23. É assim que uma amizade se rompe

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Eu não estava me sentindo bem o suficiente para aguentar mais uma noite dentro de casa, então decidi que iria perturbar Taehyun só um pouquinho, a fim de fortalecer novamente a nossa amizade.

Brincadeiras a parte, eu não estava me sentindo muito bem por vários motivos, e por isso decidi que precisava ver o meu melhor amigo, apesar de que, no caminho até a sua casa, fiquei vagamente pensando sobre como eu não estarei mais o vendo daqui algum tempo a mais.

Algo se acendeu dentro de mim, apagando aquele medo que me influenciava a mudar de ideia. A necessidade de encontrar Taehyun é mil vezes maior do que permanecer vagando entre os meus devaneios.

E Taehyun já passou muita coisa comigo para continuar calado. Depois dessa confusão toda, agora chegou a hora de ir resolver as contas com a minha pessoa favorita do mundo inteiro.

Foi ele quem atendeu a campainha dessa vez, ainda vestindo o uniforme do colégio e suas pantufas do Stitch. Enxergá-lo dessa forma me fez questionar o quão cansado física e mentalmente ele deveria estar, de tanto que deveria ter estudado para conseguir o seu nome naquela lista estrangeira por mérito próprio.

Eu sei que sou estúpido para muitas coisas, e nessa altura do campeonato, já devo ter perdido a conta de quantas vezes eu havia falhado miseravelmente com o meu melhor amigo.

E mesmo assim, ele continuava do meu lado.

Assim que os seus olhos enormes se fixaram em mim, imediatamente o abracei, apertando o seu pescoço com todas as forças em volta dos meus braços. Taehyun nunca foi muito de receber precipitadamente contato físico, mas dessa vez, ele abriu uma exceção.

— Cara, tá tudo bem? — Taehyun não retribuiu o meu abraço, permanecendo parado feito uma estátua na porta de entrada. — Você não tinha ensaio da banda hoje?

— Posso dormir na sua casa?

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, provavelmente pensando em uma resposta mais delicada do que a que gostaria que saísse automaticamente da sua boca.

Taehyun tremeu os ombros um pouco, e imaginei que tivesse feito isso porque estava segurando um sorriso.

— Você não precisa pedir pra dormir aqui.

Ele segurou nos meus braços, me afastando de si. Taehyun realmente tinha um sorriso no rosto, daqueles enormes que se dispõem de orelha a orelha, mostrando até os seus dentinhos pontiagudos. O meu coração se aqueceu por ver meu melhor amigo daquela maneira, apesar da mágoa por ter o machucado tanto ainda permanecer me assombrando.

Ver Taehyun dessa forma me fazia acreditar que eu estava ingressando pelo caminho certo.

— Você pode fazer aquele lámen gourmet pra gente comer? — Perguntei manhoso, e os olhos de Taehyun se iluminaram com a sugestão.

— Ainda bem que você decidiu vir dormir aqui hoje — ele disse, se afastando para que eu entrasse na sua casa. Fiquei retirando os meus calçados enquanto prestava atenção na sua fala: — Se não tivesse algum motivo especial para comer porcaria, a minha mãe teria esquentado a gororoba da marmita de ontem para servir no jantar.

Calcei um dos chinelos dispostos no chão e joguei a minha mochila no sofá da sala, seguindo Taehyun para dentro do corredor, ouvindo atentamente o que ele tinha para me dizer, como se não tivéssemos nos encontrado hoje de manhã no colégio.

— Eu poderia fazer o lámen no seu lugar, Taehyun-ah, só que você sabe que eu vivo ocupado demais para aprender a cozinhar.

— Ocupado você diz "tenho preguiça", acertei? — Taehyun deu um tapinha no meu braço, me fazendo revirar os olhos.

É Assim Que a Banda TocaWhere stories live. Discover now