28.

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Acordo de manhã com o pai do meu filho deitado sobre mesa de computador, eu saio de fininho e o deixo dormindo. Quando chega o horário da saída o pequeno Thiago está outra vez lá para me buscar, mas seu pai não parece nada bem, os olhos fundos, e rosto cansado.

Ele almoça na frente do computador e quando chega a hora dos meus exames ele se levanta pronto para me levar. Pedro me trás de volta sem dizer uma palavra se senta em frente ao computador e volta a trabalhar.

Acordo com ele outra vez dormindo sobre a mesa e isso começa a me incomodar. Acordo ele que me olha preocupado.

_Deita lá na cama Pedro. - eu digo

_Ai! - Henrique mexe o pescoço que deve estar extremamente dolorido. - Você está bem, o nosso bebê? - ele finalmente está acordando.

_Vai deitar na cama, vem. - pego na mão dele e o levo até o quarto - deita aí. - eu peço, o pai do meu filho parece confuso, mas obedece e se deita, coloco uma coberta sobre ele, porque hoje o dia está frio.  - Agora dorme, vai descansar mais aqui do que sobre a mesa ou naquele sofá que não cabe você.

Ele ri em silêncio e eu me seguro para não beija-lo. Não posso ceder! Fico parada na frente dele lutando contra minhas vontades, ele desce seus olhos escuros até a minha boca, uma e outra vez.

_Cecilia... - PH sussurra, me aproximo devagar - Ceci...

Então acontece, ele se ergue e me beija. No começo não correspondo, e quando sua língua toca a minha eu me perco. Henrique é como imã a me atrair para seus braços, eu acabo caindo sem paraquedas, as coisas evoluem rápido demais e não consigo dizer não a ele.

Faltar um dia não vai me matar...

...

Acordo me sentindo estranha, Pedro não está ao meu lado na cama, me visto e caminho até a cozinha ouvindo Thiaguinho falar com o pai. Pedro tira os olhos do computador e olha para o filho.

_Thiago o papai está trabalhando, porque não se senta e vê um pouco de TV?

_ Porque não vamos buscar a tia Cici e a minha irmã?

_Porque hoje eu não tinha aula e fiquei em casa. - os olhos do pequeno correm em minha direção e ele vem me abraçar feliz me fazendo sorrir. Seu pai também se levanta e passa seus olhos sobre mim sério.

_Está tudo bem? - a pergunta dele me faz corar sinto meu rosto esquentar, porque eu sei o que ele realmente está perguntando.

_Tudo, tudo bem sim. - balanço a cabeça desviando meus olhos dos dele.

_ Tem certeza que está tudo bem com o que aconteceu? - aceno com a cabeça outra vez.

Não, não está tudo bem, eu não quero isso. Não quero brincar de casinha, não quero que você me toque e não quero que o sexo entre nós seja tão bom quando nem deveríamos estar fazendo isso!

_Eu vou trabalhar, se precisar de alguma coisa. - Aceno outra vez e suspiro quando ele volta a se sentar em sua cadeira de trabalho, a rotina da tarde continua a mesma eu leio um pouco, tomo meu banho e visto um pijama fresco o Thiago não veio me ver depois da escolinha e eu não sai do quarto, o clima aqui nessa casa parece pesar e eu mal consigo olhar para a cara do PH. 

No fundo eu sei que a que a culpa não dele, Pedro nunca me tocaria se eu dissesse não. O problema é que eu não consigo dizer não e correr dele é o melhor caminho para essa coisa entre nós dar certo. 

Acordo no começo da noite para beber água e Pedro está outra vez dormindo sobre a mesa. Isso não não é da minha conta, eu não deveria me preocupar. Ao contrário do que eu deveria fazer, eu simplesmente chego perto dele e o acordo. 

_Vai deitar Pedro, você está dormindo nessa mesa de novo.  - ele me dá meio sorriso e se levanta perdido.

_Eu tenho muito trabalho Ceci, não posso dormir agora. Vou fazer um café. - ele diz e eu seguro seu braço.

_Deita lá na cama comigo, eu te acordo antes de ir para a escola.- Peço a ele.

_Cecilia, você sabe que se eu deitar ao seu lado, não vou dormir... 

_Pedro... - eu não esperava que ele dissesse isso.

_Eu só quero outra chance com você. - PH coloca sua mão sobre a minha chegando perigosamente perto de mim. - Deu certo entre nós no começo, pode dar de novo.

Perto, muito perto. Essa é a única coisa que eu consigo pensar, PH está perto demais de mim. Fecho meus olhos esperando que ele me beije, mas não acontece, ao contrario disso, ele sussurra perto da minha boca. 

_Me diz que você também quer. 

Respiro fundo perdida em meus sentimentos, meu coração pula desesperado e eu queimo, como sempre acontece quando estamos juntos. Eu quero implorar para que ele me beije ao mesmo tempo que quero gritar para que se afaste. Não vamos dar certo, então... 

_Pedro... - Minha respiração pesa e meu corpo se arrepia.

_É só dizer Cecilia. - posso sentir cada palavra que ele diz.

Sou eu a tomar a iniciativa e beijar PH e acabamos na cama, uma bagunça de entre lençóis, mas nenhuma bagunça se compara a que está dentro de mim. Vejo ele sentar na cama de costas para mim, eu sei que ele vai embora e não quero.

_Fica comigo. Por favor... - eu peço, dorme comigo. - ele suspira colocando seus olhos sobre o meu corpo.

_ Como vai ser quando acordar? Vai simplesmente me ignorar? Porque eu te amo Cecília, e tudo que eu quero é você de volta. Não quero ser uma recaída, ou cara que te satisfaz na cama se não eu não puder ser o que vai colocar um anel no seu dedo. Se eu não puder ser o homem da sua vida, se eu tiver o seu amor de volta.

_Pedro... - Porque ele simplesmente não fica, para com essa coisa de amor, eu sei que isso não vai a lugar nenhum, provavelmente Henrique está enganando a si mesmo.

_ Por que quer que eu fique Cecília? Me diz. Eu tenho te dado conforto e tudo o que tinha na casa dos seus pais, não pedi nada em troca, você me ignorou e tudo bem, sei que está chateada. Mas pela segunda vez nessa semana acabamos juntos nessa cama. Então me diz, me diz o que você quer! - as lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto.

_Você não pode só ficar? Fica comigo, por favor. Eu quero ser abraçada e não quero pensar em nada. Eu não sei o que vai acontecer, não sei o que sinto, só sei que ver você dormindo naquele sofá ou debruçado naquela mesa me incomoda. Podemos dividir essa cama, e...

_Quero dividir minha vida com você. - Pedro Henrique diz me fazendo desviar os meus olhos dos seus.

_Pedro, podemos ir devagar? - pergunto.

Henrique parece tão intenso, eu só estou pedindo para que ele durma ao meu lado e ele já está aqui me prometendo uma vida que eu não acho que vá cumprir. Eu não acredito no amor dele, nem no meu. Mas podemos fazer essa relação ser a melhor possível enquanto tiver que durar.

Foi sem querer, que me apaixonei por vocêWhere stories live. Discover now