88° ANDAR (Jikook)

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Tirei uns segundos para analisar meu próprio corpo, notando que eu estava em uma espécie de leito hospitalar. Puseram em mim uma roupa verde clara, havia um curativo próximo ao meu ombro direito, com uns fios ligados a um monte de medicações ao meu lado, tinha uma espécie de sonda no meu nariz, e uns eletrodos presos em adesivos no meu peito. E o pior, um tubo na minha boca.

ㅡ Não fique com medo Kook, você está bem. Eu vou chamar a médica que está cuidando de você. ㅡ Jae fez menção de sair, mas apertei sua mão mais forte, já que não conseguia falar, aquilo estava me agoniando.

Pessoas com roupas azuis, usando máscaras, passavam de um lado para o outro, pelo corredor que eu via através das janelas transparentes do quarto onde eu estava. Senti meu coração disparar de medo, por estar ali, sem entender nada.

Jae acenou para uma mulher que nos observava de longe, e ela começou a se aproximar. Era uma loira de olhos bem puxados. Abriu as portas, caminhou até ficar ao lado do meu leito, e sorriu para mim.

ㅡ Boa tarde, Jeon Jungkook. Você sabe onde está? ㅡ perguntou e eu balancei minimamente a cabeça. ㅡ Essa é a UTI do hospital Wooridul Spine, em Gangnam-gu. Você está aqui há quinze dias, passou por uma cirurgia no peito, meu nome é Kang Lina, e eu estou te acompanhando junto com a equipe.

Quinze dias? Cirurgia no peito? Comecei a lembrar do que tinha acontecido. Do Jae se explicando na sua sala, do meu pai acusando-o, das armas, do tiro, do meu pai atirando em mim. Lágrimas escorreram em meu rosto, e eu nem podia falar nada. Me desesperei por não saber o que estava acontecendo e o que tinha acontecido nesses quinze dias, e comecei a me agitar, com lembranças daquele dia horrível voltando à minha mente.

ㅡ Fique quietinho, meu céu, está tudo bem agora. ㅡ Jimin olhou para o monitor ao meu lado, enquanto tentava me acalmar.

ㅡ Vocês podem me deixar um pouco sozinha com ele? ㅡ A médica loira pediu. ㅡ Assim que der o horário da próxima visita, eu libero vocês. Preciso examinar ele.

ㅡ Tudo bem, nós vamos avisar a Nara. ㅡ Jae soltou minha mão, alisou minha perna. ㅡ Fica tranquilo kook, depois nós voltamos.

ㅡ Não vamos sair daqui de perto. ㅡ Jimin beijou minha testa.

Eles saíram do quarto, e eu sabia que a médica queria falar comigo, mas não consegui relaxar. Ela pedia continuamente calma enquanto encostava seu estetoscópio em mim.

ㅡ Jungkook, hoje você vai receber a visita de vários profissionais: Fisioterapeuta, cirurgião, enfermeira, técnico, fonoaudiólogo. Estamos todos com você, não chore querido.ㅡ Seu pedido apenas desencadeou um choro ainda mais forte, porque eu não queria a visita de nenhum profissional, queria a de alguém que eu conhecesse. ㅡ Acho que eu vou chamar o psicólogo também.

Minha cabeça já latejava. Eu sabia que era por causa da minha agitação, e por mais que eu quisesse respostas o mais rápido possível, meu lado racional dizia que a única opção era me acalmar. Tentei prestar atenção no que a médica constantemente tentava me pedir, pisquei demoradamente, e ela pôs sua mão sobre a minha, parecendo se compadecer.

ㅡ Sua mãe está lá fora, o Jae, o Jimin, seu outro amigo… mas você precisa estar calmo pra receber visitas, querido. ㅡ Eu confirmei com a cabeça, e voltei a apoiá-la sobre o travesseiro.

Levantei minha mão com muita dificuldade, e a levei até o pequeno curativo que eu tinha no ombro, somente para sentir o que era aquilo. Depois, tentei sentir cada intervenção que fizeram em mim, como um curativo na costela, o tubo. A médica percebeu a minha estranheza.

ㅡ Seu pulmão foi machucado, e entrou sangue nele, mas nós já resolvemos isso. ㅡ Voltei minha atenção para ela, e toquei no tubo novamente, querendo uma explicação sobre isso também. Minha garganta incomodava, e eu estava com muita sede. ㅡ Jungkook, foi preciso fazer uma intubação pra você respirar direitinho, mas estávamos só esperando você acordar pra fazer um teste e ver se consegue respirar sem o respirador. A sua medicação está correndo por esse acesso central aí embaixo da sua clavícula, e essa sonda no seu nariz é pra você se alimentar. Por favor, não puxe nada e vai ficar tudo bem.