Capítulo Trinta

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O aspirante a engenheiro olhou em redor, inflando as bochechas e deslizando o ar de uma cavidade a outra. Ele não tinha ideia do que poderia ter feito o dono de uma das maiores empresas de entretenimento da Coreia do Sul chamá-lo daquela forma. Se fosse sobre a proposta da Organização Sênior, Yeonjun também deveria ter sido chamado.

A sala ampla e vazia não ajudava na atmosfera nervosa que havia se instalado desde a saída do secretário Ahn. Uma das pernas de Beomgyu tremia livremente debaixo da mesa, sem alguém para ajudá-lo com o cacoete, suas mãos se contorciam, trêmulas, sobre o tampo de madeira e seus lábios faziam um movimento sinuoso, de um lado para o outro, de tempos em tempos.

Ele estava sentado à mesma mesa de antes, mas agora na ponta, próximo à porta de entrada, por onde o secretário deixou o recinto há cerca de dez minutos. Talvez estivesse encrencado. Talvez não estivesse. Independentemente do que o levou àquela sala naquele dia, estava fazendo Beomgyu imergir em seus pensamentos novamente, e aquilo não era bom.

— Hide N' Seek, não é? — seu fluxo entrópico de sinapses foi interrompido por uma voz grossa, rouca e baixa atrás de si que, em virtude do silêncio e da falta de pessoas em um local tão grande quanto a sala de reuniões, ecoou o suficiente para que Beomgyu ouvisse.

A cabeça do jovem estudante virou antes que seu corpo, em busca do dono da voz. O senhor que havia sorrido para ele, durante a apresentação de sua proposta, estava parado em frente à porta de entrada, agora fechada. Não havia nenhum sinal do secretário Ahn. O homem na casa dos quarenta caminhou sem pressa na direção de Beomgyu, que não conseguiu mover nem um único músculo, mesmo quando o outro puxou uma cadeira para se sentar à sua frente.

— Sou Bang Sihyuk, fundador da HYBE Corporation — estendeu uma mão no ar, a qual, enquanto arregalava os olhos e se forçava a ficar em pé, Beomgyu segurou, apertando-a.

— É um prazer conhecê-lo, senhor Bang, sou Choi Beomgyu, da Universidade de Kyungsan — ele curvou as costas durante o aperto de mãos. Sua cadeira deslizou para o lado.

— A formalidade não é necessária — com um sorriso gentil, o senhor Bang dispensou o gesto de Beomgyu, desvencilhando o toque de mãos. Prontamente, o mais novo buscou sua cadeira e voltou a se sentar.

O silêncio retornou à sala por alguns instantes.

Bang Sihyuk parecia ter entre quarenta e cinquenta anos e era cerca de quinze centímetros mais baixo do que Beomgyu. Uma franja picotada caía logo acima dos olhos, cobertos por óculos de grau com armação redonda. Os olhos pequenos e o nariz largo e achatado se curvavam a cada sorriso.

O mais velho estalou os lábios, cruzando os braços sobre o peito.

— Você deve estar se perguntando o motivo de estar aqui agora, não é? — comentou, fazendo Beomgyu erguer o queixo para olhá-lo. — Sinto muito pela abordagem abrupta, mas não podíamos arriscar uma quebra do sigilo.

Nesse exato momento, o barulho da porta da sala de reunião atraiu a atenção de Beomgyu, que virou o pescoço a tempo para observar o secretário Ahn entrar. Ele carregava duas pastas escuras com uma única mão, enquanto a outra se ocupava em ajeitar os óculos sobre a ponta do nariz adunco.

— Você chegou bem a tempo, secretário Ahn — o senhor Bang descruzou os braços, estendendo-os no ar. O homem em pé caminhou com pressa para entregar as pastas. Quando pôs suas mãos nelas, o CEO rapidamente estendeu uma a Beomgyu.

Com as mãos trêmulas e suadas, o aspirante a engenheiro da computação aceitou o objeto. Sua cabeça acompanhou o movimento de suas mãos para depositar a pasta em cima da mesa. Sua curiosidade venceu. Ele abriu a pasta antes que um daqueles homens pudesse indicar para que o fizesse.

Anonimato • BeomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora