Capítulo 08 - A oportunidade perdida da verdade transparecer

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Camila Cabello  |  Point of View




O sorriso no meu rosto atravessou o final de semana e segunda, mesmo sendo manhã e o trabalho estar no auge da intensidade, ele continuava ali.

— Olha, Camila. – Robbie entregou o celular dele. – A nossa foto. — Nós postamos uma foto saindo da festa e Lauren encheu ela de corações após um “melhor festa”. Aquilo fez meu sorriso triplicar.

— Ela gosta de você, Mila. Isso é incrível porque ela é uma moça muito bacana. Melhor que encomenda, mais que aprovada para você.

— Eu estou muito bem com tudo isso, mas você sabe que as coisas vão complicar. Ela não sabe de nada e estou sendo muito egoísta em não contar nada a ela.

— Você está omitindo algumas informações inicialmente. Lauren precisa conhecer a Camila que Alisha e eu amamos para poder entender como nós a entendemos.

— Isso é muito para ela, sei que é pedir demais. – Entreguei o celular a ele. — Vou nessa, já tenho três lugares para buscar coisas.

— Até mais, Camila.

Peguei a bicicleta e lá se foi meu dia, nem almocei para poder atender a tudo que me foi pedido.

Por coincidência do destino, que estava bem generoso comigo, Lauren estava caminhando do outro lado da calçada,
estava escuro, mas eu conheceria aquela silhueta em qualquer lugar.

Atravessei a rua e a passei, ela sorriu quando me viu.

— Juro que não estou te seguindo.

— Eu ia adorar mesmo que tivesse, pois estava morrendo de medo de andar sozinha por essa rua escura.

— O que houve com a nave?

— Calculei errado o tempo da bateria dela e coincidentemente a do meu celular que acabou.

— Queria ajudar, mas celular não é comigo, mas se quiser uma carona. – Falei batendo no quadro da bicicleta. — Aposto que nenhum pretendente seu te proporcionou uma volta dessas, mesmo sabendo que você é ligada a natureza.

— Isso é verdade.

Tirei meu moletom e enrolei na parte superior do quadro para não machucá-la muito, ela sentou e eu comecei a pedalar.

— Você escolhe se quer usar o GPS ou vai ser meu GPS.

— Vou ser seu GPS.

Até que a casa dela não fica tão longe da do Robbie. Ela desceu e me beijou, foi muito rápido, eu nem pensei direito, quando voltei ao planeta segurei sua cintura e a puxei para bem perto.

— Lauren... – Me afastei, recuperando o folego. — Eu tenho uma coisa para te contar. – Eu precisava falar para ela, Lauren é muito legal para ser enganada.

— Claro, Karla. – Respirei fundo várias vezes, mas nenhuma me deu coragem. E eu comecei a tremer, muito... — Você está bem?

— Sim, eu sou intersexual. – Foi a única coisa que consegui pensar, ela ficou me encarando, achei que por tempo demais. Depois ela pegou o celular.

— Droga. Está sem bateria. Eu já ouvi falar sobre isso, mas não sei se é o que estou pensando.

— Eu tenho um pênis.

— Isso. Era o que eu estava pensando. Não precisava ficar tão nervosa, eu não vejo problema nisso. Você ficou branca, vamos entrar para você tomar uma água.

— Não quero incomodar.

— Vem, não vai incomodar.

Ela praticamente me arrastou, puxei a bicicleta e deixei ao lado do carro parado ali. A casa era enorme e bem simples para ser de um arquiteto.

Ela me entregou um copo com água e continuou me puxando desta vez para as escadas e entramos em um quarto no sótão.

— Esse é meu quarto.

As cores eram quentes e vibrantes, elas davam um efeito meio psicodélico, a cama era um colchão no chão, o carpete combinava com as cores do teto e seus móveis eram rústicos.

— Caralho, esse quarto é muito lindo.

— A maioria das pessoas acha colorido demais.

— Ele tem vida, eu amei cada detalhe. – Quando virei para ela, Lauren me encarava sorrindo. — O que aconteceu?

— Você é tão linda. – Ela me puxou para perto e deslizou os dedos por minhas tatuagens. — É tão gentil e fofa, mas ao
mesmo tempo tem essa presença de mulher malvada e indomável.

— Está me analisando demais. – Falei acariciando seu rosto. — Eu passei por muita coisa, foi pesado e eu não sei que tipo de pessoa eu me tornei.

— Se você quiser conversar sobre isso, estou à disposição.

— Queria muito contar tudo a você, mas não quero nos afastar. Vai por mim... nos afastaria.

— Estou ficando com medo, mas confio em você.

Ela me beijou e de forma bem intensa, me puxou até cairmos na cama, onde ela nos virou e sentou sobre o meu quadril, sem parar o beijo. Era maravilhoso, eu estava em êxtase e muito excitada.

Ela mordeu meu lábio e abriu os botões na minha camisa, eu estava com o uniforme, provavelmente ela não quer transar, só quer ver minhas tatuagens, ela parece bem fixada nesses detalhes.

— Isso é muito sexy.

— Filha, de quem é a bici... opa. Me desculpem, eu não sabia. – A mulher saiu do quarto com as mãos contra seu rosto.

— Essa é minha mãe.

— Acha que ela gostou de mim? – Falei sorrindo e ela se inclinou para selar nossos lábios mais uma vez.

— A renegada sempre encontra o verdadeiro lar... que frase triste. As dores do mundo contra meu peito. – Ela passou a mão por ali. — O que aconteceu?

— Várias coisas, mas estou reescrevendo minha história.

— É bom começar do zero, mas nossas histórias sempre ficam conosco. Nos constroem.

— Infelizmente. – A puxei para mais um beijo e depois beijei sua testa. — Preciso ir.

— Janta comigo.

— Não vai dar, hoje a Alisha quem cozinha e ela fica ofendida quando eu não como.

— Amanhã você pode jantar comigo?

— Claro. Podemos ir onde?

— Meus pais vão viajar amanhã, posso fazer algo para nós.

— Bom... – Minha cabeça quase fumaçou. – Acho que não tem problema, eles não se importam?

— Não. Eles são muito legais, vai gostar deles.

— Está combinado.

Nos beijamos várias vezes enquanto ela fechava minha camisa. Depois descemos as escadas e ainda bem que não tinha ninguém, corri para pegar minha bike e fiquei rezando para tudo correr bem no tal jantar.

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VenenoWhere stories live. Discover now