N A S C E R D O S O L.

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A PORRA DO MEU CELULAR NÃO PAROU DE TOCAR UM só minuto desde que pisei no México e tudo porquê Kathleen Blue Smith conseguia ser tão bocuda como sua filha, que não hesitou em contar para meu pai onde eu estaria e com quem estaria.

Os dois primeiros dias foram repletos de sermão da parte de Hector e algumas instruções sobre como tratar uma mulher - até parece que ele sabe, nunca vi alguém tão gay na minha vida quanto meu pai - e me fazendo prometer que eu contaria para ele caso as coisas estivessem indo para o caminho errado porquê, aparentemente, meu próprio pai não confia muito em mim quando se trata de relacionamentos. Não vou mentir, eu também não confio em mim.

Eu tive um único namoro em toda minha vida, e essa relação foi tão fodida e me marcou de tantas formas ruins, que eu nem ao menos consigo considerar aquilo como algo real. Então, é, okay, talvez Hector estivesse mesmo certo quando disse que eu tinha pavor de relacionamento e sempre me afastava quando encontrava a mínima possibilidade de algo saudável.

Porém, em minha defesa, eu estou, com toda sinceridade, tentando. Não é algo digno de palmas, eu sei que é a porra do mínimo, mas preciso admitir que ainda é difícil para mim. Sem contar que Shuhua e eu estamos nessa coisa toda não estabelecida, e que sinceramente me deixa um pouco menos assustada do que ter de colocar um rótulo. Estamos juntas, mas sem realmente estar.

É confuso, eu sei, foi que meu pai disse quando tentei explicar que Shuhua e eu não estamos de fato namorando. Mas, de qualquer forma, era sim algo. Quero dizer, eu estava, pela primeira depois de tanto tempo, dando espaço para alguém entrar em minha vida que não fosse Hector, os irmãos Park ou Soyeon. Então vocês precisam me dar um desconto se pareço completamente ruim nisso, é que essa coisa toda é nova pra mim.

Eu percebi que os dias tinham um potencial assustador de passarem como a merda de um borrão quando estava com Shuhua, talvez fosse sua presença leve e companhia gostosa, não sei. E, por favor, não levem para a merda do lado sexual.

É claro que eu estava me corroendo para tocá-la e sei que ela estava da mesma forma. Mas, por alguma razão idiota, decidi concordar com Shuhua que deveríamos reduzir nossos - segundo ela - atos libidinosos, porquê nossa... Relação não poderia ser reduzida à isso. Nem sei porquê concordei, acho que porquê estava entretida demais com o rosto entre suas pernas e disse que sim sem ao menos escutar.

Enfim, os cinco dias que estávamos em Playa Del Carmen estavam sendo difíceis, tanto para mim quanto para ela. Nada de sexo. Ok. Nós vamos conseguir até o final da viagem.

Dividimos nossos dias em rotinas. Sim, rotinas. A porra de uma rotina, cara. Eu nem ao menos preciso dizer que aquilo também havia sido ideia de Shuhua, não é?

Apesar das muitas regras que fui obrigada a aceitar - mesmo depois de algumas discussões porquê nunca gostei que mandassem em mim - eu resolvi que aceitar e fingir estar okay era melhor do que brigar, já que Shuhua é completamente pirada com essa coisa de organização e, consequentemente, estava tentando me fazer surtar também.

Apesar dos pesares, estar ali com Shuhua estava sendo uma das melhores experiências que já tive. Visitamos alguns pontos turísticos da cidade, Shuhua me fez alugar algumas bicicletas e andamos juntas pela tarde e, à noite, fazíamos uma caminhada juntas. E tudo isso porquê eu estava tentando ser boazinha, já que acordamos que uma semana faríamos exatamente tudo o que ela quisesse e, na próxima, seria a minha vez.

Eu mal poderia esperar para mostrar para minha lírios como se vive de verdade.

- Oi, você acordou! - franzi o cenho, coçando os olhos quando encontrei a figura sorridente de Shuhua na cozinha, remexendo em uma massa esquisita com a colher de pau. - Quer me ajudar com isso aqui?

VERMELHO CEREJA Where stories live. Discover now