Capítulo 57 - Bondade

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Camila Cabello  |  Point of View




Após Lauren sair com os amigos, não me restou muito o que fazer, fiquei organizando umas planilhas do trabalho e acabei muito surpresa com os resultados, estava tudo indo melhor do que imaginei para um ramo pouco lucrativo. Já havia recuperado meu investimento e um caixa conseguia sustentar as despesas.

O telefone tocou e Sofia estava no interfone pedindo para entrar. Hoje ela encontraria o Alejandro na prisão e não quis que eu fosse com ela, disse que não queria me envolver nisso e concordei com ela, pois ela tem mesmo que tomar partido das decisões dela e não ter medo.

Abri o portão e caminhei até a porta, ela me abraçou apertado e depois ficou tocando meu rosto.

— Você está bem?

— Sim, Sofi. E você? O que aconteceu por lá? – Segurei a mão dela e fomos para a sala. — Quer beber alguma coisa?

— Sim, algo bem forte de preferência. – Fui ao bar e peguei um uísque. fui colocar gelo no copo. — Não precisa de gelo. – Assenti servindo dois copos e caminhando até o sofá, me sentando ao lado dela. — Esse é ótimo.

— Mike é quem cuida do bar para nós, ele entende de bebidas, mas o que aconteceu?

— Ele não fez o que você falou, Alejandro só pediu perdão e disse que não vai durar muito tempo por lá.

— Isso é novo.

— Sim, Juan e ele estão machucados, magros e bem pálidos. Nem parecem as mesmas pessoas.

— Você tem que aprender a se defender e comer bem rápido. Se não isso acontece mesmo.

— Ele disse que consegue aguentar por mais uns dias e que precisa mesmo falar com você. Pedir perdão e é bem tradicional, ele se ajoelha e implora.

— Ele está com o psicológico abalado. É rápido para querer desistir da vida.

— Você apanhou muito?

— Muito. Ia para enfermaria todas as semanas, mas depois eu aprendi a lutar, comecei a malhar e consegui me defender melhor. Após uns anos as pessoas esquecem de você conforme vão entrando pessoas novas. – Ela assentiu. — Como você está com tudo isso?

— É uma carga emocional muito grande, mas não tem como perdoar ele por tudo.

— Se ele está neste desespero, quem tem que se perdoar é ele mesmo. A culpa corrói, Sofi. Eu tinha uma vantagem lá dentro e era essa, não tinha do que me arrepender ou qualquer remorso para não me deixar dormir a noite.

— Eu chorei muito depois que saí de lá. Me senti um monstro por ter ido visitar ele e por não ter te dado nem chance para me explicar.

— Está tudo bem, Sofi. Vamos pensar daqui para frente e eu não ia me defender para você, talvez fosse pior. Não precisamos voltar a isso.

— Não precisamos porque você é uma pessoa maravilhosa, se fosse com outra…

— Esse encontro não te fez bem mesmo, precisa de alguma coisa? Chamar o Tyler?

— Não, eu estou bem. - Fui até o quintal e chamei Cacau para fazer companhia a ela. Elas brincaram um pouco e depois de um tempo, Cacau dormiu no colo dela.

Pedimos o jantar japonês já que Lauren não jantaria em casa e assistimos a um filme.



Lauren Jauregui  |  Point of View




Camila trabalhava no notebook enquanto seus pés repousavam sobre meu colo no sofá da sala. Ela estava bem concentrada.

— Está tudo bem?

— Sim, ontem quando saiu eu organizei algumas coisas e olha aqui. – Ela virou a tela para o meu lado. — O azul é meu investimento inicial e o preto foi tudo que eu lucrei até ontem.

— Já conseguiu o retorno?

— Sim. Achei que levaria anos.

— Sabia que não ia demorar, pois você faz aquelas personalizadas e isso é um diferencial que chama atenção.

— Sim… – Ela foi interrompida pelo celular tocando. — Alô. Oi… Andrew, eu pensei em todas… isso… trinta e quatro pequenas e oito adolescentes… acho que é o certo, já que a demanda aumentou bastante… eles aprendem rápido… só mande a papelada para eles poderem arrumar tudo… muito obrigado, amanhã eu passo por aí. Abraço.

Ela encerrou a chamada e eu continuei a massagem nos pés dela.

— Um pedido grande?

— Não.

— Quarenta e duas bicicletas me parece muita coisa.

— Não é pedido.

— É algo muito secreto para você fazer mistério?

— Não, eu só estava terminando uma coisinha aqui. – Ela desligou o computador e deixou sobre a mesinha, me abraçou após se escorar no meu colo. — É que eu recebi uma cartinha de um garoto que queria muito ganhar uma bicicleta e ele viu o comercial da empresa na TV, achei bem fofo e fui visitar ele, só que ele mora em um orfanato. E tem trinta e duas crianças por lá, oito adolescente e mais dois com dezoito anos que vão ter que sair de lá, por isso ofereci empregos a eles para ajudar nessa transição. Porra… eu sei que tem um monte de lugar assim, mas eu não consegui não fazer nada com aquele monte de criança me olhando.

— Quando foi isso?

— Faz uns dias.

— E porque não me falou nada?

— Não sei. Realmente me passou isso. Só fiquei com aquelas carinhas na cabeça, fiquei pensando que logo teremos o nosso pequeno e bambeei as pernas, não consegui não ajudar o quanto pude.

— É uma atitude incrível, Camz. Você é muito especial para esse mundo.

— Não foi nada. Qualquer um pode ajudar.

— Mas são poucos que ajudam. – Beijei seu rosto. — Acho que você deve ser de outro planeta, alguma espécie muito evoluída ou algo assim.

— Você me chamou de alienígena? – Eu gargalhei empurrando-a. — Eu entendi, amor. Já que eu sou uma espécie indefinida, preciso manter minhas atividades sexuais em dia, precisamos fazer mais.

— Mais? Nossa, você deve ser mesmo um robô ou algo assim. Foram umas três vezes hoje e não são nem cinco horas. – Foi a vez dela dar risada e selar nossos lábios.

— Mas foi você que começou todas.

— Você tem noção de como você fica sexy depois que usa a academia? Eu não tenho forças para resistir.

— Nem precisa, estou a disposição quantas vezes e quando você precisar.

— Bom… já que estamos falando nisso. – Ela começou a tirar o moletom.

— Demorou para entender.

Ela disse e me beijou, sorri contra a boca dela e ficamos ali no sofá, o resto da tarde inteira.

NÃO ESQUEÇAM!

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VenenoWhere stories live. Discover now