Capítulo Cinco

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Domingo, 31 de outubro


A claridade do dia invadiu a quitinete de Choi Beomgyu cedo pela manhã. Como o sol não dava indícios de que apareceria tão cedo naquele clima bastante nublado, o aspirante a engenheiro e seu amigo só notaram o cômodo clarear perto do meio-dia, quando Beomgyu despertou de um sonho um tanto quanto gostoso, no qual tinha se formado na Universidade de Kyungsan com as melhores notas do curso, ganhando a láurea que tanto almejava. As pupilas expandiram-se assim que ele abriu os olhos, piscando algumas vezes para se acostumar com a luminosidade.

A primeira coisa que Beomgyu viu foi as costas de Kang Taehyun, envoltas por um moletom cinza. O amigo, que ainda dormia, estava virado para o lado da parede do apartamento e esfregava os pés debaixo dos cobertores que os cobriam. Ele resmungava coisas incompreensíveis e rangia os dentes, quase como se estivesse ruminando, hábito que Beomgyu já havia notado nas demais vezes em que tinha dormido ao lado do amigo.

O aspirante a engenheiro esquivou-se, jogando as pernas para fora do colchão. Ele bateu os pés nos óculos de grau do amigo, que residiam na parte de metal do mezanino que não era coberta pelo colchão alto e grosso. Ao curvar as costas para afastar o objeto de seu caminho, Beomgyu balançou a cabeça, afastando um sorriso dos lábios. Ele não se lembrava de como tinha pegado no sono ou de quando Taehyun guardou os óculos, mas ficou aliviado que não dormiram por cima dele, como já fizeram antes.

Toto ainda dormia quando seu dono apareceu na cozinha, arrastando os pés descalços no chão frio. Ao abrir a geladeira para pegar a caixa de leite, Beomgyu bocejou, erguendo-se até que estivesse nas pontas dos pés e esticasse os braços o máximo que conseguia. Apesar da rotina estressante, ele gostava de trabalhar e de estudar, mas era inegável que também curtia os momentos de apatia e de ócio. Ficar à toa em casa tinha suas vantagens.

— Bom dia, Toto — cumprimentou-o, mesmo sabendo que a ave dormia, encolhida em um dos cantos da gaiola, quando passou ao seu lado para pegar uma xícara.

A julgar pela reação de Taehyun no dia anterior em relação à festa que compareceria mais cedo, Beomgyu diria que o dia de hoje não seria tão tranquilo quanto esperava, principalmente porque talvez acabaria levando uma bronca do amigo, ou, pior, um gelo. Ele apostava na segunda opção. Taehyun nunca deixava de falar quando estava incomodado com algo, mas, depois disso, tinha a tendência de ignorar os problemas, quase como se esperasse que eles desaparecessem. Nesse caso, Choi Beomgyu era o problema, e ele não tinha a intenção de desaparecer da vida do amigo tão cedo.

Conforme preparava seu café com leite, aguardando o leite que recém colocara na xícara esquentar dentro do micro-ondas, ele visualizava mentalmente como se apresentaria na festa e apenas conseguia projetar aquilo que o aguardava. Nunca tinha ouvido falar de uma Ordem Secreta de Busan e não conseguia imaginar o que os havia levado a convidá-lo para esse evento.

Até onde sabia, não era muito conhecido na Universidade de Kyungsan, apesar de já ter sido motivo de especulações que envolviam o senhor mandão. No entanto, diferentemente do senhor mandão, Choi Beomgyu não fazia questão de tentar chamar a atenção por sua aparência. Se assim quisesse, conseguiria fazer num piscar de olhos. Mas aquele não era o caso. Ele era apenas o coadjuvante da fofoca que tinha Choi Yeonjun como protagonista. E isso só o fazia odiar o senhor mandão ainda mais.

Quando o micro-ondas apitou, alertando o término de seu funcionamento e, consequentemente, acordando Taehyun por conta do barulho, Beomgyu abriu o frasco que continha o pó solúvel do café e misturou o líquido com o sólido com o auxílio de uma colher. Deu meia-volta assim que tinha tudo pronto e encontrou Taehyun em pé, no meio da sala de estar.

Anonimato • BeomjunWhere stories live. Discover now