a lua e o mar de testemunhas

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O dia hoje aqui estava chuvoso e nós havíamos acabado de acordar, ontem eu levei um susto imaginando que a minha sogra havia descoberto tudo

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O dia hoje aqui estava chuvoso e nós havíamos acabado de acordar, ontem eu levei um susto imaginando que a minha sogra havia descoberto tudo. A conversa séria era sobre o meu aniversário no fim do mês, normalmente a gente passava viajando ou fazíamos algo em casa mas ela falou que queria fazer algo especial esse ano.

Prontamente concordei que ela poderia ficar encarregada de fazer o que quiser, não tiraria essa última alegria dela comigo. Minha sogra sempre foi um amor comigo e eu tenho ela como minha segunda mãe e tudo o que eu quero é vê-la feliz, levantei meio enjoada hoje e tratei de tomar logo um remédio para não passar o dia assim.

- Filha? - minha mãe me encontrou no corredor.

- Oi mãe, bom dia. - eu sorri e ela me abraçou.

- Eu tô indo comprar umas coisas aqui perto com seu pai e seus tios, quer alguma coisa? - perguntou.

- Chocolate. - eu sorri e ela também, eu era viciada.

Ela assentiu descendo as escadas e eu até iria segui-la se meu estômago não tivesse embrulhado e eu voltei rapidamente pro quarto entrando no banheiro as pressas pra colocar tudo o que ainda tinha no meu estômago pra fora. As vezes me sinto tão fraca e eu tenho muita vontade de só chorar, dessa vez me permiti deixar as lágrimas caírem.

Eu tinha tanto medo de tudo e estar sozinha nessa, mesmo que por escolha própria, era terrível. Levantei do chão e me olhei no espelho vendo como eu estava com a aparência abatida, cobri o que foi possível com maquiagem e desci pro café da manhã.

Meu estômago começou a melhorar um pouco mais por conta do remédio e eu comi algumas frutas enquanto Rapha, que havia acabado de entrar, me encarava do balcão.

- Amor? - ele chamou e eu o encarei.

- Porque está comendo só isso? - perguntou.

- Depois eu como mais, não estou com muita fome agora. - sorri amarelo.

- Eu quero que se alimente direito, princesa. - ele disse vindo me dar um beijo na testa.

- Você cuida tão bem de mim. - eu disse boba e ele sorriu.

- É porque eu te amo. - ele disse colocando uma uva na minha boca.

Nós pegamos um filme para ver já que o clima pedia e ficamos grudadinhos no sofá, meu pai fez um almoço todo especial enquanto conversava com meu sogro na cozinha e a gente observava tudo porque são dois palmeirenses fanáticos. Nós almoçamos e quase no final da tarde a chuva cessou e eu já me sentia bem melhor.

- Que tal se a gente fosse jantar hoje a noite no centro? - ele sugeriu.

- Só nós dois? - perguntei e ele assentiu.

- Eu topo. - sorri e ele me beijou.

Estava me arrumando no quarto enquanto Rapha estava tomando banho, as vezes minha doença toma toda a minha autoestima e logo eu que sempre fui tão vaidosa. Eu adoro me sentir bonita e adoro quando Rapha me acha bonita, não posso deixar que minha condição me deixe desleixar das coisas que amo.

Coloquei um macacão longo num tom rosado e saltos pretos, fiz uma maquiagem e um penteado e quando ele saiu pronto do banheiro me deu aquele sorriso lindo.

- Calma. - ele colocou a mão no peito.

- Toda vez que eu te vejo assim meu coração quase para. - ele disse todo dramático me fazendo rir.

- Bobo! - eu disse arrumando seus cabelos e lhe dando um selinho.

- Juro que estou quase pronto. - ele disse e eu concordei. Rapha também era super vaidoso.

Quando estávamos prontos descemos sendo muito elogiados pelos nossos familiares, pegamos o carro e fomos ao centro onde haviam muitos restaurantes mas Rapha escolheu um em especial. Nós sentamos e entre uma conversa e outra olhávamos o cardápio tentando decidir o nosso pedido, algumas pessoas também reconheceram ele e pediram gentilmente fotos e autógrafos.

- O preço que eu pago de ter um marido famoso. - brinquei e ele sorriu.

- Quando vamos resolver sobre a mudança? - ele perguntou.

- Eu estou pesquisando os apartamentos. - menti.

- Temos que achar um grande, porque com o nosso baby vamos precisar de espaço. - ele disse e eu sorri concordando.

Estou enrolando Rapha com a história da mudança faz um tempo, não tive cabeça pra isso e também não fará sentido a gente pegar um apartamento novo e eu ir embora. O médico me disse que nesse último mês eu posso ir embora a qualquer momento e isso é muita coisa, eu não iria arrumar uma casinha nova inteira pra nós e depois o lugar ser só uma lembrança ruim da minha partida.

Nós jantamos e pedimos nossa sobremesa preferida pra dividir como sempre fazíamos, depois nós fomos caminhar pela praia de mãos dadas e apreciar a lua... esses momentos são tão românticos. O fato é que eu sou uma romântica incurável quando se trata de Rapha e adoro qualquer demonstração de amor e afeto possível, o local estava completamente deserto e eu comecei a pensar sobre loucuras que a gente faz quando somos jovens para ter histórias pra contar no futuro aos nossos filhos. Eu não teria esse prazer, mas Rapha sim.

- O que está fazendo? - perguntou ao me ver tirando a roupa.

- Espero que você seja rápido tirando as suas. - eu disse correndo pro mar.

Ele começou a rir e tirou as suas correndo atrás de mim, senti a água gelada tomar meu corpo assim como as mãos dele. Quando subimos a superfície estávamos abraçados e ainda rindo, o reflexo da lua em seus olhos brilhavam de uma forma tão bonita.

- Meu amor, você é tão maluca. - ele ainda sorria.

- Sou. - assenti rindo.

- E eu amo isso, amo a gente desse jeitinho. - ele disse colocando meus cabelos pra trás.

- E amo você, muito. - ele uniu nossas testas.

- Muito? - envolvi os braços no seu pescoço.

- Muito! Quero viver minha vida toda com você. - ele disse, senti uma pontada no coração com aquela frase.

E ele me beijou apaixonado, como o nosso primeiro beijo. Eu nunca imaginei que pudéssemos ter os últimos tão cedo, mas a verdade é que cada dia é menos um dia para mim e mais um dia em que eu amo Raphael com mais força.

A última música • Raphael VeigaWhere stories live. Discover now