Foi sem querer, que me apaixonei por você

22.

Tem dois dias que a meus pais foram embora e dois dias que as coisas entre PH e eu não andam nada bem. Estamos meio distantes, ele perece não entender o que um filho agora poderia significar na minha vida, o impacto que teria no meu futuro.

Trocamos algumas poucas palavras e por mais que ele queira conversar eu sempre consigo fugir.

Depois de fazer o teste outra vez eu tomo meu banho. Faço meus cálculos para saber se posso estar grávida ou não outra vez. Depois do longo banho enxugo o meu cabelo sentada na cama, é quando Pedro entra no quarto e tranca a porta.

_Precisamos conversar. - ele diz

_Eu não tenho nada para falar com você. - respondo

_Não faz isso Ceci. Eu já disse que vou ficar do seu lado se alguma coisa acontecer. - ele chega perto e eu continuo penteando meu cabelo sem olhar para a cara dele.

_Isso não pode acontecer PH, você não entende que não cabe um bebê na minha vida? Eu não tenho um trabalho, não sei como cuidar de um bebê! Então, coloca uma coisa na sua cabeça, se eu não estiver grávida, o que de verdade, eu espero que não. Nunca mais vamos fazer sexo sem preservativo! - fico em pé olhando nos olhos dele enquanto aponto o meu dedo no peito dele.

_Isso quer dizer que vamos transar de novo? - ele fala baixinho passa mão ao redor da minha mão que estava com o dedo indicador apontando para ele. Penso no disse e ele tem razão. Meus olhos vasculham os dele e essa proximidade não me faz bem, porque eu fraquejo na decisão de terminar tudo.

PH percebe meu momento de fraqueza e me beija, não qualquer beijo um daqueles desesperados que me faz perder o controle, em um momento estar vestida e no outro nua em seus braços. Ele consegue virar meus pensamentos, me enlouquece, me irrita e faz perder o ar.

Fico tão irritada por não resistir que mando ele embora assim que consigo recuperar o juízo e o ar. Começamos a discutir e ele vai embora sem vestir direito, me deixando mais frustrada do que antes.

...

O dia mal começa e já estou fazendo outro teste. Meu humor está péssimo por isso fico trancada no meu quarto durante todo o dia e só saio a noite para comer alguma coisa, a mesma coisa se repete no segundo e terceiro dia. No quarto dia eu já me sinto triste e sinto falta do PH, passo o dia me remoendo e a noite eu invado o quarto dele.

PH está sentado na cama com o notebook sobre suas pernas ele me olha e não parece satisfeito em me ver. Desvia os olhos de mim para tela do notebook, depois me olha outra vez, as lágrimas descem pelo meu rosto, me sinto envergonhada.

_O que você quer Cecília? - ele pergunta por fim.

_Me perdoa, eu não queria brigar com você. Eu estava com medo de ter ficado grávida. Muito medo.

_Eu já vivi uma relação conturbada Cecília, não quero viver outra.

O fato dele estar comparando nossa relação com o que viveu junto a biscate da ex me faz sentir muito pior do que já estava.

_ Você tem razão, não acho que mereça viver uma relação assim. Boa noite. - respondo saindo do quarto.

...

Enquanto brinco com o pequeno Thiago, rolo no gramado e corro atrás atrás dele PH me observa ao longe. Eu não falo com ele tem quase uma semana e isso me tem me deixado profundamente triste. Eu estava com raiva dele e de mim por causa de tudo que aconteceu e poderia ter acontecido.

Estávamos bem até ele cometer aquele mega vacilo. Depois disso fomos ladeira abaixo e não acho que haja retorno. Quando o garotinho de olhos e pele clara está cansado, muito cansado o pai o pega e o leva para um bando.

Me deito no gramado para curtir um pouco da brisa fresca e o sol, acabo pegando no sono. Durmo pesado, a ponto de sonhar, acordo com meu irmão me chamando e atravesso o gramado me arrastando.

Entro no meu quarto e me jogo na cama voltando a dormir.

Já era madrugada quando eu acordei. Vejo um pouco de sangue na minha calcinha e apesar de cansada fico muito feliz. Não foi dessa vez!

Depois do banho me deito para dormir outra vez. Acho que toda essa preocupação e noites sem dormir resolveram cobrar o seu preço.

...

PH dirige em silêncio enquanto eu olho para o celular buscando qualquer coisa para me concentrar. Ele me ignora e eu devolvo na mesma moeda.

_Fez outro teste? - ele pergunta do nada.

_Não foi preciso, o meu amigo Chico veio me visitar ontem. - respondo sem olhar para a cara bonita dele.

_Bom... - ele responde.

Não abro minha boca para falar qualquer palavra com ele, até mesmo na paradas nossas conversas foram mínimas e por mais que eu esteja sofrendo com isso não vou demonstrar a ele.

O carro para na minha porta e eu desço com um simples obrigado, me despeço do pequeno Thiago com muitos beijos e abraços, pego minha mala e entro em casa.

...

As aulas voltaram com tudo e eu fui retomando minhas atividades, boa parte delas meus pais se quer sabem que já iniciou, tenho que admitir que fazer todas essas atividades tem cobrado um preço alto ao meu corpo que só anda cansado. Enquanto estou sentada na praça de alimentação tomando um Mega Milk de Maltine duplo vejo o Pedro passeando com o filho, tem quase um mês que não falamos nada um com outro.

Ao lado de PH uma mulher pouco mais velha, os dois sentam na mesa juntos e me mordo de ciúmes, não vou ficar aqui e olhar ele em um encontro com essa mulher. Me levanto e vou embora, o resto do dia passa lento e triste, não consigo pensar em mais nada, menos ainda fazer qualquer coisa.

O meu ciclo vem outra vez, atrasa alguns dias e fica menos da metade do tempo. Tenho andado com uma vontade de tomar Milk Shake, e comer coisas que geralmente não me chamam tanta atenção. Hoje por exemplo comer lula e comida chinesa no shopping foi como comer no melhor restaurante do mundo a melhor e mais cara iguaria.

Como até estar realmente cheia, meu estômago chega a estar pesado, eu fui realmente mal educada, gastei três vezes mais do que costumo, fora o Mega Milk de morango. Caminho até a rua onde faço meu curso de inglês devagar, me sinto pesada.

Assisto a aula sem o menor ânimo e vou para casa matando o cursinho preparatório sem qualquer remorso. No início da noite tenho uma enorme crise de vômito. Quase viro do avesso ou vomito meu coração.

Pela manhã ainda estou enjoada e só o cheiro do café me faz correr para a primeira privada que encontro. A noite mal dormida reflete nas aulas da escola porque eu durmo em quase todo o período e aulas.

Tadeu e Gessica me levam em casa depois de pedirmos um carro por aplicativo. Eles me fazem companhia toda a tarde. Estou na cozinha quando o telefone fixo toca e meu amigo faz o favor de atender.

Não escutei a conversa.

_Quem era? - pergunto depois de entregar a ele o copo.

_Não deixou o nome, só perguntou por você e disse que liga mais tarde.

Aceno agradecida e me deito no sofá aí lado deles para terminar o filme que começamos.