feliz aniversário.

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Amanhã é meu aniversário e a organização está finalizada de acordo com a minha mãe, ninguém me deixou ir até o espaço pra ver as coisas porque é tudo surpresa. Eu estou cada dia mais ansiosa porque hoje é o último dia do mês e consequentemente eu não tenho mais controle sobre a minha vida, hoje de manhã tive uma crise de ansiedade pouco antes de Rapha chegar da rua e só consegui me acalmar quando falei com Sarah pelo telefone.

Ela tem sido tão prestativa comigo todos os dias me ligando pra saber como estou, me enviando mensagens de carinho e orando por mim e isso é muito valioso pra mim. Minha mãe veio aqui me visitar e me trouxe chocolate pra matar minha vontade, ela me disse que tem me achado um pouco mais corada e isso foi por causa de Sarah que me levou pra tomar sol na piscina do condomínio.

Eu não ia faz tempo.

Fui pra rua comprar umas coisas pra fazer um jantar pra mim e pro Rapha diferente, estava no supermercado quando esbarrei numa senhora que me olhou de uma forma bem esquisita como se pudesse me ver por dentro. Ela tocou meu ombro e me olhou fixamente nos olhos, senti um arrepio passar pelo meu corpo.

– Que você tenha uma linda passagem, minha filha. – ela disse e eu arregalei os olhos.

E foi andando pelo corredor sem dizer mais nada e me deixando completamente sozinha surtando com os meus pensamentos, comecei a procurar aquela senhora pelos corredores mas ela sumiu como poeira. Respirei fundo antes de voltar ao que estava fazendo e quando cheguei em casa com as compras Rapha me encarou com a testa franzida.

– Amor, tá tudo bem? – perguntou.

– Sim. – eu disse e ele pegou as sacolas da minha mão.

– Você tá pálida. – ele comentou.

– É que eu acho que vi uma assombração no supermercado. – eu disse seguindo ele pra cozinha.

– Como assim? – perguntou rindo.

Eu comecei a contar pra Rapha o que aconteceu, tirando a fala da senhora, e ele também achou super estranho. Ele estava arrumando a mesa enquanto eu estava preparando o jantar, fiz um prato diferente porque se depender dele a gente come feijão, arroz e bife todo dia. Tomei um banho e quando voltei a sala ele havia espalhado velas pela sala e havia uma rosa na mesa, ele sorriu e me estendeu a mão.

– Você está linda. – ele disse.

– Eu nem me arrumei, amor. – eu disse e ele negou com a cabeça.

– Meu amor, olha pra você. – ele me posicionou na frente do espelho da sala.

– Seu rosto sem maquiagem, seu cabelo molhado, os olhos com um brilho que é só seu... eu amo você assim. Eu amo esse rosto que eu durmo e acordo todo dia olhando. – ele disse me abraçando por trás.

– Eu te amo. – sorri largamente e ele beijou meu ombro.

– Eu amo mais ainda. – ele disse sorrindo.

Nós sentamos pra jantar e Rapha elogiou meu prato umas vinte vezes, conversamos sobre a festa e sobre tudo o que teria amanhã. Ele e a nossa família estavam cheios de surpresas pra mim e eu prevejo que amanhã vou chorar muito, nos entupimos de sorvete porque eu estava morrendo de vontade mesmo e talvez seja desejo da gravidez né?

Já era quase meia noite e nós ainda estávamos conversando no tapete da sala, Rapha fazia planos que eu não podia discordar agora e nem dizer o motivo. Eu olhava aqueles olhinhos brilhando ao falar do nosso futuro e me dava uma enorme vontade de chorar, eu odiava a sensação de estar correndo contra o tempo com ele pra aproveitar cada segundo e eu acho que meu coração começou a transbordar de tristeza sem que eu percebesse. Só me dei conta quando ele parou de falar e passou o polegar pela minha bochecha secando a lágrima.

– O que foi, meu amor? – perguntou com uma voz manhosa.

– É que eu te amo tanto, você nem sabe o quanto. Eu acho que jamais vou achar palavras que descrevam. – eu disse vendo ele me olhar nos olhos.

– Você não precisa falar, eu sei pelo jeito que você me olha. – ele disse entrelaçando nossas mãos.

– Lembra quando a gente se beijou pela primeira vez? – ele perguntou sorrindo.

– Eu estava brigando com você porque eu estava com ciúmes de você indo jogar no Coritiba. – eu disse rindo e ele assentiu.

– Você disse que eu não voltaria porque eu arrumaria outra por lá. – ele e eu assenti rindo e levando as mãos ao rosto.

– E o que eu disse pra você? – perguntou.

Rapha... – eu disse envergonhada e ele riu.

– O que eu disse pra você? – perguntou tirando minhas mãos do rosto.

Que você iria voltar porque nasceu pra casar comigo. – eu disse e ele assentiu sorrindo.

– E olha onde estamos agora. – ele disse.

Meu amor por ele é o sentimento mais bonito que eu já tive na vida e eu juro que nunca me senti tão amada no mundo por alguém depois dos meus pais, eu poderia dizer que o nosso relacionamento é perfeito porque nele há os princípios basicos que são tudo o que precisamos pra sermos felizes como somos. Nos amamos, nos respeitamos, nos cuidamos, confiamos naquilo que sempre sentimos um pelo outro e isso nos trouxe até aqui.

– É meia noite. – ele olhou pro relógio na parede a nossa esquerda.

Eu tenho 27 anos. – eu disse rindo, eu estava exorbitantemente naquele momento.

Ele levantou e ligou o som da nossa sala colocando a nossa música e estendeu a mão pra mim, peguei sua mão e levantei sendo tomada pelos seus braços e nós começamos a dançar pela sala como já fizemos inúmeras vezes e todas são sempre especiais. Ele me rodopiou me abraçando por trás e eu sentia meu coração completamente acelerado, eu estava explodindo de tanta felicidade naquele momento e era emocionante o que o amor de Raphael fazia comigo.

Ele me virou de frente pra ele e eu envolvi os braços em seu pescoço, colamos nossas testas e cantarolavamos baixinho aquele verso de Wonderwall com os olhos fechados.

Because maybe
You're gonna be the one that saves me
And after all
You're my wonderwall

Aquela música era nossa, de todas as maneiras.

E eu estava dançando ela, talvez pela última vez, na sala de casa com o homem da minha vida.

– Feliz aniversário amor da minha vida. – ele disse me fazendo sorrir de novo.

– Faz um pedido. – ele disse me roubando um beijo.

Eu fechei os olhos e só desejei que o tempo parasse ou fosse mais devagar pra que eu pudesse estar ali com ele sem que o mundo desabasse na minha cabeça, porque quando estávamos juntos só havia paz no meu coração. Abri os olhos e ele selou meus lábios e me deu aquele sorriso lindo que eu conheço a anos e que tanto amo, eu não tinha medo de nada quando eu estava com ele.

– O que você pediu? – perguntou.

Paz. – respondi com um sorriso.

– Paz então! – ele disse sorrindo.

Naquela noite nosso amor foi mais intenso, diferente, como se meu corpo estivesse se despedindo do dele na nossa cama. Eu não queria que aquela noite apagasse da memória dele por nada nesse mundo, queria que fosse a lembrança mais viva de nós possível.

Porque parecia que estávamos nos amando pela última vez.

A última música • Raphael VeigaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum