Comecei a calcular meios de sair daquele lugar sem ser notada, afinal tudo o que menos queria era voltar para aquela festa cheia de gente esnobe.
Por sorte aquele corredor, tinha saída direta pra via externa daquele condomínio que com muito custo consegui achar.

- Devo me preocupar por provavelmente te flagrar invadindo uma festa? - uma voz masculina me assustou, só não mais do que quando virei e descobri quem era o dono da voz - Não adianta negar porque o jeito sorrateiro, e a forma que assustou quando foi pega entregaram tudo, E acredite que falo isso por experiencia própria

- Acho que devo ressaltar que tô mais pra fugindo do que pra invadindo a festa - foi um grande milagre eu ter conseguido formular aquela frase, ainda mais dize-la com tanta naturalidade - Porque se bem reparar pra invadir, eu deveria ter que estar tentando entrar, enquanto no momento estou fazendo o completo oposto

- Aí você tem um ponto incontestável - ele respondeu enquanto ria e coçava a nuca - Mas, porque? A festa tá tão ruim assim... Apesar de rival, devo confessar que as festas do Calleri são as melhores

- Ah sim, acredito que sejam. Mas não é pra mim - me limitei na resposta

- E você só descobriu agora? - me olhou desconfiado - Essa festa rola desde final da tarde, e já são... - fez uma pausa pra olhar no relógio antes de completar - Quase dez da noite

- É... Devo ter ficado uns 5 minutos na festa - dei de ombros - As outras meia hora passei escondida num corredor que tinha uma jacuzzi

- Nossa, e ninguém sentiu sua falta?

- Pra falar a verdade não tem ninguém aí dentro que se importe ou que me conheça o suficiente pra isso - não era pra soar triste, afinal Marisa apesar de trabalhar comigo não era como se fosse minha melhor amiga

- Me desculpa, acho que toquei num tópico sensível

- Não - interrompi suas desculpas - Está mesmo tudo bem

- Não é o que parece. Acabei de te ver fugindo de uma festa... E se me permite dizer, você não tem cara de que faz isso normalmente

- Não faço. Gosto de festas, mas quando sou bem recebida - balanço os ombros novamente - O que não é o caso daqui

- Sinto muito - foi sincero - Mas, se serve de consolo, acho que quem perde são eles... Você parece uma guria bem legal

Sabe aquele meme da Maisa:

Me sinto adorável

Era como me sentia agora, aquilo vindo de quem vinha me fazia até esquecer o que me foi dito anteriormente por aquele jogador qualquer.

- Sei que agora posso te fazer querer correr de mim, mas tenho que tentar - desembuchei, deixando o rapaz em minha frente confuso - Posso tirar uma foto com você? Juro que essa é a única coisa que vou pedir

- Ué, porque eu correria de você por isso?

- Sei lá. Sempre li nas fanfics que o melhor jeito de conquistar seu ídolo era fingindo que não o conhece - juro que na minha cabeça aquilo parecia bem mais legal, mas só depois de ter dito percebi o quanto havia soado patético. Mas pra minha surpresa o moreno em minha frente abriu aquele sorrisão contagiante - Mas, qual é? Quem acreditaria se eu dissesse que encontrei com o Yuri Alberto enquanto fugia de uma festa do Trikas? Tenho que pelo menos registrar esse momento pra solidificar minha história

- Você é engraçada - ele disse enquanto ainda ria. Agora, a questão era se ele ria de mim ou comigo

Que pergunta...

Claro que era de mim.
Eu era a própria palhaça do circo.

Mas aquilo nem me afetava, afinal um jogador do meu time tava ali na minha frente.

A ultima vez que aquilo tinha acontecido foi quando soube que estava na mesma balada que o Jô, mas eu sequer cheguei a ver o atleta.

- Vem, vamos tirar várias fotos pra você contar isso e ostentar pros amigos - ele me puxou pra perto e começou a lutar contra a câmera horrível do meu celular

Que se já era ruim normalmente, naquela baixa luminosidade conseguia ser bem pior.

Confesso que ele até insistiu bastante, mas chegou num ponto que perdeu a paciência.
Puxando o próprio celular pra tirar aquelas fotos.
Me mandando logo em seguida por AirDrop.

- Obrigada mesmo, Yuri. Você salvou uma noite que já tinha dado como perdida

- Que é isso. Eu não fiz nada demais

- Pra você pode ter parecido nada, mas pra mim foi a realização de um sonho - admiti com os olhos marejados

Que ódio!
Eu era muito chorona... Se fuder.

Ele me puxou para um abraço.

Nada demais.
Apenas um abraço de ídolo e fã.

Mas como dizer isso pro ser que acabou de surgir na porta da casa onde acontecia a festa.

E óbvio que tinha que ser justamente, o motivo de eu não continuar lá dentro.

Seu olhar carregava um intenso julgamento.

E talvez tenha sido por isso que larguei o outro jogador de uma vez.

- Sua amiga estava te procurando - o tatuado falou alto o suficiente pra ser ouvido a distancia

- Pode falar pra ela que já estou indo embora - pedi, mas logo voltei atrás - Não! Pode deixar que eu mesma mando uma mensagem. Não precisa fazer nada, não quero me aproveitar de você

Pela forma que eu falei, até o outro jogador que não sabia o que tinha acontecido deve ter percebido a alfinetada.

- Bom, obrigada mais uma vez Yuri - agradeci já mandando um tchauzinho e caminhando pra onde sabia que era a saída do condomínio. Ou seja, pro lado contrário de onde estava o jogador corintiano, mas justamente na direção onde estava o idiota soberbo

- Tchau! Foi bom te conhecer... Me marca nas fotos e vê se não foge mais das festas

Confirmei com a cabeça e segui meu caminho, passando exatamente do lado do moreno tatuado, ao qual o nome não era relevante o suficiente pra que eu lembrasse.

- Pelo visto coloquei seu plano em risco, mas subestimei você. É bem mais esperta do que eu imaginei, e foi rápida em capturar um jogador de outro time - me alfinetou e dessa vez não consegui ficar quieta.

O outro jogador já tinha sumido, e não havia mais ninguém além de nós dois naquela calçada.

- Olha aqui, garoto. Você não me conhece então vê bem o que sai falando ou supõe sobre mim por ai - minhas unhas se afundaram na parte exposta do seu braço com tanta força que posso apostar que ficaria uma marca - Não sou nenhuma alpinista social, porém não preciso provar isso pra ti, afinal espero não ter o desprazer de te ver nunca mais - as palavras saiam com tanta raiva que eu mesma não estava me reconhecendo - Porque eu posso muito bem ser de origem humilde. Pra mim as coisas nunca foram fáceis, mas estudo e trabalho muito, e nunca precisei passar por cima de ninguém ou usar ninguém pra conseguir o mínimo pra viver dignamente. E acredite que não vai ser agora que isso vai mudar - meu peito subia e descia freneticamente, e naquele momento sabia que nunca havia sentido tanta raiva na vida - Posso não ter dinheiro, mas tenho uma coisa que nem com todo dinheiro do mundo você conseguiria comprar, que é paz de espirito e empatia. Afinal, apesar de não gostar exatamente de você, o que sei que é reciproco. Nunca abriria minha boca pra te falar as coisas que tive que escutar de ti hoje.

Soltei o braço do garoto, e sai dali.

Movida pelo ódio, tenho certeza que conseguiria ir caminhando até a minha casa.
Mas para a minha alegria meu uber já me esperava em frente ao grande portão daquele condomínio chique, ao qual eu esperava nunca mais pisar.

Sorte • Diego CostaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang