Capítulo Vinte e Dois

1K 164 94
                                    


Sábado, 13 de novembro


Narinas infladas, olhos vermelhos, maxilar contraído. Choi Beomgyu estava visivelmente cansado. Suas pálpebras estavam começando a pesar, por isso, antes que pudesse cair no sono, começou a cutucar a pele entre seu polegar e seu indicador com a ponta da caneta esferográfica que usava.

No caderno, ele tinha anotado algumas informações importantes que deveria levar em consideração nos próximos dias. A comissão de graduação tinha, após os custos da formatura da antiga comissão, o montante de dois milhões, trezentos e setenta mil wons. Isso não seria muito caso os formandos precisassem pagar o aluguel do local da formatura. O anfiteatro da Universidade de Kyungsan custava cerca de quatro milhões de wons por formando, dependendo do número de pessoas. Para reservá-lo, a comissão deveria fazer um depósito de trinta e cinco milhões.

— Algumas comissões já chegaram a fazer um empréstimo para custear a cerimônia, então também é uma opção, caso a gente não seja escolhido pela Organização Sênior — Yeonjun continuou a conversa, ajeitando os óculos de grau sob o nariz. — Mas também é preciso lembrar que a gente vai pagar três vezes o montante pedido do empréstimo. Não sei se é muito rentável.

Era sábado. Dia de sair, jogar, incomodar Seojun na loja de videogames, qualquer coisa. Mas Choi Beomgyu e Choi Yeonjun estavam na sala da comissão de graduação de Engenharia de Computação, discutindo sobre a proposta que deveriam elaborar.

A reunião informal começou às sete da noite e, de acordo com o celular de Beomgyu, o qual ele ligava a cada cinco minutos na esperança de Huening Kai e Taehyun mandarem uma mensagem exigindo que ele saísse dali, já se passavam das nove.

Como o último tesoureiro não compareceu à reunião da nova comissão, Yeonjun decidiu explicar por conta própria as finanças da equipe. O aspirante a engenheiro tinha ganhado acesso a uma tabela com a movimentação da conta bancária da comissão nos últimos anos, mas havia coisas que iam além de seu conhecimento, como os valores médios para uma formatura, as demandas que a comissão deveria atender com aquele dinheiro e, principalmente, quanto que a comissão deveria investir caso a Organização Sênior de Busan escolhesse sua proposta para o próximo ano.

O barista se virou. Ele segurava um marcador de quadro branco e, até o momento, estava olhando fixamente para os números que escrevia enquanto explicava ao mais novo sobre os cálculos que ele deveria fazer.

— Mas a gente ainda tem o Festival Acadêmico, e, se a gente tiver a mesma margem de lucro do ano... — os olhos de Yeonjun encontraram Beomgyu.

Com a bochecha apoiada numa das mãos, Beomgyu tinha os olhos fechados e a boca entreaberta. A expressão suave indicava que estava dormindo. Talvez não há muito tempo, mas as olheiras escuras e salientes eram sinais claros de que ele estava cansado.

Yeonjun inflou as bochechas, desviando o olhar. As luzes dos corredores do prédio administrativo estavam apagadas e eles pareciam ser os únicos, com exceção do recepcionista e do porteiro, usando aquele espaço.

Ele caminhou em passos leves até Beomgyu, encostando primeiro o calcanhar no chão e depois o resto de seu pé, garantindo que seus tênis não fariam barulho. O mais novo dormia com tranquilidade. Uma das mãos de Yeonjun coçou, como se uma comichão estivesse a impulsionando a afastar os fios de cabelo que caíam sobre o rosto angelical de Beomgyu. Embora estivessem presos num rabo-de-cavalo, os fios da franja do mais novo pareciam rebeldes.

Um pensamento cruzou as sinapses do barista. Choi Beomgyu não só desgostava como parecia ter aversão a qualquer coisa relacionada a Yeonjun. A mão recuou imediatamente, mudando o percurso. Seu dedo indicador cutucou a bochecha direita do mais novo com cautela e gentileza. As pálpebras tremeram. Yeonjun cutucou-o novamente. Dessa vez, Beomgyu abriu os dois olhos, erguendo o corpo com pressa, como se estivesse assustado.

Anonimato • BeomjunWhere stories live. Discover now