A C E R T O D E C O N T A S.

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SENTAR DE FRENTE PARA UM DESCONHECIDO ENQUANTO ele analisa minhas expressões, palavras e comportamentos, nunca foi algo que me deixou realmente muito confortável de se fazer.

Por receber esse tipo de tratamento desde que eu era bem pequena, acabei adquirindo uma aversão significativa contra psicólogos e psiquiatras, porquê cada um deles me tratava como se eu fosse uma espécie de ratinho ao qual estavam prestes a fazer uma fodida experiência. Mesmo com Charlotte foi difícil pra caramba me abrir e contar sobre meus sentimentos, ainda é. Então, sendo sincera, não sei onde é que eu estava com a cabeça quando deixei Shuhua me convencer a fazer isso.

Minha lírios tomou frente de tudo, basicamente. Sua terapeuta recomendou uma conhecida que fazia sessões com casais, então Shuhua não hesitou um só momento quando nos levou até ela. E eu preciso dizer que o choque que causamos na terapeuta assim que Shuhua descarrega tudo sobre nosso relacionamento não é brinquedo não.

Tento me segurar pra não rir, mas a cada vez que a mulher nos olha, com suas orbes saltadas para fora e a boca levemente aberta por Shuhua simplesmente não parar de falar, é meio impossível. Olhinhos conta toda história de uma só vez. Desde como nos conhecemos, a como chegamos aqui. Ela também não faz questão de ocultar sua hipersexualidade, e isso me deixa realmente muito surpresa.

Eu, sinceramente, ainda acho isso tudo uma bela de uma perda de tempo e dinheiro. Nos encontramos com a tal terapeuta toda quinta-feira, e agora a fotógrafa também me obriga a visitar Charlotte mesmo quando digo que estou bem. Olhe, eu sei muito bem o que quero e preciso, não estou nem um pouco afim de algum desconhecido me dizendo o que fazer. Mas parece que Shuhua simplesmente não consegue aceitar isso, que estamos bem.

Então, apenas para fazer suas vontades, eu aceito a acompanhá-la uma vez na semana para a terapeuta de casais.

Tenho diminuído minha aparição em festas, não apenas porquê agora Shuhua e eu oficializamos, mas também porquê não sinto vontade alguma. Soyeon respeita, só que minha equipe de imagem está em fúria comigo. Tento compensar minha falta nas festas com campanhas para marcas famosas, mas nem sempre é o bastante.

Meu namoro com Shuhua não é algo aberto para o público, embora eu queira. Combinamos de ir devagar, que apenas nossa família e amigos ficariam sabendo por enquanto. Foi dessa forma que assumimos o namoro, num jantar com suas mães e meu pai. Ela simplesmente disse tudo de uma vez só, pouco se fodendo para discursos cansativos.

É claro que Louise não gostou nadinha da nossa relação e me ameaçou de todas as formas possíveis, mas eu não poderia me importar menos com o que ela pensa ou deixa de pensar de mim. Era bem simples, na verdade. E, se ela fosse esperta o bastante, deveria saber disso também.

Depois do que aconteceu, Nolan não tentou entrar em contato comigo, o que eu sinceramente agradeci muito. Não sabia onde ele estava e eu não dava uma foda para saber. Eu realmente queria que Nolan fosse para o quinto dos infernos, que me deixasse em paz de uma vez por todas.

Acho que ele entendeu o recado do punho de Miyeon.

Sobre a garota prodígio... Bom, Shuhua não fala sobre ela comigo porquê sabe muito bem que não somos as melhores amigas do mundo. E, ultimamente, nem mesmo Minnie tem feito tanto esforço para me contar sobre a Cho. O que era uma verdadeira surpresa, se eu for sincera. Eu quero que Minnie seja feliz, de verdade eu quero. Mas não tinha tanta certeza se Miyeon poderia proporcionar isso a ela, só que eu nunca me intrometia nesses assuntos porquê eles não dizem respeito à mim, de qualquer forma.

Ao mesmo tempo que as coisas podem evoluir, elas tendem a andar pra trás facilmente também. Eu sabia muito bem antes de me envolver sentimentalmente com Shuhua que as coisas não seriam fáceis como com as outras pessoas. No entanto, eu nunca pensei que seriam complicadas dessa forma.

VERMELHO CEREJA Where stories live. Discover now