COM: TYUNNIE MEU AMOR MEU TUDO

BEOMBEOM: Boa noite Tyunnie

BEOMBEOM: Você pode conversar comigo?

TYUNNIE MEU AMOR MEU TUDO: Oi hyung

TYUNNIE MEU AMOR MEU TUDO: Eu posso sim

BEOMBEOM: Sobre a briga lá no bar