N O L A N V A L L E Y.

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ATENÇÃO: menção a abuso sexual e violência domestica no cap de hoje. nada muito detalhado, mas estejam cientes.

20 anos atrás - Busan, Coreia do Sul.

O CORPINHO PEQUENO E DELICADO BALANÇAVA para frente e para trás enquanto a garotinha observava a pequena luz que entrava pela fresta da porta do guarda-roupa, respirando fundo e devagar. Havia aprendido sozinha depois de um tempo que, quando papai e mamãe tinham visitas em casa, seu dever era manter-se reclusa pois não deveria incomodar os mais velhos.

E a garotinha de seis aninhos aprendera cedo demais, embora não pudesse realmente dizer o que tudo aquilo significava.

Ela apenas sabia que, enquanto as visitas estivessem em sua casa, deveria ficar quietinha naquele pequeno espaço e sair apenas quando os barulhos do lado de fora acabassem.

A menininha passou a pequena mãozinha em seu vestido florido, tampando as orelhas quando o barulho incômodo aumentou. Arfou em pura chateação, sabia que no dia seguinte sua mamãe não estaria ao menos disposta para lhe ouvir sobre a escola.

Se aproximou da fresta da porta, passando seus olhinhos curiosos por toda a extensão do quarto infantil. Seu peito subia e descia, a boquinha entreaberta enquanto pedia para que tudo aquilo acabasse logo. Soojin apenas queria deitar-se em sua caminha e dormir abraçada com Biggles, seu ursinho de pelúcia.

Quando ouviu o barulho da porta se abrindo, Soojin levou as mãozinhas até a boca, afim de impedir-se de soltar qualquer som. Sabia quem estava à porta... Ela apenas sentia-se amedrontada o suficiente para recebê-lo.

Ela levantou a cabeça com cuidado quando ouviu a porta do guarda roupa sendo aberta e a figura sorridente de seu pai lhe tomou. Piscou lentamente, tentando se situar do que acontecia. Normalmente, era um bom pai e lhe cedia a todas às suas vontades... Isto é, quando não estava bêbado.

Soojin sabia o quão agressivo o pai ficava quando bebia, mesmo que, com aquela idade, não soubesse exatamente identificar o que acontecia para deixá-lo mal daquela maneira. E nem porquê ele machucava sua mamãe com tapas, empurrões e socos.

Para sua cabecinha de seis anos, aquilo era uma forma de demonstrar amor.

- Olá, princesa. - Soojin se encolheu no canto do guarda-roupa, encarando a figura do homem com certa hesitação. - Por quê está aí sozinha, heim?

A pequena garotinha esfregou o rosto algumas vezes, dizendo a si mesma que tudo estava bem uma vez que seu papai não estivesse gritando e jogando as coisas para o ar.

- Não queria incomodar, papai. - respondeu baixinho, a voz fininha e aguda tremulando ao que observava o sorriso do homem se expandir.

- Venha, princesa, - estendeu a mão para ela, observando a garota aceitar com certa hesitação. - quero que conheça alguém muito legal.

Havia uma segunda pessoa de pé em frente a sua cama, sorrindo atencioso ao observar a figura da pequena garotinha segurando a mão do pai.

- Essa é a Soojin. - apresentou-lhes. - Princesa, quero que conheça um amigo do papai. Diga oi para o tio Tom.

Soojin se escondeu atrás do homem mais velho, sentia suas bochechas gordinhas esquentando pela atenção recebida. Era uma menininha completamente tímida, visivelmente falando.

- Oi, tio Tom. - cumprimentou envergonhada.

O mais velho sorriu, lambendo os lábios ao se abaixar para ficar na mesma altura que Soojin. Ainda assustada, a coreana se escondeu um pouco mais atrás de seu papai.

VERMELHO CEREJA Where stories live. Discover now