08 | Visita indesejada

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Estava perto da hora em que Granger apareceu na lareira no hall de entrada de sua mansão, como ela fazia todas as tardes.

Depois de mais três tentativas em sua biblioteca, ela finalmente desistiu. Em nenhum de seus livros sobre criaturas mágicas havia referências às companheiras de Veelas.

Draco mergulhou sua pena novamente, anotando a última idéia que ele tinha para a causa que Granger estava preparando sobre o tratamento justo de criaturas mágicas.

Toda vez que ele pensava nessa palavra, ele não podia deixar de torcer o nariz. Criatura.

Como se ele não fosse o mesmo de sempre, tão humano quanto no dia em que nasceu.

O maldito Ministério da Magia não tinha ideia do que estavam falando. Ele pode ter sangue de Veela, mas ainda era humano. Nada havia mudado.

Bem, quase nada. Hermione Granger surgiu em sua mente e Draco balançou a cabeça.

Não, ele não podia pensar nela o dia todo. Ele ainda não conseguia entender como ele não tinha percebido que Granger era sua futura companheira durante seus anos juntos em Hogwarts. Sempre a observando, se aproximando para insultá-la e seguindo cada movimento dela... ele até conhecia seus tiques nervosos e a tinha visto na biblioteca tantas vezes que sabia quais eram seus livros favoritos.

Os sinais estavam lá, mas Draco não conseguiu vê-los. Ele simplesmente a odiava, assim como sua família havia incutido nele. Ela era um ser humano inferior e precisava ser lembrada disso, e ele assumiu a responsabilidade de fazê-lo por anos.

Draco suspirou, descansando a testa no pergaminho e fechando os olhos. Se ele tivesse agido de forma diferente, se não a tivesse tratado assim... talvez ela estivesse disposta a lhe dar uma chance.

Mas não, tudo o que Granger queria era encontrar uma maneira de quebrar o vínculo que agora os forçava a passar tempo juntos.

Através de sua porta entreaberta veio o rugido distante de chamas, um sinal de que a lareira havia sido ativada. Draco abriu os olhos e virou a cabeça, olhando para o relógio na parede.

Ainda faltavam quinze minutos. Não podia ser Granger e sua mãe estavam na Toca, visitando Molly Weasley. Novamente.

Levantou-se e saiu do quarto, percorrendo o longo corredor e descendo as escadas.

Três figuras sussurravam perto da lareira e Draco cerrou os punhos, tentando conter sua raiva.

— Vocês não são mais bem-vindos aqui. Saíam.

Pansy, Theo e Blaise pularam ao som de sua voz e olharam para ele, seus olhos arregalados e um pouco assustados.

— Draco. Caramba, você anda como um fantasma. Nós não ouvimos você chegando.

Ele já estava descendo as escadas, parado bem na frente deles com os olhos semicerrados.

— Fora, — Draco repetiu, apontando para a lareira.

Theo ergueu as duas mãos.

— Espere, espere um minuto. Você não vai nos deixar explicar?

— Vocês três não têm nada para explicar. Está tudo muito claro para mim depois de mais de dois meses sem saber nada sobre vocês.

— Draco, não seja assim. Você sabe que estávamos com medo, — Pansy murmurou, com lágrimas nos olhos.

— Eu também! Passei um mês inteiro trancado no porão do Ministério, porra! E depois disso pensei que ia morrer em Azkaban!

Pansy cobriu o rosto com as mãos, soluçando, e Blaise colocou um braço em volta dos ombros dela para confortá-la.

— Nós tentamos escrever para você, mas nossas corujas voltaram com as cartas ainda fechadas. Você não tinha permissão para lê-las.

The Wrong Choice | DramioneWhere stories live. Discover now