16. Você quem manda.

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Saio da suite do quarto da minha irmã me sentindo o cara mais realizado do mundo, sobre a cama uma pequena mancha de sangue entre pétalas de rosa que passariam despercebidas se não tivesse acendido a luz. Cecília não estava no quarto e eu simplesmente soube naquele momento que ela havia se arrependido. Toda a alegria e euforia se foi, me deixando angustiado.

A culpa é uma merda, principalmente quando você é o culpado por magoar e ferir alguém que é especial, porque se a loirinha saiu me deixando no quarto sem dizer nada, fugindo, a culpa é minha e de mais ninguém. Cecília é especial, é como um sopro sobre a ferida do meu coração, um alívio, o vento fresco no verão. Ela consegue mexer comigo de um jeito bom.

Respiro fundo tentando conter minha vontade de gritar. Me visto e arrumo o quarto o melhor que posso enquanto meus pensamentos tentam encontrar onde foi que eu errei.

Desço as escadas da casa velha, uma fazenda que meu pai comprou como investimento do dinheiro que tenho ganhado com o meu trabalho, porque há sete anos venho trabalhando e evoluindo cada dia mais, junto a evolução vem a remuneração e isso meu pai sabe cuidar muito bem.

Nunca fomos realmente pobres, nossas condições sempre foram boas me garantindo uma ótima escola, cursos melhores e olhos cobiçosos, foi assim que a Raíssa apareceu e assim que descobri quem ela era realmente. No fim das contas eu sou um grande idiota. Alguém que assumiu a irresponsabilidade de outro por não conseguir me desfazer de algo que não me pertence.

Meus olhos caem em uma garota inquieta que parece não querer estar mais ali. Seus olhos encontram os meus meus e ela desvia no mesmo momento, ela aperta seus dedos um no outro, força sorrisos. Não consigo deixar de olhar pra ela, eu quero poder apenas perguntar onde foi que eu errei, eu me ajoelharia no chão e imploraria por uma chance de não cometer o mesmo erro.

_Se eu fosse ciumento você estaria com o olho roxo. - meu cunhado vestido num terno ridículamente alinhado diz.

_Eu fiz merda! - respondo ao questionamento que sei que está implícito no seu comentário.

_Estou começando a repensar o olho roxo. - sorri em resposta. - Vou te dar um desconto porque parece estar realmente mal.

_Gosto dela Thomas, não é porque ela é sua irmã, eu gosto muito dela... - respiro fundo outra vez.

_ Não deve ter sido assim tão grave. - ele desdenha - Daqui a pouco vocês estarão bem e tudo se acerta.

Alguém se aproxima e puxa conversa com meu cunhado que educadamente me pede licença para dar atenção quem quer que seja esse homem. Recebo a oportunidade de buscar por ela outra vez, meus olhos vasculham o lugar, procurando pelos fios loiros, eu os encontro encontro entrando na casa, vou atrás dela sem pensar, minha irmã entra logo atrás da Ceci, não sei se elas irão para o mesmo lugar apenas sigo a primeira.

Escondido atrás da escuridão, ao lado da piscina, ouço as duas conversarem, Ceci, chora alto, parece ferida.

Ela se arrependeu! - minha mente continua a dizer.

Ao contrário do que eu esperava Ceci tem medo, tem vergonha que aquilo que fizemos possa representar, ela teme pela imagem que criou de si. Eu entendo, não é culpa dela, mas da criação que recebeu, da verdade única e quase fria de uma vida que não é o que ela gostaria de viver.

_O que você fez idiota! - meu cunhado pergunta confuso.

Faço um sinal para que ele cale a boca mas Victoria me vê por cima dos ombros da loirinha, penso em ir embora, já havia invadido espaço suficiente naquela conversa, que eu sabia que não deveria ter ouvido. Minha irmã pensou diferente e pelo seu olhar, eu sabia que ela me entregaria. Me aproximo delas um pouquinho mais só para ouvir com clareza a noiva, ou ex noiva, minha irmã, me entregar.

Os olhos azuis brilham em lágrimas e o rosto dela está vermelho, nem assim Cecília deixa de brilhar. Ela é como o sol na minha vida.

_Eu gosto de você Cecília, muito. Eu jamais pensaria mal de você, não por causa do que aconteceu entre nós. Eu sei que é tudo novo pra você...

_Eu agi como uma... - ela começa a dizer eu calo suas palavras com minha boca cobrindo a sua.

_Agiu como uma pessoa apaixonada! Ninguém tem nada com isso além de você e de mim. - lhe dou um sorriso confiante, mesmo que não sinta exatamente assim.

_Eu... - Ceci olha em volta, respira fundo. - Meus pais me matariam e depois matariam você também.

Abro um sorriso tentando tranquilizar a loirinha.

_Eles não precisam saber. Pode ser um segredo nosso, só nosso.

_Eu contei para sua irmã! - o medo reflete em seus lindos olhos.

_Um segredo só nosso e dela. A Vic nunca diria nada a ninguém.

Outra vez seus olhos correm ao nosso redor, eu queria poder poder beija-la outra vez. Não quero esconder o que temos, mas não quero criar problemas para a loirinha.

_Você ainda quer continuar o que temos?

Penso em perguntar o que temos, queria saber o que significa para ela, esse no entanto não é o momento certo.

_Eu quero o que você quiser. Você quem manda.

O lindo sorriso da loirinha se abre e seus olhos brilham, ela é muito linda!

_Vai me deixar mau acostumada desse jeito!

_ Você me compensa com muitos beijos. - pisco.

_Pedro...

Foi sem querer, que me apaixonei por vocêWhere stories live. Discover now