T H E A G N O L E T T O.

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MEUS PASSOS PARA DENTRO DO ENORME E LUXUOSO PRÉDIO são contados ao que consigo enxergar o medo no rosto das pessoas quando olham para mim. Sendo bastante sincera sobre tudo isso, eu me deliciava de toda atenção e medo que recebia das outras pessoas, mesmo não sendo exatamente necessário. Quero dizer, é claro que eu sei que não sou uma pessoa lá muito fácil de se lidar, mas quem é que disse que estou aqui para mimar um adulto incompetente que não faz seu trabalho direito e ainda espera elogios? Ah, tenha santa paciência!

Eu não sou a pessoa mais doce e sensível do mundo, e posso muito bem ser um pé no saco quando preciso ser, mas também consigo ser alguém maleável quando tenho. Ah, quem é que quero enganar? Eu sou mesmo uma filha da puta com grande parte das pessoas ao meu redor.

E hoje em especial não era um bom dia. Eu quero dizer, nunca é realmente um bom dia quando se é preciso acordar cedo. Mas o grande problema se encontrava na porra do fato de que algum idiota estacionou na minha vaga.

Eu passo pelo corredor onde seria a entrevista com a nova fotógrafa pessoal, já que a antiga era uma completa inútil que não fazia ideia do que estava fazendo e tremia de medo só ao olhar pra mim. Quando alcanço o corredor e enxergo minha assistente - qual é mesmo o nome dessa coisinha? - sinto que meu dia estava prestes a piorar.

- Eu já não disse mil vezes que ninguém além de Soyeon está autorizado a estacionar em minha vaga do prédio? - meu tom de voz é autoritário e não faço questão de deixá-la responder de imeditado. - Não, não sei como vão prevenir que outro idiota estacione sua lata velha em minha vaga, e isso tão pouco me importa! Ah, e diga para Jason que eu não estou interessada em pousar nua para a capa de sua revista. Será que é tão difícil entender isso?

Ela abaixa a cabeça, respondendo bem baixinho;

- Não, senhora.

- Então por quê ainda não saiu da minha frente para dar a notícia para esse rato de cabelos brancos? Estou cercada de incompetência e vocês me mostram isso a cada dia m...-

Assim que piso meus pés na sala, minha voz se perde. Fui alertada por Soyeon que a nova fotógrafa é a filha mais velha de Kathleen Blue Smith, uma grande amiga de meu pai. Não a conheço, mas sei um pouco sobre seu trabalho, pelo menos o que Soyeon tentou me mostrar. Para ser sincera, eu esperava algo bem diferente do que acabo de encontrar aqui. Kathleen foi uma grande modelo em sua época e Louise, sua esposa, é a vice-presidente da Vogue. Então eu posso dizer que isso não condiz com o que eu estava esperando.

É claro que Hector me alertou que deveria ser cuidadosa com a garota pelo motivo óbvio; suas roupas. Mas nunca pensei que estaria diante de um assassinato do bom gosto. E do senso do ridículo também, tenha dó!

A garota se veste mal e parece ter consciência disso. Mas em compensação, seu rosto é como o de uma boneca de porcelana. Eu posso ver isso no momento em que levanta o queixo, deixando que os longos cabelos negros caíam para o lado.

Sua pele é tão branca como a neve e seus cabelos negros como a noite. Eu me surpreendo ao encontrar um rubor em suas bochechas magras. E então, quase que de pronto, me sinto irritada por achar essa criatura bonita. Não apenas bonita, mas atraente.

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