O Menino e o Gênio Dourado

Hora de Dormir...

          "E então, a menina desejou que nunca faltasse comida em sua casa para que seus irmãos não precisassem mais pedir esmolas nas ruas para comprar o que comer. E o gênio atendeu o seu pedido... Depois disso, eles viveram felizes e sempre havia comida, até mesmo para oferecer a algum mendigo faminto. E aquela pequena casa se tornou um porto seguro para qualquer um que sentisse fome..." – completou a mulher ao terminar de ler.

           "Puxa, que história bonita, vovó Sharon!" – Exclamou o menino deitado. "Essa menina foi muito generosa em pedir algo para ajudar os outros!"

          "Eu teria pedido muitas roupas bonitas... E um lindo palácio de ouro com pedras preciosas!"- respondeu sua irmã, na outra cama.

          "Bem, meus pequenos... ambos os desejos são bons!" – disse a mulher mais velha, amorosamente. "Essa história ensina que devemos ter cuidado com o que desejamos... Um pedido pode ser bom ou ruim! Tudo depende de como é feito!"

           "E o gênio, vovó? O que aconteceu com ele?" – indagou o garoto, Dipper, curioso.

           "Ele já havia atendido aos três desejos da menina. Então, ele desapareceu e ficou aguardando um novo amo. E a sua espera poderia ser breve ou longa... Esse é o destino dos gênios! Eles atendem aos pedidos de seus amos e depois voltam para aguardar outros mestres!" – explicou ela, fechando o livro de histórias.

            "Eu queria encontrar um gênio..." – suspirou a garota, Mabel, sonhadora. "Eu iria pedir tanta coisa... seria preciso mais que apenas três desejos!"

            "Eu também..." – concordou seu irmão. "E a primeira coisa que eu iria pedir seria que tivô Stan não precisasse mais atravessar o deserto para chegar até o centro comercial em Madara! Assim, ele não ficaria tanto tempo longe de nós!"

            "Eu sei que vocês sentem a falta dele! Eu também sinto... Mas é necessário!" – consolou-os vovó Sharon. "Alguém precisa levar as tâmaras até o mercado mais próximo. E o nosso sultão confia muito em seu tio-avô! É uma grande honra e uma grande responsabilidade!"

           "Vovó Sharon, quando o tivô Stan vai voltar? Faz mais de três semanas que ele partiu!" – indagou Dipper bocejando e tentando permanecer acordado.

           "Logo, logo, meus amores!" – respondeu ela beijado cada um na testa. "Ele voltará e ficará feliz em reencontrar vocês!" – Então, pegou a lâmpada e saiu devagar. "Boa noite, pequeninos e tenham bons sonhos!"

         "Boa noite, vovó Sharon!" – responderam as duas crianças em coro.

         Ela fechou a porta com cuidado e foi para a cozinha. Deixou o livro sobre um aparador e começou a lavar os pratos e limpar tudo, antes de finalmente poder dormir. Enquanto enxugava a louça, pensou em seu irmão Stanley. Ele era um dos poucos homens que tinham coragem de enfrentar a perigosa travessia do deserto até Madara. Aliás, ele fora quem abrira essa rota de comércio, há mais de vinte anos. E essa proeza lhe custara muito caro...

         Ela enxugou uma lágrima furtiva ao lembrar que o deserto não apenas lhe tirara seu marido como também levara sua amada filha e mãe de seus netos. E também seu irmão Stanford... Três membros da família perdidos para as areias escaldantes do deserto. 

        Embora ela ainda tivesse uma pequena esperança de que seu irmão Stanford ainda estivesse vivo... E a cada retorno de Stanley, ela indagava se havia alguma notícia de seu irmão perdido!

          A família Pines sempre viveu  no oásis de Gravity Falls... E seus homens eram mercadores por vocação! O primeiro mercador a chegar ao oásis fora um antepassado do atual chefe da família. E assim durante várias gerações, seus filhos e netos dedicaram-se a levar e buscar mercadorias nos mercados próximos.