Dramas Palacianos...

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          "Não é justo... O senhor não pode fazer isso comigo!" – reclamou Gideon contrariado. "Eu sou um príncipe! Não devo ser tratado como um reles plebeu..."

          "Você irá começar seu treinamento, meu neto... e fará de tudo para ser o melhor aprendiz!"– respondeu calmamente o Sultão sem se abalar com o chilique do rapaz. "Você já tem mais quinze anos... já devia ter começado seu treinamento, como todos os outros! Um governante deve ser hábil com as palavras e também com a espada. Ou você pensa que será respeitado se não for capaz de usar uma cimitarra para se defender? Nenhum sultão ou príncipe dependeu de guardas para se proteger. Todos eles sempre venceram suas batalhas, sem mandarem que outros lutassem em seu lugar!"

         "Sim, o senhor está certo, meu avô!"– concordou Gideon. "Mas por que eu tenho que me submeter a ser treinado com os outros aprendizes? Não seria mais certo ter um mestre especialmente para meu treinamento individual?"

         "Você treinará com os outros... e aprenderá da forma certa!" – respondeu seu avô, severamente. "Passará os dias na companhia de jovens de diversas origens. Aprenderá a cuidar de seu cavalo e das suas armas. E terá que obedecer aos seus instrutores, sem qualquer regalia ou facilidade! Na verdade, será ainda mais exigido de você, do que de qualquer outro!"

          "Cuidar do meu cavalo... o senhor deve estar brincando?" – espantou-se Gideon. "Não há servos para fazer isso? Eles que façam seu trabalho..."

           "Não dessa vez, meu neto! Você será responsável pelo bem estar de seu cavalo." – disse o Sultão. "Você o alimentará, o escovará e até aprenderá a cuidar de seus cascos... Se você aprender a cuidar de um cavalo, aprenderá a cuidar de um reino!"

          "Essa eu quero ver... meu irmão cuidando de algo que não seja o seu próprio umbigo!" – zombou sua meia-irmã Pacífica. "Coitado do cavalo... Vai morrer em menos de uma semana."

         "Não zombe de seu irmão, princesa!"- advertiu-a o Sultão. "Na verdade, eu também tenho planos para você! Assim como ele, você já passou da hora de começar a aprender a se comportar como uma princesa!"

           "Mas, eu sei me comportar como uma verdadeira princesa!" – defendeu-se a garota. "Sei ser doce e gentil... como convém a uma donzela! Tenho classe e elegância e sei me comportar a mesa!"

          "Não tenho dúvidas quanto a isso..." – concordou o Sultão. "Como também tenho plena certeza que você só sabe mandar e exigir ser atendida prontamente. Você não conhece nada sobre gentileza, respeito e principalmente, cooperação! Por esse motivo, passará os próximos meses no harém, junto com as outras garotas! Irá aprender a ser uma jovem prendada... e terá as mesmas aulas que as outras. E obedecerá à Sultana!"

        "Ficar no harém? Eu sou uma princesa... não posso me misturar com gente inferior!" – reclamou a garota horrorizada com a idéia. "Se ao menos fossem jovens de famílias reais..."

           "Não terá a companhia de outras princesas, minha neta..." – respondeu o Sultão. "Conviverá com jovens de famílias mais humildes. Aprenderá a ser gentil e agradecer a tudo que receber. Precisa conhecer a realidade do lado de fora destes muros..."

         "Senhor Sultão, meu marido, eu mesma supervisionarei a mudança da princesa para as dependências do harém!" – disse a Sultana suavemente. "Já mandei as cartas de apresentação para as primeiras garotas... São cerca de dez! Todas com idades entre doze e quinze anos! Elas devem começar a chegar a partir de amanhã..."

         "Você é uma mulher admirável, minha doce Roxelanna!" – respondeu o Sultão sorrindo carinhoso para ela. "Sei que cuidará bem das garotas... e qualquer pedido referente ao harém, peça para o Vizir providenciar! Ele tem ordens para lhe atender prontamente!"

O Menino e o Gênio DouradoWhere stories live. Discover now