VERMELHO CEREJA

L Í R I O S.

APÓS UMA HORA DE CONVERSA E MUITO SERMÃO vindo de Kathleen, Shuhua e Louise perceberam que era uma completa insanisade continuarem brigadas por algo tão insignificante quanto aquilo.

A modelo aposentada havia conversado com Louise sobre o fato de que Shuhua era uma mulher feita e que por isso ela não poderia continuar se intrometendo na vida da filha daquela maneira, seja em assuntos relacionados ao trabalho ou em sua vida amorosa. E com Shuhua havia levantado o ponto de que sua mãe Louise era extremamente protetora e desconfiada das outras pessoas, então era compreensível que estivesse relutante em deixar Shuhua nas mãos de outras pessoas - o que ainda não deixava de ser extremamente invasivo e até mesmo meio problemático. - Fora então acordado que conversassem sobre aquilo juntas, uma falava o que sentia enquanto a outra escutava e vice-versa.

Embora ainda estivesse magoada com todas as coisas ditas pela mãe, Shuhua havia prometido para Kathleen que pelo menos tentaria uma conversa com a vice-presidente da Vogue, concordava que precisavam se acertar pois eram mãe e filha, logo não fazia sentido que vivessem em pé de guerra por um assunto que poderia e deveria ser resolvido através do diálogo.

Shuhua entra no restaurante movimentado com o queixo erguido, tão pouco notando os olhares e cochichos direcionados para si. Estava pronta para escutar e tentar entender o ponto de sua mãe, como também estaria pronta para outra discussão caso tivesse de fazê-lo.

- Boa tarde. - comentou ao se sentar, mal levando o olhar para Louise, que ergueu a cabeça para encará-la através de seu óculos de grau.

- Você demorou, então pedi para nós duas. - respondeu tranquilamente, afastando o cardápio de seu rosto.

Shuhua a olhou por curtos segundos, respirando pesadamente pelo nariz.

- É claro que você pediu pra mim, mãe. - comentou sarcástica.

Ao perceber o tom da filha, Louise ergueu a sobrancelha para a direção de Shuhua. Estava tentando ser gentil para não começar uma briga desnecessária bem ali, por quê é que Shuhua andava sendo tão rebelde?

- Seja direta em suas respostas, Shuhua. - disse séria. - Se deseja me dizer algo, apenas diga. Não fique resmungando, se faça ser ouvida.

Louise observa a expressão da filha atentamente, esperando para ver se encontra algum sinal de que Shuhua estaria pronta para iniciar uma discussão agora mesmo por algo tão estúpido e banal.

- É estressante que faça isso toda maldita vez que saímos para comer juntas. - a morena resolveu expor seus sentimentos, jogando o cardápio por cima da mesa. - Você nem ao menos sabe se o que eu queria comer é o que você pediu.

Louise franziu as sobrancelhas em confusão.

- Do que é que você está falando, Shuhua Blue Smith? - a mulher cruzou os braços, não compreendendo aquela contradição da filha mais velha. - Sempre que saímos juntas você pede a mesma coisa. Não estou entendendo qual é o problema agora, honestamente.

- O problema não é a comida, mãe! - a mais nova estourou, levantando um pouco sua voz. - O problema não é só a comida. - resolveu se corrigir.

- Não estou entendendo onde quer chegar. - Louise se fez de desentendida.

Os lábios finos de Shuhua repuxaram para cima em um óbvio sinal de irritação.

- É claro que sabe o que quero dizer, mas está fingindo que não porquê quer fugir da merda do assunto. A questão é que não gosto como você tenta controlar a minha vida, tanto em assuntos mínimos como esses, como algo grande e significativo. Eu não quero que a senhora tente me arrumar emprego em nenhuma empresa conectada com a Vogue porquê eu já tenho o meu próprio emprego. Eu não quero que a senhora tente me convencer a me mudar para nenhuma cobertura estúpida em Upper East Side porquê eu gosto de onde eu moro. E pelo amor de todos os deuses, eu não quero e não vou permitir que a senhora se meta na minha vida amorosa dessa forma. A senhora não escolhe com quem eu devo ou não ficar, essa tarefa é minha.